Jales Naves
Especial para o jornal A Redação
Goiânia - A experiência como bancário, por sete anos, que lhe permitiu vivenciar a prática funcional de uma agência, e depois como advogado de bancos foram dois indicativos que oportunizaram ao jovem Reinaldo Siqueira Barreto, então com 36 anos, integrar a primeira Diretoria da Cooperativa de Crédito dos Advogados (Sicoob Credijur). Ele se graduou em Direito pela Universidade Federal de Goiás em 1985, quando já trabalhava no Banco Itaú, e tinha uma visão mais ampla do sistema cooperativista, das áreas de produção rural e de consumo, que conheceu em sua cidade, Quirinópolis, GO, onde nasceu em 1962, mas não tinha noção da amplitude do empreendimento e seu alcance social. Depois, em viagens à Europa e aos Estados Unidos chegou a visitar agências cooperativas de crédito em cidades por onde passou e que lhe chamaram a atenção.
Um dos fundadores da Sicoob Credijur, com a inscrição nº 3, ajudou na discussão do assunto a partir do momento em que foi exposto pela primeira vez pelo então presidente da OAB-GO, Felicíssimo Sena, e se interessou. Participou de debates e, quando da instalação da Cooperativa, da busca das melhores alternativas e de preços mais em conta para algumas iniciativas necessárias, como a porta giratória da primeira agência. Seria um detalhe sem importância numa grande instituição, mas para eles teve um significado especial, pelo envolvimento pessoal, pois foram de carro a Brasília para adquirir um produto sobre o qual não tinham referência, e nessa atividade despenderam tempo, dinheiro, veículo, combustível etc.
Reinaldo começou a trabalhar cedo em Quirinópolis, no Cartório do Crime de seu tio, escrivão por mais de 30 anos, Anahydor José dos Santos, personagem histórica na cidade. No Fórum da cidade, mesmo imberbe, conheceu e fez amizades com luminares do Judiciário goiano, como o desembargador aposentado e ex-presidente do Tribunal de Justiça de Goiás, Jamil Pereira de Macedo, que o presenteava com livros, o que influenciou notavelmente sua vida, despertando o interesse pela literatura e particularmente pelas Ciências Jurídicas.
O desejo inicial era fazer o Instituto Rio Branco e seguir a carreira diplomática, começou a se preparar, e logo veio a definição pelo Direito, que ingressou em 1981, na turma do colega Miguel Cançado, ficaram amigos e, mais tarde, tornaram-se sócios. No meio do curso, aos 21 anos casou-se e começou a trabalhar no Banco Itaú da Avenida Goiás com a Rua 2 como escriturário, galgando promoções até chegar à gerência da agência da Praça Tamandaré. Saiu do Banco em 1990 para associar-se com Miguel Cançado, advogando para o próprio Itaú e outras instituições financeiras, como Bankboston, Sudameris, Banco Francês e Brasileiro.
Ao ser chamado para as primeiras discussões para criar um banco dos advogados acreditou na proposta e procurou colaborar na medida de seus conhecimentos, buscando mais informações e enriquecendo os debates. Ressalta que Felicíssimo foi feliz na apresentação da ideia, colocando sua liderança e sua energia positiva na defesa da Cooperativa de Crédito, o que somou à sua “fama de Midas, que dá certo em tudo que mexe”; ao sucesso na atividade, com um dos maiores escritórios da advocacia de Goiás; ao trabalho na OAB, onde fez seus sucessores; e à escolha do pessoal técnico para conduzir a empresa financeira.
Os participantes das primeiras reuniões promovidas não tinham como dimensionar a grandiosidade do projeto que ali se iniciava. Não podiam sequer imaginar que a Credijur se tornaria uma grande instituição de crédito, empregando dezenas de pessoas e possibilitando acesso a créditos mais baratos a tantos cooperados. Ao serem informados que havia a necessidade de assinarem notas promissórias em branco, como garantia junto ao Banco Central, muitos cooperados, que assumiram funções de direção, ficaram surpresos com o grau de envolvimento pessoal e mesmo patrimonial que estavam assumindo. Isso foi marcante e definitivo como embrião do comprometimento de todos, que se tornaria crescente a partir daí. Hoje, são unânimes nos elogios, na utilização dos serviços e na oportunidade que a Cooperativa criou, de mostrar o funcionamento do sistema financeiro, de orientar o cooperado em suas aplicações; ao oferecer os melhores serviços com taxas reduzidas; e vê-la consolidada. “Nos debates, ele despertou nos advogados a possibilidade de tornar sonhos em realidade. Hoje nós temos um banco”, disse.
A Sicoob Credijur cresceu de forma tão relevante e teve tanta repercussão no meio jurídico goiano que, nas eleições da OAB, a oposição sempre fazia referência a ela como parte integrante da Ordem. Chegaram a propor que caso vencessem a OAB Forte, esta perderia também a Credijur, o que era evidentemente um despropósito, já que as instituições diferem absolutamente, sendo a OAB tão-somente uma importante cliente, como é até os dias atuais.