Membros e ex-membros da atual gestão da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção de Goiás (OAB-GO), divulgaram, nesta quinta-feira (25), o “Manifesto do Rompimento”, documento no qual esclarecem os motivos pelos quais romperam com o presidente da instituição, Lúcio Flávio Siqueira de Paiva, mesmo tendo integrado a chapa e participado ativamente da campanha em seu favor, em 2015, quando foram eleitos.
Os 19 advogados que assinam o documento – a maioria deles formada por grandes lideranças cuja relevância e influência na política classista da Ordem foi grande diferencial na campanha de Lúcio – integram hoje o Movimento Nova Ordem, liderado pelo advogado e pré-candidato Pedro Paulo de Medeiros e afirmam que decidiram apoiá-lo por perceberem, nele, um profundo traço de lisura e comprometimento, bem como em razão de suas principais metas, verdadeiramente voltadas para o melhor interesse da advocacia goiana.
Segundo eles, a gestão de Lúcio Flávio se revelou nada transparente, autoritária e completamente divorciada do que se propôs a fazer na época da campanha, fatos que os levaram a não optar pela “zona de conforto” e tornar público o racha e suas motivações.
Confira abaixo a íntegra do manifesta:
OAB-GO: o pouco que mudou, mudou para pior
“Nós, conselheiro federal, conselheiros seccionais e diretor da Casag que assinamos este manifesto, anunciamos, publicamente, que estamos rompidos com a gestão do presidente Lúcio Flávio Siqueira de Paiva na OAB-GO. Continuamos nos cargos para os quais fomos eleitos por um compromisso com quem nos confiou seu voto, mas deixamos claro que não concordamos com os métodos e práticas do atual representante da advocacia no estado. O pouco que Lúcio Flávio mudou na OAB, mudou para pior.
Não fomos nós que rompemos com o presidente da OAB-GO, mas sim ele que rompeu com os compromissos feitos durante a sua campanha. Pensando apenas nele mesmo, Lúcio Flávio transformou um belo projeto político de valorização de nossa classe em um mero plano de promoção pessoal e um desastre administrativo.
Eleito prometendo transparência, o presidente transformou a OAB-GO em uma caixa-preta em que nem nós, membros da gestão, sabemos o que realmente acontece. Quem se arriscou a questionar as atitudes e quebras de promessas, conheceu o lado obscuro de Lúcio Flávio, que destituiu inúmeros membros de comissões na calada da noite – via motoboy, mostrando a falta de espírito democrático que só agora sabemos ser característica do presidente.
Os jovens viram as promessas de acabar com a cláusula de barreira de cinco anos e instituir o piso salarial serem não só abandonadas, mas também repelidas pelo presidente. As mulheres, por sua vez, assistiram incrédulas ao esvaziamento da Comissão da Mulher Advogada, atitude clara de quem quer ver as advogadas sub-representadas.
O compromisso de eleição direta para compor o quinto constitucional do Tribunal de Justiça de Goiás ficou só no discurso. Na hora de seguir a carta-programa de sua campanha, o presidente se acovardou e manteve a escolha pelo voto apenas dos conselheiros seccionais, decepcionando novamente a advocacia.
A mesma atitude ocorreu em relação às subseções, que ouviram do presidente que teriam autonomia financeira e política. Na prática, porém, elas estão subjugadas, sem poder indicar nem o delegado à Casag e à ESA, por exemplo.
A Casag, aliás, é outro motivo de preocupação, já que há sigilo absoluto por parte do presidente em relação às contas da entidade. A única notícia que temos é que sai dela o dinheiro para os gastos milionários com publicidade, deixando alarmados todos que se preocupam verdadeiramente com a Ordem. Mais uma vez, a tão prometida transparência só existiu enquanto durou a campanha eleitoral classista.
Diante de tantos de tantos compromissos quebrados com a advocacia, chega um momento em que o silêncio é traição. Assinamos este manifesto com a intenção de alertar toda a sociedade para o caminho errado em que a OAB-GO se encontra atualmente. A hora de corrigir a rota é agora, pois, caso essa situação permaneça, nós, advogados e advogadas de Goiás, continuaremos desvalorizados e desrespeitados”.
Assinam o documento o conselheiro federal da OAB-GO, Leon Deniz Bueno da Cruz; a ex-presidente da Comissão da Mulher Advogada, Manoela Gonçalves Silva; o ex-presidente da Comissão de Direitos e Prerrogativas, Bruno Aurélio Rodrigues da Silva Pena; ex-secretário da Comissão do Advogado Publicista, Wesley Barbosa Borges; vice-presidente da Comissão de Direito Tributário, Júlio Anderson; diretor adjunto da Casag, Helvécio Costa de Oliveira e os conselheiros seccionais André Luis Cortês de Souza, Carla Zannini, Danúbio Cardoso Remy, Eliane Ferreira Pedrosa de Araújo Rocha, Fabrício Rocha Abrão, Leandro de Oliveira Bastos, Marlene Moreira Farinha Lemos, Milena Maurício Moura, Raphael Rodrigues de Avila Pinheiro, Ricardo Gonçalez, Sérgio Murilo Inocente Messias, Viviany Souza Fernandes e Waldemir Malaquias da Silva.
