Gabriela Louredo
Goiânia - O jornal A Redação faz uma homenagem, nesta sexta-feira (8 de março - Dia Internacional da Mulher), a dez mulheres que fizeram história em Goiás, tendo prestado relevantes contribuições em diversas áreas como Artes, Ciência, Justiça e Literatura. Entre elas, seis já morreram.
De acordo com o historiador Wolney Unes, que auxiliou na seleção dos nomes, algumas são pioneiras e fizeram grandes feitos, mas ainda são pouco conhecidas pela maioria da sociedade goiana.
"São pioneiras de mais de 100 anos, cujo trabalho foi imprescindível naquele momento. A gente fica, às vezes, insistindo em poucos nomes e comete algumas injustiças, porque são tantas mulheres fascinantes que são tão grandes quanto aquelas que a gente lembra sempre", comenta.
Segundo Wolney, as homenageadas pelo AR atuaram em segmentos até então tradicionalmente ocupados por homens e tiveram de desbravar seus caminhos, permeados por obstáculos, para realizar seus feitos. "No momento em que desbravaram suas áreas, mostraram para outras mulheres que existia essa possibilidade", ressalta.
O jornal A Redação parabeniza todas as mulheres pelo seu dia!
Veja abaixo a relação das mulheres goianas de destaque:
Benedita Cypriano Gomes (Santa Dica 13/4/1909 - 9/11/1970)
Benedita Cypriano Gomes nasceu em 13 de abril de 1909, na zona rural de Pirenópolis.
A fama de santa milagrosa de Dica espalhou-se na região, atraindo romarias de fervorosos. Dica liderava legiões de adoradores e, em torno de sua casa, formou-se uma comunidade. Ela fazia curas, pregava a igualdade, abolição de impostos e a distribuição de terras. A prisão de Dica, em 1925, durou 6 meses. Em seguida, ingressou na política e foi cabo do Exército. Em 1928, casou com o jornalista carioca Mário Mendes, eleito prefeito de Pirenópolis em 1934. Tiveram cinco filhos e adotaram mais dois.
O exército comandado por ela, dos "pés com palha e pés sem palha", participou da Revolução Constitucionalista de 1932 indo guerrear, com 150 homens, em São Paulo, de onde voltou sem nenhuma baixa, resultado atribuído aos milagres da santa. Dica também enfrentou a Coluna Prestes, impedindo que ela ingressasse no Triângulo Mineiro. Santa Dica morreu aos 9 de novembro de 1970, em Goiânia, e foi sepultada em Lagolândia, povoado de Pirenópolis.
Floracy Alves Pinheiro (5/6/1922 - 9/4/2002)
Natural de Orizona, Cici Pinheiro, como era mais conhecida, foi uma atriz goiana, que desbravou o mundo das artes cênicas. Nos palcos, a estreia ocorreu em 1949, com a peça Vila Rica, da Agremiação Goiana de Teatro, em Goiânia. Em 1951, produziu a primeira radionovela goiana - Era Uma Senhora Mais Brilhante que o Sol, mesclando história e elementos de religiosidade do Brasil.
Em 1952, encenou uma peça de Nelson Rodrigues no Teleteatro da TV Tupi, em São Paulo. Em 1965, encarou o desafio de produzir televisão ao vivo em Goiás, sendo autora da primeira telenovela goiana - A Família Brodie, pela Tv Anhanguera. Cici também deu sua contribuição ao cinema. Morreu no dia 9 de abril de 2002.
Goiandira Ayres do Couto (12/9/2015 - 22/08/2011)
Nasceu em Catalão, em 12 de setembro de 1915 e morreu em 22 de agosto de 2011. Goiandira foi artista plástica. Era prima da poetisa Cora Coralina e, aos seis anos, mudou-se para a cidade de Goiás. Goiandira também foi professora de Língua Portuguesa, História, Desenho, Artes, Danças e Etiqueta.
A pintura de Goiandira teve duas fases: a fase do óleo (1933-1967) e a fase da pintura com areia. Aos 52 anos, ela começou a pintar com as areias de pedras trituradas da Serra Dourada, técnica exclusiva que a fez ganhar fama internacional. Seus quadros podem ser encontrados na sede da ONU, em museus e em coleções de arte nacionais e internacionais.
Leodegária de Jesus (8/8/1889 - 12/7/1978)
Leodegária de Jesus nasceu em Caldas Novas (GO), em 8 de agosto de 1889, mas se mudou para Jataí em 1891. Estudou no Colégio Santana, de Goiás Velho. Leodegária colaborou com a imprensa, passando por outros estados como Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro e Amazonas. Sua poesia intitulada “Voo cego” chegou a ser reproduzida e comentada por Joaquim Osório Duque Estrada. Ela foi uma das redatoras do jornal “A Rosa” ao lado de Cora Coralina, em 1907. Morreu em Belo Horizonte (MG), em 12 de julho de 1978. Algumas de suas obras são: Orquídias (1928), Coroa de lírios (1906).
Priscila Barbosa da Silva (1908 - 2006)
Na década de 1930, Priscila Barbosa da Silva foi pioneira no ramo da fotografia em Goiás. Aprendeu o ofício graças ao marido, o fotógrafo ambulante Jaulino Marques, que perdeu a visão precocemente. Ela revendia produtos fotográficos, como papéis, filmes e químicos para cópia e ampliação. Após três anos em Anápolis, em 1937, mudou-se para Goiânia, com Jaulino já completamente cego. O casal e as duas filhas moravam em Campinas.
Priscila montou em casa um laboratório para revelação e ampliação de fotos. Ela trabalhou para Iris Rezende, então candidato a prefeito, produzindo fotos no formato 3x4 para documentos de seus eleitores. Priscila morreu em 2006, aos 98 anos. O pequeno acervo de fotografias de Priscila pode ser encontrado no Museu da Imagem e do Som de Goiás (MIS-GO).
Rosarita Fleury (27/10/1913 - 14/3/1993)
Natural da cidade de Goiás, Rosarita Fleury nasceu em 27 de outubro de 1913. Filha de Heitor Moraes Fleury, primeiro Juiz de Direito de Goiânia, ela foi pioneira na Literatura. Estudou piano, pintura e trabalhos manuais, além de fazer cursos de secretariado, contabilidade, filosofia e extensão musical. Poetisa, escritora e biógrafa, foi a idealizadora da Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás (Aflag) e sua co-fundadora, ao lado de Ana Braga e Nelly Alves de Almeida. Pertenceu à Associação Goiana de Imprensa, à Academia Goiana de Letras, à União Brasileira dos Escritores - Seção de Goiás, à Academia Trindadense de Letras, Ciências e Artes e ao Instituto Histórico e Geográfico de Goiás, onde é Patrona da Cadeira nº 48. Recebeu o título de Cidadã Goianiense, na década de 70. Rosarita morreu em Goiânia, em 14 de março de 1993.
Salma Saddi
Salma Saddi Waress de Paiva nasceu em 28 de abril de 1960 e é formada em História. Atualmente, é superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Goiás.
Salma é servidora do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) há 39 anos, atuando nos últimos dez anos como Superintendente do Instituto em Goiás. É graduada e licenciada em História, pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e iniciou sua carreira na área de Patrimônio Cultural ainda muito jovem.
Participou da montagem do Dossiê que levou ao reconhecimento da cidade de Goiás como Patrimônio Mundial pela Unesco, em 2001; e foi, então, convidada a compor o Conselho Internacional dos Monumentos e Sítios (Icomos). Durante sua gestão à frente do Iphan em Goiás também destaca-se a execução do PAC Cidades Históricas em Goiânia e na cidade de Goiás, sendo esta a primeira de todo o Brasil a concluir todas as obras do programa. Coordenou a equipe do processo de tombamento do Conjunto Art Déco de Goiânia, participando também dos processos de tombamento de diversos núcleos históricos nos estados de Goiás, Tocantins e Mato Grosso.

Celina Turchi
Celina Maria Turchi Martelli nasceu em 1952, na cidade de Goiás. É uma médica e cientista especializada em epidemiologias das doenças infecciosas. Formada em Medicina pela Universidade Federal de Goiás (UFG), é atualmente pesquisadora da Fundação Osvaldo Cruz, em Pernambuco. A cientista goiana é mestre em epidemiologia pela Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres e doutora em saúde pública pela Universidade de São Paulo (USP).
Celina recebeu vários prêmios como a Honra ao Mérito (1994), concedida pela Academia Goiana de Medicina; Destaque na área de Saúde (2003), concedido pela Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia e a Comenda da Ordem do Mérito Anhanguera (2007), concedida pelo Governo do Estado de Goiás. Em 2016, Celina foi incluída na lista dos dez cientistas mais importantes do mundo, por ter sido uma das pioneiras nos estudos das deformações causadas em recém-nascidos (microcefalia) pelo zika vírus. É membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC).

Laurita Vaz - Ministra do STJ
Laurita Hilário Vaz nasceu no município de Anicuns, em 21 de outubro de 1948. Formou-se em Direito em 1976 pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), onde se especializou em Direito Penal e Direito Agrário. Foi promotora de Justiça do Ministério Público do Estado de Goiás entre 1978 e 1984, quando ingressou no Ministério Público Federal como procuradora da República. Foi promovida a procuradora regional em 1997 e a subprocuradora-geral da República em 2000. Foi membro do Conselho Penitenciário do Distrito Federal entre 1986 e 1998, presidindo-o de 1995 a 1997.
Em 2001, foi nomeada ministra do Superior Tribunal de Justiça pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, em vaga destinada a membro do Ministério Público, após indicação em lista sêxtupla por seus pares do MP e em lista tríplice pelos membros do próprio tribunal. Tomou posse em 26 de junho de 2001. Integrou o Tribunal Superior Eleitoral de 2011 a 2014. Foi professora do Instituto de Educação Superior de Brasília (Iesb) e do Centro Universitário de Brasília (UniCEUB), onde lecionou direito processual penal.Recebeu do IESB o título de doutora honoris causa em 2017. Foi a primeira mulher a ocupar a presidência do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Raquel Dodge - Procuradora-Geral da República
Raquel Elias Ferreira Dodge nasceu em Morrinhos, no dia 26 de julho de 1961. Raquel é uma jurista brasileira, atual procuradora-geral da República do Brasil. É bacharel em Direito pela Universidade de Brasília e mestre em direito pela Universidade de Harvard. Membro do Ministério Público Federal (MPF) desde 1987, integrou a 3ª Câmara de Coordenação e Revisão, que trata de assuntos relacionados ao consumidor e à ordem econômica, e o Conselho Superior do Ministério Público. Foi coordenadora da Câmara Criminal do MPF.
Raquel foi escolhida pelo ex-presidente Michel Temer (MDB) para substituir o procurador-geral da República Rodrigo Janot, a partir de lista tríplice, na qual ocupava o segundo lugar, enviada pela Associação Nacional dos Procuradores da República. Sua indicação foi aprovada pelo Senado em 12 de julho de 2017 por 74 votos a favor e 1 contra e foi nomeada oficialmente pelo presidente Temer no dia seguinte e tomou posse em 18 de setembro de 2017.