A Redação
Goiânia - No dia 14 de outubro de 2014, a Polícia Civil de Goiás prendia o serial killer Tiago Henrique Gomes da Rocha. Quatro anos depois o ex-vigilante segue preso no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia e ainda responde a processos envolvendo homicídios. Ele já foi condenado em 30 julgamentos e as penas somam mais de 600 anos de prisão.
Coordenador da força-tarefa responsável por capturar o assassino em série, o delegado Deusny Aparecido, superintendente de Polícia Judiciária à época, revelou em entrevista detalhes importantes e momentos marcantes da operação. De acordo com ele, o trabalho foi um "divisor de águas não somente para a Polícia Civil de Goiás, mas para todas as polícias judiciárias do país". Segundo ele, a polícia tem evoluído e aprimorado suas ações.
"À época, é bom lembrar que nada indicava se tratar de uma só pessoa, ou da ação de um seial killer. O que existia eram indícios. Por isso, foi criada a força-tarefa, que envolveu outros policiais de outras unidades da Polícia Civil, que não apenas aqueles da Delegacia de Homicídios. Percebemos a necessidade de haver uma estrutura maior e que nos possibilitasse analisar e trabalhar aqueles casos especificamente, para que pudéssemos chegar a uma solução", contou sobre a investigação.
Deusny lembra que a força-tarefa criou forma a partir de 2 de agosto de 2014, quando a adolescente Ana Lídia foi assassinada em Goiânia. "Ao conversar com os familiares da jovem, ficamos muito comovidos. A partir daquele instante, a nossa percepção foi de que precisávamos de algo a mais, sentimos que a Polícia Civil tinha que dar uma resposta à altura para aquele lamentável crime. Então, dois dias depois, já iniciamos o dia com a missão estabelecida de formar a força-tarefa para a resolução de todos esses casos".
Foram convocadas 70 pessoas, entre eles 16 delegados, 30 agentes de polícia, 20 escrivães e quatro papiloscopistas. "Nosso sentimento é mais o de dever cumprido. Unimos as forças em nome de um objetivo único, que era fazer cessar aquele número de homicídios", comentou ao ser questionado sobre a investigação ter servido como modelo para toda polícia do Brasil.
A sensação, segundo o delegado, era de que a força-tarefa corria contra o tempo. "Felizmente, da formação da força-tarefa até a prisão do Tiago, no dia 14 de outubro, não ocorreram mais homicídios. Mas, do dia 11 para o dia 12 de outubro, ou seja, um final de semana antes da prisão, ocorreu uma tentativa de homicídio de autoria dele no Jardim América. Esse fato foi muito marcante porque, quando ele acionou o gatilho no peito da jovem, ela não disparou", relatou.
"Na segunda-feira, dia 13, esse fato fez com que tomássemos a decisão de realmente tomar as providências para prender o serial killer, porque já tínhamos reunido muitos elementos de informação que poderiam possibilitar a sua captura. Já tínhamos tudo sobre ele, menos a identificação".
Deusny ainda falou sobre o revezamento de equipes, 24 horas por dia, na tentativa de capturar o suspeito. E como foi o dia 14 de outubro. "Cerca de 20 minutos após a saída das equipes, um agente da equipe perspicaz das operações de inteligência me liga e diz: 'Deusny, estamos com o homem na mão'. Era a realização de um trabalho conjunto que deu um resultado positivo para todos os que estavam ali. Foi uma vitória de todos, inclusive, das famílias das vítimas que clamavam por justiça". (Com PC-GO)