A Redação
Goiânia – O Rio Negro, no Amazonas, tem águas turvas que obrigatoriamente precisam ser limpas e purificadas antes de qualquer consumo. O produto utilizado neste procedimento é o sulfato de alumínio, que é tóxico por natureza. Com o intuito de evitar qualquer tipo de contaminação e recuperar a saúde das comunidades que são dependentes dessa água, o
INPA (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia) examinou o uso da semente de uma árvore, a moringa, para tornar própria para consumo as águas do Rio Negro,
conseguindo resultados surpreendentes.
Para que seja efetiva essa purificação na água, as sementes devem ser extraídas e maceradas, resultando em um pó, que é colocado no líquido. A quantidade de pó colocado na água pode variar conforme as características de cada rio e da época do ano. A farmacêutica Edilene Sargentini, que fez parte da pesquisa no INPA, afirma que o estudo foi pioneiro.
Mesmo a moringa não sendo originária do Brasil, o plantio dela foi bem adaptável às condições da Amazônia. Com certeza, foi uma solução simples e barata para recuperar as águas do Rio Negro e principalmente a saúde das comunidades existentes ao redor dele.
A árvore da moringa, muitas vezes chamada de "árvore milagrosa" por seu potencial de
fornecer vitaminas, combustível e água em ambientes precários, também é alvo de um novo esforço de três engenheiros da Penn State (Universidade Estadual de Pesquisa Pública da Pensilvânia) para fornecer água potável para os países em desenvolvimento.
O trabalho, financiado por um subsídio de US $ 10.000, visa otimizar um processo de tratamento de água envolvendo sementes de moringa. "As
sementes da árvore contêm proteínas", disse Darrell Velegol, professor de engenharia química e principal pesquisador. "Uma delas é uma proteína catiônica, uma proteína carregada positivamente que contém uma pequena sequência peptídica que age como uma faca molecular, que atravessa a parede celular bacteriana e a mata, basicamente cortando-a."
A ideia de usar a moringa para purificar a água não é nova. Um problema para os pesquisadores é o fato da água purificada por sementes de moringa não permanecer limpa por muito tempo. Para estender a vida útil da água limpa, os pesquisadores estão experimentando esmagar a semente de moringa em água, para que as proteínas entrem na água. A areia é então adicionada para que a proteína ativa na solução se ancore na areia. O restante das proteínas e da matéria orgânica são lavadas.
"A areia funcionalizada agora está ativa e temos dados para mostrar que ela pode limpar a água e matar patógenos", explicou Darrell Velegol. "Quando terminar, você apenas deixa a areia assentar fora da água, para que a areia possa ser usada novamente."
A moringa cresce naturalmente em ambientes agressivos como o deserto marroquino, por exemplo. Não é um produto tóxico, é natural. As folhas de moringa também contêm um grande número de vitaminas, minerais e proteínas e podem ser fornecidas às crianças para evitar a desnutrição. É ou não uma "árvore milagrosa"?