Entre os mais influentes da web em Goiás pelo 14º ano seguido. Confira nossos prêmios.

Envie sua sugestão de pauta, foto e vídeo
62 9.9850 - 6351

preconceito

Coronavírus: chineses que vivem em Goiânia evitam falar sobre o surto

Repatriados chegam a Anápolis neste domingo | 08.02.20 - 09:35 Coronavírus: chineses que vivem em Goiânia evitam falar sobre o surto (Foto: Letícia Coqueiro)Théo Mariano
 

Goiânia - Em evidências nos jornais de todo o mundo e assunto presente em rodas de conversa, o surto de coronavírus tem sido motivo de preocupação e também de discussão. Mas a realidade é diferente para os chineses que vivem em Goiânia, que preferem não comentar o assunto. Para compreender a situação, o jornal A Redação foi até o camelódromo de Campinas, na capital, em uma região que concentra grande número de orientais advindos do país onde se espalhou o surto do novo coronavírus. Porém, ao chegar no local, a nossa equipe se deparou com um fato presente no comportamento de quase todos os imigrantes da China: eram extremamente reservados e preferiam o silêncio sobre o tema. 

Muito além da dificuldade com a língua portuguesa, tanto para fala quanto para compreensão, os chineses não queriam se expor. A equipe do jornal conversou com cerca de 15 trabalhadores chineses da região visitada. Eram eles majoritariamente vendedores e donos de lojas de eletrônicos. As suas falas se restringiam basicamente à relação comercial de compra e venda, nada além. 

Em meio à multidão que ia de um lado para outro naquele mar de lojas, onde carros e pessoas dividiam espaço nas ruas, os chineses mantinham-se focados em tarefas quase sempre introspectivas. As primeiras tentativas de entrevista foram um tanto embaraçosas: faces perdidas tentavam decifrar, sem muito sucesso, as perguntas sobre como era viver no Brasil. 

Depois de muitas tentativas frustadas, conseguimos, enfim, encontrar um rapaz de 35 anos que quis se identificar somente como Léo. Ele é chinês e está no Brasil há 20 anos, país cuja população o vendedor avalia como "muito receptiva". "Não sou tratado como estranho por aqui. Acredito que o governo chinês está cuidado bem da situação", comentou sobre o novo surto, enquanto se mantinha sorridente, como esteve durante grande parte da conversa. 

O semblante do vendedor mudou, entretanto, quando o assunto passou a ser sua família. Os olhos se abriram um pouco mais, as sobrancelhas levantaram-se e Léo afirmou estar "muito preocupado" com os parentes que vivem em Qingtian. "Mas dessa vez o governo conseguiu combater o vírus de uma maneira bem localizada. Nossa cidade, por exemplo, teve apenas dois casos." 

Léo disse que está mantendo contato com a família e, segundo ele, todos estão tranquilos. "Basta se manter em casa. O governo oferece alimento gratuito", explicou. O vendedor definiu o Brasil como sua segunda casa e contou que vai à China costumeiramente. Sobre o país sul-americano, o imigrante pontuou considerações do que acredita precisar de melhora: "Segurança, educação e saúde. Acho que o principal é isso." 

No entanto, ao contrário de Léo, outros chineses que estavam a poucos metros dali, no mesmo camelódromo, se mantinham em silêncio absoluto quando questionados sobre o surto. Era nítido o desconforto apresentado por eles quando o assunto era colocado em pauta. Muitos se limitavam apenas a balançar a cabeça negativamente, em um sinal claro de que não tinham interesse em continuar um diálogo que nem mesmo tinha começado. 

O recente surto do novo coronavírus tem afetado populações em escala global. Um documento divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que, até esta sexta-feira (7/2), foram confirmados 31.481 casos em todo o mundo. Apenas na China, estão 31.211 das ocorrências. No Brasil, existem nove casos suspeitos. 

Este novo agente do vírus, denominado nCoV-2019, pertence à família do coronavírus, conhecida por causar infecções respiratórias que podem ser fatais. As primeiras ocorrências do coronavírus identificadas são de 1960. Esta nova etapa da doença foi descoberta no último dia de 2019 e, até esta sexta-feira (7), não cessou seu crescimento. 

A escala crescente do vírus gera alarde e preocupação, o que, por sua vez, cria desinformação. Consequemente, a xenofobia presente nas atitudes de alguns brasileiros pode acabar sendo explicitada. Como no vídeo abaixo: 


Até o momento, 638 pessoas morreram devido ao novo coronavírus. Destas, somente um caso foi fora da China. Segundo o Conselho Nacional de Saúde chinês, 80% dos casos foram em pessoas acima de 60 anos de idade e 75% destas pessoas apresentavam outras doenças (carviovasculares e diabetes). 

Os brasileiros repatriados da China, que estava em Wuhan, cidade com o maior número de casos, devem chegar à Base Aérea de Anápolis na madrugada deste domingo (9). A expectativa é de que fiquem em quarentena por 18 dias.  


Comentários

Clique aqui para comentar
Nome: E-mail: Mensagem:
Envie sua sugestão de pauta, foto e vídeo
62 9.9850 - 6351