Gabriela Louredo
Goiânia - A distribuição de panfletos em vias públicas da cidade de Goiânia está irregular. É o que afirma a Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma), órgão responsável pela fiscalização com base no Código de Posturas do Município. Segundo a gestão municipal, desde 2017 não foi expedida nenhuma licença para a realização do serviço na capital, enquanto entre 2014 e 2016 foram expedidas 11 autorizações.
De acordo com a Amma, uma justificativa para a falta de procura pela regularização seria que as empresas de divulgação e publicidade não estariam dispostas a arcar com a licença (R$ 3,4 mil) e com a contratação do seguro de vida para os trabalhadores.
O auditor fiscal do meio ambiente da Amma, Eduardo Alves de Oliveira, diz que, para obter a licença para a panfletagem em logradouros públicos, as empresas precisam apresentar a seguinte documentação: certidão negativa de débito junto à Prefeitura de Goiânia e Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), além de cópias das apólices de seguro de vida para cobertura de eventuais acidentes.
Os panfleteiros devem trabalhar uniformizados e os uniformes devem ter as seguintes informarções: nome, identificação do permissionário, logomarca da Prefeitura, número da permissão e a data de validade da licença. No entanto, o auditor do órgão municipal assume que a fiscalização tem falhas. "Não temos efetivo suficiente para atender toda a cidade, por isso muitos estão irregulares", afirma.
Poluição
A poluição é um dos maiores problemas causados pela panfletagem. No último dia 6 de março, o perímetro urbano da BR-153, em Goiânia, ficou tomado por milhares de panfletos que caíram da carroceria de um veículo. Foi preciso interditar um trecho da rodovia, pois havia risco à segurança dos motoristas. Veja como ficou:
(Foto: Triunfo Concebra)
A Amma não possui uma estimativa do volume de panfletos descartados incorretamente pelas ruas da capital. O material é varrido pela Comurg, sem haver a separação para a reciclagem, e a destinação final é o aterro sanitário. "O impacto é muito grande", reconhece o órgão.
Caso a Amma flagre esse tipo de lixo jogado nas ruas (artigo 6º do Código de Posturas de Goiânia), pode aplicar multas cujo valor varia de R$ 60 a R$ 2,4 mil. Vale destacar
que as empresas são responsáveis caso os panfletos sejam lançados em vias públicas num raio de até 100 metros de distância.
O auxiliar administrativo Fernando Gomes fica indignado ao receber panfletos no semáforo e condena essa prática definida por ele como "ultrapassada". "Antes, eu pegava para ajudar os panfleteiros, mas esses papéis vão sempre parar no lixo. Hoje nem abro o vidro do carro. Não é falta de educação. Estou pensando no bem do meio ambiente", diz. Às vezes, Fernando reconhece ficar constrangido por não pegar o material publicitário, que se amontoa dentro do veículo.
(Foto: Letícia Coqueiro/A Redação)
"Mídia que vai para o bueiro"
A poluição gerada em vias públicas nos remete a um questionamento: até que ponto vale a pena comprometer o meio ambiente para divulgar uma propaganda, uma marca ou um evento, por exemplo? Qual o custo-benefício para quem aposta nesse tipo de publicidade? "É uma mídia que vai para o bueiro", sentencia a diretora executiva da RR Comunicação Para Negócios, Kétina Ferreira, sobre o destino dos panfletos recebidos pelos motoristas nos semáforos de Goiânia.
Diretora executiva da RR Comunicação Para Negócios, Kétina Ferreira (Foto: divulgação)
"Acho que é um desperdício de papel e um prejuízo para a sociedade porque impacta a natureza. Há muitas outras formas de atingir o público", acrescenta. Kétina refere-se às mídias digitais, que se apresentam como uma alternativa mais viável, no aspecto ambiental, e também levando-se em consideração o custo-benefício. "Elas têm um alcance muito maior e específico, podendo alcançar exatamente o perfil daquela pessoa de interesse", afirma.
A utilização das ferramentas digitais permite o envio de material direcionado para determinadas pessoas, previamente identificadas via inteligência artificial, como potenciais consumidores, dependendo do sexo, faixa etária, profissão, endereço, etc. O investimento, neste caso, é menor e teria, segundo a especialista, maior chance de retorno financeiro.
Kétina cita a mídia programática segmentada e publicações patrocinadas como parte do material publicitário mais eficiente, em função do direcionamento proporcionado. Apesar dessas vantagens, é importante desenvolver um planejamento estratégico para alcançar o objetivo pretendido.