Mônica Parreira
Goiânia – Candidato a deputado federal pelo Democratas, José Mário Schreiner vê no sistema burocrático do Brasil "a raiz da corrupção". Em visita ao jornal A Redação na manhã desta sexta-feira (10/8), o produtor rural disse que somente uma série de reformas, nas mais diversas áreas, pode “colocar o país nos trilhos”. A principal, conforme ressaltou, é a reforma política. “O processo eleitoral, ao lado da burocracia, sustenta a corrupção. A sociedade clama por mudanças”, opinou.
José Mário defende a convocação de uma Assembleia Constituinte para moldar a reforma política. “É preciso discutir toda estrutura do Executivo, inclusive a questão da reeleição e dos cargos comissionados. E será que são mesmo necessários 513 deputados e 81 senadores? E 35 partidos?”, questionou ao sugerir que o modelo estrutural vigente no país atende aos interesses partidários. “Quem paga a conta é a sociedade”.
“Vivemos o processo de uma minirreforma, mas precisamos de algo mais profundo. Na minha visão, e segundo as pessoas que tenho conversado, é essencial que a gente possa diminuir o tamanho do Estado, enxugar a máquina. Isso vai fazer sobrar mais recursos para investimentos na Saúde, na Educação, Segurança e Infraestrutura, por exemplo”.
Sobre o outro “pilar da corrupção”, José Mário defende o princípio de que o Estado precisa ser desburocratizado. “O Brasil tem a máquina burocrática mais perfeita do mundo. É o melhor modelo arrecadatório e tributário do planeta. Hoje quem está empreendendo, seja no campo ou na cidade, está sufocado pela carga tributária, que chega a quase 40% do PIB, em função da burocracia”, comentou.
(Foto: Letícia Coqueiro/A Redação)
Para o Democrata, o setor privado é visto como “inimigo” do Estado e isso, segundo ele, desestimula o empreendedorismo, contribuindo com o desemprego. “O Estado precisa ser facilitador, até porque é o empreendedor quem vai gerar empregos”, disse ao exemplificar: “Quando há processos que duram até 10 anos, por exemplo. Se no meio do caminho houver uma conversa mais de ‘pé de orelha’, esse processo pode antecipar ou demorar mais. A burocracia dá chance à corrupção”.
Agropecuária
Presidente licenciado da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), José Mário também falou, durante entrevista ao AR, dos projetos que defende para a agropecuária. Para ele, o Brasil precisa mudar a forma de enxergar o setor e se inspirar em modelos de gestão que “deram certo”. “Os americanos fazem bem isso. O que é bom para a América, eles fazem”.
“Temos de unificar o nosso país e mostrar, por exemplo, que se é bom para o agricultor, é bom para a cidade e para a sociedade. Somos o maior produtor de alimentos do mundo. Vejo, muitas vezes, temas polêmicos que não levam a nada e só prejudicam o Brasil. Agora mesmo a gente vê São Paulo querendo proibir a exportação de gado vivo. Se a nossa especialidade é produzir gado, vamos vender para quem quiser comprar nossa mercadoria”.
José Mário disse que em 40 anos o Brasil passou da condição de importador para produtor e exportador de alimentos. “Desenvolvemos tecnologia dentro do nosso próprio país. É dado o momento de valorizar quem tem valor, mas claro, com o devido cuidado. Para isso temos os órgãos de controle, e até o Congresso tem sua responsabilidade nisso”.
Cara nova na política
Diante de um cenário tão desgastado, José Mário acredita que novos nomes podem oxigenar a política e dar forma às mudanças que a sociedade busca. “Recebi um chamado e seria muito simples falar que não me envolveria. Mas como virar as costas para o meu país num momento como esse? Seria, no mínimo, um ato de covardia. Vamos entrar para o processo, só assim podemos buscar novos rumos para o país”, disse.
O Democrata afirmou que espera utilizar experiências que adquiriu na iniciativa privada, e em diversas entidades do segmento ruralista, para propor novas ideias e projetos. “Como brasileiro, me sinto responsável por doar toda essa experiência que adquiri ao longo dos anos, essa será minha contribuição ao lado do senador Ronaldo Caiado (DEM), que também apresenta novos projetos para Goiás. Nosso Estado vive o mesmo modelo há 20 anos, e isso causa fadiga. Temos que buscar renovação”.