A Redação
Goiânia - “É fácil e prazeroso escrever sobre quem sempre aglutinou, somou para construir mais e soube dividir os bons resultados do trabalho em equipe, que incentivou de forma permanente”, afirmou o jornalista Jales Naves, na noite de segunda-feira (2/3) sobre o legado do ex-governador e empresário Otávio Lage, ao falar aos alunos do nono ano do ensino fundamental do Colégio Estadual da Polícia Militar de Goiás ‘José Carrilho’, de Goianésia.
Sua exposição abriu o período de aulas preparatórias aos estudantes selecionados para participar do Concurso de Redação ‘Dr. Otávio – Construtor de sonhos’, promovido anualmente pela Fundação Jalles Machado em parceria com a Secretaria da Educação e Cultura do Estado, e que chega à 14ª edição.
Autor do livro “Otávio Lage – Empreendedor, Político, Inovador”, que teve uma das maiores tiragens de Goiás, de cinco mil exemplares, mereceu os melhores elogios da crítica especializada, apontando-o como de leitura obrigatória para se conhecer um pouco mais da história de Goiás, e que bateu recorde de vendas de exemplares em lançamento, Jales Naves discorreu sobre seu biografado.
“Um dos governadores que mais construiu obras necessárias, que contribuiu para tirar o Estado de um atraso histórico, em termos sociais, econômicos e políticos, Otávio Lage foi um marco de modernidade para Goiás. Como gestor, por sua competência e seriedade no trato da coisa pública, investiu em obras de infraestrutura fundamentais à arrancada desenvolvimentista, e consciente de seu papel naquele momento relevante provocou as mudanças que se faziam indispensáveis. Como político, estava sempre presente, emitia suas opiniões e conselhos, e era constantemente consultado e estimulava as novas lideranças, para que ocupassem seus lugares no cenário estadual. Como empreendedor, foi um homem com aguçada visão das oportunidades de negócios, conciliada à preocupação com o social”, disse.
Jales foi apresentado pelo diretor-comandante do CEPMG ‘José Carrilho’, major Patrick Dumont de Castro, e pela coordenadora pedagógica, professora Pollyanna Mendonça Otoni, que lhe entregou um brinde, em nome do Colégio, de agradecimento pela participação naquele evento. O professor Rafael Alves de Oliveira, das disciplinas ‘Língua Portuguesa’ e ‘Produção Textual’, ressaltou o significado da iniciativa, de oportunizar uma discussão da obra com o autor e de oferecer mais informações ao aluno sobre o homenageado desse concurso de redação, um dos maiores do Brasil.
Corrigindo injustiças
Em seu depoimento aos alunos, com a presença de colegas de outras séries que estavam interessados no tema e estimulados pela presença de um escritor no colégio para discutir a sua obra, Jales explicou que foram nove meses de estudos, pesquisas e elaboração do livro. Esclareceu que nesse levantamento teve oportunidade de corrigir injustiças cometidas contra Otávio Lage, como o site da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, que afirmava ter o ex-Governador fechado aquele Poder em 1969.
Na busca por documentos, não localizou nada a respeito, e nem nas conversas com vários funcionários do Legislativo. Em entrevista, o ex-deputado estadual Eurico Barbosa dos Santos, que era líder do MDB na época, quando teve seu mandato parlamentar cassado, afirmou que ele não foi responsável pelo fechamento. Disse que o ato partiu dos militares que assumiram o poder federal em 1964, com base em documentos do Serviço Nacional de Informações (SNI). Na leitura de edições do período do jornal “O Popular” localizou a informação e as justificativas para a medida adotada.
Posteriormente, uma graduada servidora da Diretoria Parlamentar da Assembleia indicou que o dado foi retirado do livro “O Legislativo em Goiás. Volume 1 – História e Legislaturas”, dos professores universitários e escritores Itami Campos e Arédio Teixeira, editado pela própria Assembleia, em 1996.
Com base nessas informações Jales Naves escreveu um artigo a respeito, com o título “Otávio Lage merece respeito do Legislativo goiano”, publicado no jornal “O Popular”, em sua edição de 26 de dezembro de 2013, na página de opinião. O título, devido ao espaço, teve cortado “do Legislativo goiano”, e obteve ampla repercussão, pela gravidade do erro, mas não mereceu do Legislativo qualquer reparo. O autor entrou com processo para a correção dessa injustiça, tendo a Assembleia retirado a citação, mas não justificou porque a apagou.
Outra injustiça foi cometida pelos professores do ensino médio de Goiânia, em especial de cursos preparatórios para o vestibular, que afirmavam, nas aulas, que Otávio Lage tinha sido nomeado Governador de Goiás pelos militares e não eleito pelo voto popular, como efetivamente aconteceu. Inclusive, a então Universidade Católica de Goiás colocou numa prova do vestibular de 2003 essa incorreção, da nomeação e não da eleição direta em 1965.
Consultada, a hoje PUC Goiás não forneceu uma cópia da prova desse vestibular. Os professores da época, que discutiram com os netos dele em sala de aula, não foram localizados. Tal fato mereceu novo artigo, publicado pelo “Jornal Opção”, edição de 13 de abril de 2014, discorrendo sobre todo o difícil processo eleitoral e que igualmente obteve grande repercussão na sociedade.