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Segurança econômica

É de pequeno que se investe

Cresce procura por previdência infantil | 02.09.19 - 18:05 É de pequeno que se investe (Foto: freepik.com)
Fernando Dantas
especial para o jornal A Redação

Goiânia - Realidade cada vez mais presente na vida de pais, mães, avós e familiares, a previdência para crianças e adolescentes tem conquistado espaço nos investimentos financeiros no Brasil. A advogada Anna Bastos do Valle, 35 anos, por exemplo, é mãe de dois filhos, com idades de um e três anos. Ela e o marido se preocupam com a segurança financeira das duas crianças, especialmente quando atingirem a idade adulta, por isso contrataram plano de previdência privada infantil. Pesquisaram sobre os possíveis fundos de investimento, buscaram ajuda de um consultor e recorreram a uma plataforma sólida e confiável para fazer a contratação.

Após todo esse processo, optaram por fundos VGPL (Vida Gerador de Benefícios Livres), pois nesta modalidade a tributação feita no momento do recebimento do benefício é apenas sobre o rendimento acumulado. “Escolhemos três fundos previdenciários VGPL que possuem características diferentes, mas que apresentam bons resultados, históricos, taxa de administração e uma equipe capacitada”, explica. 

 
Para a advogada, investir na previdência privada infantil não pesa no bolso, pois os planos podem ser contratados a partir de R$ 100 mensais, com possibilidade de aumentar o valor de acordo com a renda e o planejamento, assim como fazer aportes adicionais sempre que desejar. “Como os meus filhos são muito novos, podemos investir um valor pequeno, mensalmente, e garantir que planos futuros deles possam ser apoiados. Pensamos em utilizar os recursos para uma faculdade, pós-graduação ou até em projetos de empreendimentos”, destaca. 
 
A diretora de Vida, Previdência e Investimentos da Porto Seguro, Fernanda Pasquarelli, avalia que o principal benefício da previdência privada infantil é exatamente ser o instrumento ideal para quem quer construir o futuro financeiro dos filhos ou netos e garantir, ‘lá na frente’, o início de vida profissional, o pagamento de uma faculdade, a compra de um bem e assim por diante. “Funciona da mesma maneira que um plano de previdência complementar individual, só que para crianças. O plano pode ser contratado pelos pais, pelos responsáveis legais ou por qualquer pessoa, como tios e avós, por exemplo, que queiram presentear a criança e ajudá-la a guardar dinheiro para o futuro. É uma forma de educação financeira”, enfatiza. 
 

Fernanda Pasquarelli, da Porto Seguro, acredita que a previdência infantil é a forma de construir o futuro financeiro (Foto: divulgação)
 
Na hora de investir, as contribuições são mensais, geridas pela instituição administradora para, no futuro, formar um fundo de previdência. “Se os pais contratam a previdência para um recém-nascido, contribuindo mensalmente com R$ 300, quando a criança tiver 18 anos o fundo acumulado poderá ser de aproximadamente R$ 114 mil, para uma rentabilidade estimada de 6% ao ano. Já um jovem de 20 anos de idade que aplica R$ 200 por mês terá acumulado R$ 500 mil aos 65 anos. Isso também considerando rentabilidade de 6% ao ano. E sem levar em conta aportes extras”, simula Fernanda. 
 
O consultor de Negócios do Sicredi, Leonan Artiaga Póvoa Filho, concorda que a previdência infantil é como uma “poupança” para o menor, onde o maior – que é o contratante, pai ou responsável legal – é quem controla o fundo de investimento, tanto para aportes mensais, extraordinários e saques, até que o menor complete 18 anos. “Completada a maior idade, o beneficiário poderá resgatar o plano em forma de uma aposentadoria, continuar as contribuições ou resgatar o valor total ou parcial”.
 
O economista da Escola Nacional de Seguros, Lauro Faria, defende que é um investimento seguro, regulamento pela Superintendência de Seguros Privados (Susep), e que serve de proteção financeira à família e aos filhos quando estes se tornarem adultos. “Na atual situação econômica no Brasil e no mundo, é uma garantia importante. Nos Estados Unidos, por exemplo, o US Department of Agriculture (USDA) estimou que o custo de um casal de classe média para criar um filho desde o nascimento até os 18 anos de idade era, em 2017, de US$ 16 mil por ano, portanto, US$ 288 mil no total, ou seja, quase R$ 1,1 milhão ao câmbio atual. É um custo elevado que pode se tornar impeditivo se não for feita uma reserva financeira desde a tenra idade. Por isso, a importância da previdência aberta infantil”, ressalta.
 
Quando começar
Não há limite de idade para investir. O contratante - responsável financeiro - pode adquirir o plano em favor do menor desde o nascimento dele. É preciso apresentar dados pessoais do menor como nome completo, Cadastro de Pessoa Física (CPF) e data de nascimento. Quanto mais cedo começar, maior será o tempo de acumulação e maior a reserva financeira que garantirá o futuro da criança. Ao longo do tempo, os pais ou responsáveis podem incentivá-la a colocar parte da mesada no plano como uma forma de estimular a disciplina financeira.

“É preciso saber que existem dois tipos de responsáveis: o legal, ou seja, pai, mãe, tutor, curador, que é a pessoa que pode movimentar as reservas do plano, solicitar resgate ou portabilidade, pedir alteração de dados cadastrais etc; e tem o responsável financeiro, que contrata o plano e faz as contribuições em nome do menor, com o poder de alterar a periodicidade, forma de pagamento e o valor da contribuição. Em geral, costuma ser a mesma pessoa, mas, se não for, ambos devem assinar a proposta de contratação”, explica Lauro Faria.
 
 
Lauro Faria, da Escola Nacional de Seguros, destaca que existem dois tipos de responsáveis pela contratação do plano de previdência infantil (Foto: divulgação)
 
Ele cita o exemplo de um tio que quer beneficiar um sobrinho. “Nesta situação, assinam a proposta o pai, o tio e, a partir dos 16 anos, o sobrinho favorecido. A partir dos 18 anos, este poderá realizar movimentações, fazer resgates e exercer a portabilidade sem necessidade de representação ou assistência dos representantes legais. Em suma, não é só o responsável legal que pode contratar previdência privada infantil, mas qualquer pessoa”, acrescenta.
 
O advogado Daylton Anchieta Silveira contratou plano de previdência infantil para sete netos por meio da OABPrev Goiás/Tocantins. “Na época, em 2009, eles tinham entre dois e 18 anos. Fiz o plano visando o futuro deles. Quando cada um se formar ou passar a exercer uma profissão, deverá assumir o pagamento das mensalidades e aumentar o valor delas”, garante. Com essa iniciativa, que é uma forma de garantir segurança e até longevidade, Daylton espera que os netos possam obter uma aposentadoria privada de melhor valor. 
 
Ele foi o responsável pela implantação da OABPrev em Goiás e Tocantins, que oferece, atualmente, planos para qualquer idade, desde que o interessado seja advogado ou familiar até terceiro grau. Este caso se enquadra como previdência complementar fechada, ou seja, quando é oferecida pelas empresas ou associações e de uso exclusivo de seus funcionários ou associados. A contratação não é feita com seguradoras e bancos, mas sim com entidades sem fins lucrativos, chamadas fundos de pensão. Assim surgiu a OABPrev, quando a Ordem dos Advogados do Brasil - seção Goiás (OAB-GO) e a seção Tocantins (OAB-TO) e Caixas de Assistências criaram um modelo de previdência complementar fechada, mais flexível perante as mudanças do mercado, para advogados e familiares até terceiro grau.
 
Hoje, a entidade de previdência privada é conduzida pela diretora presidente Keila Cristina Eustáquio. Ela reforça que, diferentemente da aposentadoria oficial, a previdência privada não é obrigatoriamente transformada em renda vitalícia. “O desafio é aproveitar o momento e fomentar a cultura previdenciária. Quanto mais cedo a poupança começar, menor o esforço para alcançar um valor suficiente para viver tranquilo. O tempo está passando cada vez mais rápido, por isso o melhor momento de ensinar as crianças a planejar um amanhã com tranquilidade é sempre o mais cedo possível”, cita. 
 
 
Perfis 
“Quando se fala em previdência voltada aos ‘pequenos’, quem geralmente contrata são casais na faixa de 35 a 40 anos, de classe média”, afirma Fernanda Pasquarelli, da Porto Seguro. Mas a contratação desse tipo de produto, pelas próprias características, pressupõe sobras financeiras, foco na família, consciência de riscos e visão de longo prazo. “São especialmente atraentes para casais de renda mais alta, jovens e com filhos pequenos e com educação superior”, complementa Lauro Faria, da Escola Nacional de Seguros. 
 
Entretanto, as incertezas em relação à aposentadoria no Brasil também contribuíram para acender o ‘sinal de alerta’ para a necessidade de contratação de um plano de previdência privada. Segundo o superintendente executivo da Bradesco Vida e Previdência, Marcelo Rosseti, os brasileiros estão naturalmente criando o entendimento de que a previdência pública será alterada e que, por isso, as iniciativas pessoais serão de extrema importância para a formação de reservas de médio e longo prazo.  “Em relação à captação total, esse produto ainda é incipiente, em razão inclusive pelo perfil das contribuições, que em sua maioria são contribuições mensais de valor médio em torno de R$ 100. Acreditamos no potencial de crescimento comercial do produto, na medida em que a população entenda as alterações nos benefícios futuros que serão pagos pela Previdência Social”, informa. 
 
Para Fernanda Pasquarelli, as mudanças em relação à Reforma Previdenciária – que tramita, atualmente, no Congresso Nacional - têm influenciado para que as pessoas comecem a fazer planejamento financeiro. E isso inclui planejamento financeiro para os filhos. Tanto é que, de acordo com ela, de 12% a 15% da carteira de previdência da Porto Seguro é voltada para crianças. “Desse total, quase metade (47%) do que foi contratado em 2018 foi para crianças de até três anos de idade”, informa Fernanda. 
 
As estatísticas estão aí também para comprovar uma mudança no interesse pela previdência privada. No mês de maio deste ano, os planos fecharam com R$ 873,1 bilhões em reservas, volume 11% superior ao registrado no mesmo período do ano anterior, segundo dados da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi), entidade que representa 67 seguradoras e entidades abertas de previdência complementar no País. Na análise por tipo de contratação de planos, a modalidade individual respondeu por R$ 40,1 bilhões das novas contribuições, os planos para menores por R$ 740 milhões, e os planos coletivos registraram R$ 4,8 bilhões em novas contribuições.
 
Essa preocupação em garantir tranquilidade financeira aos filhos ou netos, com visão de longevidade, tem crescido ano após ano, mas não é algo tão recente. Há mais de 20 anos, por exemplo, o pai da perita criminal da Polícia Civil, Valéria Viana Barbosa, 35 anos, já se preocupava com o futuro econômico dos filhos. Quando ela completou 14 anos, ele contratou previdência para complementar a aposentadoria da filha.

“Como eu não tinha renda fixa na época, meu pai fez minha inscrição como contribuinte facultativo e todos os meses pagava uma quantia sobre o salário mínimo”, recorda. Ela lembra que naquela época já se falava em reforma da previdência, no então governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, por isso o pai, preocupado com o que poderia ocorrer nas próximas décadas, investiu na contratação. “Foi um grande presente que ele deu para mim e para o meu irmão. Meu pai sempre teve esse cuidado com todos nós, de deixar tudo regular e nos resguardar de qualquer eventualidade. Acho que foi mais do que uma estratégia, e sim uma prova de amor muito grande. Com certeza seguirei o exemplo quando tiver meus filhos”, garante. 
 
A quem recorrer
A assessora de Investimentos e sócia da Invest Agente Autônomo de Investimentos, Lana Serbeto, avalia que a previdência é um dos raros tipos de investimentos que permitem pagamentos por boletos ou débito em conta mensal, o que gera um compromisso/disciplina familiar com o mundo dos investimentos, além de possibilitar ganhos de rentabilidade pelo fundo aplicado. Mas de acordo com ela, uma série de fatores ainda atrapalha a contratação pelas famílias como falta de planejamento, de educação financeira, de conhecimentos dos benefícios tributários e sucessórios envolvidos e um histórico de fundos ruins ofertados pelos bancos. “Realidade que vem mudando nos últimos anos com o surgimento e expansão de casas independentes que trouxeram boas opções e concorrência”, garante. 
 

Hailton Costa Neves, do Sincor-GO, enfatiza a necessidade de procurar um corretor para conhecer melhor os produtos (Foto: divulgação)
 
Uma forma de buscar a orientação e os caminhos certos para investir é por meio das companhias seguradoras, que são as ofertantes dos planos de previdência infantil. Especialistas da área alertam que é aconselhável procurar um corretor de seguros especializado para conhecer melhor as características dos planos e as opções no mercado. “Tratando especificamente de crianças, basta que o responsável procure um corretor, informe o interesse e o valor a ser investido mensalmente. A partir daí, esse profissional vai procurar o produtor mais adequado, obedecendo a relação custo benefício”, afirma o corretor e diretor de Comunicação do Sindicato dos Corretores e das Empresas Corretoras de Seguros, de Capitalização, de Previdência Privada e de Resseguros no Estado de Goiás (Sincor-GO), Hailton Costa Neves. 
 
O corretor é quem está tecnicamente preparado e legalmente habilitado a intermediar, angariar e a promover contratos de seguros e de previdência privada aberta. “Sendo contratos sabidamente complexos, nada melhor do que, antes de contratar, pedir aconselhamento aos corretores que devem ser capazes de explicar corretamente o produto, suas coberturas, vigências, exclusões e demais procedimentos, assim como checar as diversas opções no mercado em termos de preços e qualidade, e auxiliar o contratante a dirimir eventuais problemas com a seguradora que escolheu durante a vigência do plano”, ressalta Lauro Faria, economista da Escola Nacional de Seguros. 
 
De olho no mercado, as empresas estão capacitando seus profissionais para oferecer, de forma isenta, os produtos mais adequados ao perfil do cliente, buscando lançar planos que se encaixam nas demandas de cada um. A Bradesco Vida e Previdência tem uma linha exclusiva de produtos PGBL e VGBL dedicados ao público com até 24 anos de idade, que é o ‘Prev Jovem Bradesco’.

“Por meio desses planos de acumulação, podem ser contratados também benefícios adicionais de pecúlio, que são valores pagos de uma única vez, no caso de falecimento do responsável durante a vigência do plano, para fazer frente aos objetivos projetados. Outro benefício é a ‘Pensão ao Menor’, uma renda mensal temporária paga ao jovem participante, até que ele complete 21 anos. Portanto, além de somar reserva visando custear estudos, intercâmbio, primeiro imóvel, carro ou até mesmo um negócio para início da vida profissional, o plano protege o menor, em caso de imprevistos, enquanto a reserva está sendo acumulada”, afirma Marcelo Rosseti, superintendente executivo da Bradesco Vida e Previdência. 
 
Já a Porto Seguro atua com previdência privada há 30 anos e com a infantil desde 2004. “Decidimos ofertar este tipo de plano pela demanda por um produto com o qual as famílias pudessem fazer um planejamento financeiro para a vida dos filhos. É perto da vida adulta que os sonhos dos filhos pesam mais no bolso das famílias. Por isso, as pessoas passaram a enxergar neste produto um meio seguro de planejar o futuro das crianças”, relata Fernanda Pasquarelli, diretora de Vida, Previdência e Investimentos da empresa. 
 

Leonan Artiaga, do Sicredi, acredita que a previdência infantil deve crescer no Brasil (Foto: divulgação)
 
O que vem por aí
Os especialistas são otimistas em relação ao crescimento da demanda por planos de previdência privada infantil. O consultor de Negócios do Sicredi, Leonan Artiaga Póvoa Filho, diz que a tendência é que, com o aumento da expectativa de vida, atrelada à diminuição da natalidade e aumento do mercado informal e ao maior acesso a informações pela população, a adesão à previdência infantil cresça de forma exponencial em nosso País.
 
O economista da Escola Nacional de Seguros, Lauro Faria, avalia que é bem conhecida a correlação positiva entre desenvolvimento do mercado de seguros e desenvolvimento econômico. “Quanto maior a renda e a riqueza, maior a receita de prêmios de seguros e contribuições de previdência privada. Em países emergentes como o Brasil, a expansão desse mercado tende a ser superior à expansão da renda. Assim, na medida em que o País retome o crescimento econômico a taxas mais robustas, podemos prever um futuro ainda mais promissor para o segmento da previdência privada, adulta e infantil. Há ainda o fator estimulante adicional que é a reforma da previdência social em que se pretende criar vários pilares contributivos. Um desses certamente beneficiará a previdência complementar infantil”, destaca.
 
Já Fernanda Pasquarelli, da Porto Seguro, acredita que a lição de casa já está sendo feita pelo setor. “Procuramos sempre reforçar os benefícios do produto e sua importância para a garantia de um futuro tranquilo. Esse investimento ajuda a despertar ainda mais o interesse do consumidor pela previdência complementar. Esperamos clientes cada vez mais preocupados com o futuro e um mercado cada vez mais maduro nesta questão”, finaliza.
 

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