SUZANO - A Polícia Militar informou ao Estado na noite desta quarta-feira, 13, que chegou a conclusão de que um dos atiradores da Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, na Grande São Paulo, matou o comparsa e depois se matou. A corporação, no entanto, não detalhou quem teria atirado contra quem.
Imagens de câmera de segurança mostram que o adolescente G.T.M., de 17 anos, estava com a arma de fogo a todo tempo e é mais provável que ele tenha atacado o amigo Luiz Henrique de Castro, de 25 anos, e depois se matado. Os dois foram encontrados mortos após serem cercados por policiais no interior da escola. Cinco alunos e duas funcionárias foram mortos no atentado.
Entenda o crime na escola de Suzano
Eram 9h42 quando o jovem G.T.M., de 17 anos, entrou armado com um revólver calibre 38 na Escola Estadual Professor Raul Brasil, em Suzano, onde havia estudado até o ano passado, e abriu fogo contra um grupo de alunos e funcionários que estava na recepção. Três pessoas caíram no chão e ele seguiu para o interior da escola. Cerca de 30 segundos depois, seu amigo Luiz Henrique de Castro, de 25 anos, também ex-aluno, entrou munido com uma bésta, um arco e flecha e uma machadinha. Ele golpeou as pessoas já caídas e se atracou com estudantes que fugiram correndo do interior da escola. O massacre resultou em duas funcionárias e cinco alunos mortos. Antes, a dupla havia matado um parente em uma loja fora da escola. Os dois atiradores também morreram.Toda a operação durou cerca de 15 minutos.
As investigações apuram que os jovens faziam parte de um grupo que joga em rede o game Call of Duty, de guerra, e neste fórum teriam planejado o crime. Os investigadores suspeitam que pode ter ligação com o massacre. Vizinhos e conhecidos da dupla relatam que de fato os dois gastavam uma boa parte do tempo em uma lan house jogando games com teor violento. A polícia ainda não sabe como ou onde as armas foram compradas.
Na manhã desta quarta, os dois foram até a loja de carros seminovos de um tio de G.T.M., Jorge Antônio Moraes, localizada a cerca de 450 metros da escola.
De acordo com testemunhas, por volta de 9h15, G.T.M. entrou sozinho no local, onde também funciona um estacionamento e um lava-rápido e disparou três vezes. Ele acertou o celular que Moraes segurava na mão - e o levantou na tentativa de se proteger -, a clavícula e as costas da vítima. Depois, saiu e embarcou no carro que o esperava. Moraes morreu algumas horas depois no hospital.
O gerente Rodrigo Cardi, de 34 anos, trabalhou com Moraes nos últimos 15 anos e disse nunca ter visto G.T.M. no local. “Parece que o Jorge tentou dar uns conselhos depois que o sobrinho foi mal na escola, mas ele não gostou. No momento do ataque, nada foi falado nem houve chance de defesa”, disse.
A polícia foi acionada para procurar um Ônix branco, encontrado um tempo depois na frente dessa escola, já com a chamado do tiroteio em curso.
Portão da escola estava aberto
O fato de os dois serem ex-alunos da instituição pode ter facilitado a entrada pelo portão da frente, que estava aberto. Imagens de uma câmera de segurança mostram que G.T.M., que abandonou os estudos em 2018, entrou na escola pegou a arma que estava na cintura e disparou contra um grupo. Uma das primeiras pessoas atingidas foi a coordenadora Marilena Ferreira Vieira Umezo, de 59 anos. Ela foi baleada com outros alunos e atingida, após já estar no chão, por machadadas.
No início, a dupla não usava máscaras, mas depois cobriu os rostos - um deles com uma máscara de caveira -, e passou a realizar os outros disparos que vitimaram, no total, sete pessoas na escola. Uma aluna chegou a lutar com Luiz e conseguiu fugir, ao mesmo tempo que uma dezena de alunos passava correndo. Ele tentou atingi-los e um dos rapazes agredidos saiu com a ferramenta presa no corpo.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública, um sargento e dois cabos da Força Tática entraram na escola quando a dupla tentava invadir uma sala de aula que estava trancada com dezenas de alunos em seu interior. Os policiais estavam com escudos, e os adolescentes se afastaram. Depois, o sargento relatou ter ouvido dois disparos e ter encontrado os corpos no interior da escola.
“Hoje é um dos dias mais tristes da minha vida. O fato entristece Suzano, os paulistas e os brasileiros”, disse o general João Camilo Pires de Campos, secretário da Segurança. (Estadão Conteúdo)