São Paulo - A reação do valor do dólar na manhã seguinte à vitória e reeleição da Presidente Dilma Rousseff já era mais do que esperada. Poucos instantes após a abertura da Bovespa em São Paulo, a cotação subiu mais de 3%, disparando além do teto de R$ 2,50 anteriormente considerado estável. A primeira reação levou até alturas de R$ 2,54, antes da cotação se acalmar na faixa de R$ 2,52. Com isso, a queda surpreendente do dólar americano de sexta-feira, quando os investidores viram sinais de melhoria nas chances do candidato tucano Aécio Neves, deu uma volta de 180 graus.
A grande oscilação da cotação do dólar das últimas semanas não tem previsão de fim. O mercado financeiro continuará especulando enquanto a formação do novo governo não tiver completada e as dúvidas sobre o desempenho futuro da economia brasileira não estiverem esclarecidas. A reta final do ano 2014 deverá servir como fase de orientação caso não haja importantes reviravoltas em qualquer um dos dois aspectos.
Especialistas esperavam o valor do dólar entre R$ 2,40 e R$ 2,50 para este período de ajuste no caso da reeleição da Presidente. Portanto, o patamar superior precisa ser ajustado para R$ 2,60 agora e a incerteza para todos os jogadores do mercado somente aumenta. Será uma das primeiras tarefas da antiga e nova Presidente de definir os papéis importantes em termos do mercado internacional para o próximo mandato. Mudanças na posição do ministro da Fazenda e na liderança do Banco Central são esperadas.
Enquanto isso, a desvalorização do Real não se dá apenas frente ao dólar mas da mesma forma a todas as outras moedas importantes. O gráfico da cotação do dólar das últimas semanas parece um print dos do Euro, da Libra Esterlina e do Franco Suíço. Para converter e comparar as moedas clique
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Apesar das declarações do ainda ministro da Fazenda Guido Mantega, de que os problemas se resumem ao cenário internacional, as cotações das fortes moedas remetem uma outra realidade e expõem as deficiências internas. O novo governo precisa encontrar as respostas certas para trazer mais segurança ao planejamento das empresas brasileiras que atuam nas áreas de exportação e importação.
Embora a depreciação do valor do dólar favoreça as exportadoras domésticas, não pode ser no interesse das mesmas empresas de ter que calcular com câmbio instável e volátil. Volatilidade significa incerteza que tipicamente dificulta os processos de decisão e atrasa investimentos na economia real e, no caso da exportação, a criação de empregos que poderiam contribuir à saída das baixas taxas de crescimento atuais.
Os consumidores podem sentir os efeitos mais imediatamente. Como muito produtos de consumo compradas no Natal são importados, pode-se contar um leve aumento no preço final qual poderá ser sentido no bolso de cada brasileiro. Os turistas com viagens programadas para o exterior até fim do ano precisam ter cuidado para não saírem prejudicados financeiramente. Não é recomendado trocar grandes quantidades de qualquer moeda de uma só vez, mas sim em pequenas parcelas porque somente uma coisa está certa: o valor do dólar permanece em fluxo depois desta eleição.
(Foto: Marcos Santos/USP Imagens)
