A Redação
Goiânia - Realizada na quarta-feira (21/8) no jardim do Museu Pedro Ludovico, em Goiânia, uma edição especial do projeto Café com Pedro foi marcado por uma homenagem a Cora Coralina. O evento promoveu um encontro entre a única filha ainda viva da poetisa goiana, Vicência Brêtas Tahan, e as professoras doutoras acadêmicas da Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás Nancy Ribeiro de Araújo e Lena Castello Branco, que dedicaram suas investigações às obras e vida de Cora Coralina e com ela conviveram.
Na oportunidade, o secretário de Cultura do Estado de Goiás, Edival Lourenço, afirmou a importância do 'Ano Cora Coralina' para a cultura goiana no ponto de vista local, nacional e internacional. “Para nós do estado de Goiás, esse ano comemorativo reforça o orgulho da nossa cultura. Para os outros estados, essas programações repercutem e propiciam o reconhecimento da cultura daqui. Para o mundo, essa é uma grande oportunidade de conhecer a vida e obra de Cora, ícone de Goiás”, disse.
Em diálogo com o público do Café com Pedro, Vicência falou sobre o orgulho que tem de sua mãe. “Minha mãe dizia que não aprendeu poesia para se expressar, era natural e fluido. Ela afirmava que a poesia nasceu com ela”, disse. A filha de Cora contou que sua mãe foi exemplo de perseverança. Cora Coralina começou a escrever aos 14 anos, mas teve seu primeiro livro publicado apenas aos 76 anos de idade. “Naquela época, mulher escrever era um absurdo. A própria família dela não via a atividade com bons olhos”, contou. Vicência afirmou que o material inédito da poetisa está organizado e renderia mais seis livros.
As professoras Nancy e Lena aproveitaram o encontro para falar sobre como conheceram Cora Coralina e como suas vidas foram marcadas por ela. Professora Nancy, em sua investigação de doutorado, pesquisou sobre os aspectos didáticos da escola antiga a partir dos relatos de Cora sobre a Mestra Silvina, a quem ela dedica um de seus mais famosos poemas. “A ideia surgiu em uma palestra na Faculdade de Educação, quando Cora Coralina falava, com imensa disposição, sobre sua mestra querida e sobre como era a educação em seu tempo”, afirmou. “Cora tinha clara vocação para estimular a juventude”, disse.
Durante sua fala, professora Lena apresentou ao público os dados da biografia e da produção literária da poetisa, perpassando pelas características, peculiaridades, inspirações, preferências, estilo. “Eu ia a Goiás com meus filhos ainda pequenos, e passava muitas horas conversando sobre a vida e sobre poesia com Cora em sua casa”, lembrou. “Um fato que poucos conhecem é que Cora sempre tinha um dicionário ao lado e o consultava para escolher as palavras mais sonoras. Seu estilo é espontâneo e musical”, disse.
Cora Coralina
Cora Coralina é Anna Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, nascida na cidade de Goiás, na Casa Velha da Ponte, e que se tornou um dos nomes de referência da literatura goiana e brasileira. Cora também era doceira de mãos cheias, e comercializava suas guloseimas. A poetisa teve seu primeiro livro publicado em 1965, assim como o reconhecimento por seu legado, no Brasil e no exterior, que se deu a partir de 1975. Cora Coralina faleceu Goiânia, no dia 10 de abril de 1985, aos 95 anos.