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Homenagem

A trajetória de Jonas Pires em Trindade

1ª escola pública da cidade foi marco | 07.06.20 - 10:26
Jales Naves
Especial para o jornal A Redação

Goiânia - Segundo prefeito eleito de Trindade, tendo administrado a Prefeitura Municipal de 1951 a 1955, Jonas Pires de Campos Júnior realizou uma gestão muito elogiada pelos moradores da então pequena cidade – 8.247, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IGBE), em 1950 –, que contava com dois distritos, Campestre e Santa Bárbara. Dentre suas iniciativas, a implantação da primeira escola pública, o Grupo Escolar Dom Prudêncio, que oferecia as primeiras séries; a aquisição de dois tratores, um de esteira e outro de pneu, com os quais construiu a estrada ligando a cidade ao distrito de Campestre, com 36 km de extensão, antes servido apenas por um trieiro; e o patrolamento das ruas e avenidas de Trindade, que encascalhou e conservou boas para o tráfego de pedestres e veículos, cujo movimento era pequeno nesse período. Os tratores foram adquiridos da Casa Iracema, de Goiânia, que os importou dos Estados Unidos.

Para o empresário João Ataliba Pires de Campos seu pai executou uma revolução em Trindade. Enumerou, com entusiasmo, o assentamento de famílias de baixa renda no Setor Oeste, então uma área de expansão urbana, regularizando a posse e a servindo de um sistema de captação de água potável, com direito de uso e isenção de taxa, denominada de “pena d’água”, que vigora até hoje; a colocação de iluminação pública; e a construção do cemitério do distrito de Santa Bárbara.


Jonas Pires de Campos Júnior, aos 21 anos (Foto: álbum de família) 

Foi responsável, também, pela construção do prédio dos Correios e pela doação de terreno para o Sindicato Rural construir sua sede. A Prefeitura Municipal contava com apenas dois veículos, carroções, puxados por burros, um para a coleta do lixo e outro para buscar carne nos matadouros. Sempre presente em todos os eventos, participou da fundação da vila São José Bento Cottolengo, em 1951; o local, idealizado pelo padre redentorista Gabriel Campos Vilela, abrigava pobres e doentes que viviam nas ruas sobrevivendo, quase sempre, em situação de mendicância.

Lembra a filha Maria Eugenia Pires de Campos Bortoletto que Jonas preocupou-se em gerar empregos e renda para a população, levando para o município, dentre outros, a serraria Carvelo e a cerâmica de Mário Valadares. Foi candidato a deputado estadual, mas não se elegeu, e participava de várias entidades, como o Rotary Clube e a Loja Maçônica.
 
A vinda para Goiás
Paulista de Capivari, onde nasceu no dia 27 de abril de 1918, filho de Jonas Pires de Campos e de Maia Eugênia Pires de Campos, passou sua infância e juventude nessa região de São Paulo, com uns tempos em Presidente Prudente, com os seis irmãos. O pai foi um dos desbravadores do Pontal de Paranapanema, na divisa com o Paraná, tendo uma rua com o nome dele em Presidente Prudente. Como a família não tinha boas condições financeiras, mudou-se para a Capital paulista, onde trabalhou num cartório e ficou uns dois meses no Rio de Janeiro, mas decidiu não se instalar e procurar uma região que lhe oferecesse melhores oportunidades.

Muito inteligente, autodidata, pois não teve oportunidade de estudar, excelente datilógrafo, utilizando a máquina com uma agilidade invejável, e boa caligrafia, veio no final dos anos 1930 para Goiás, atraído pela construção da nova Capital, Goiânia. Conheceu alguns parentes, como o advogado Romeu Pires de Campos de Barros, e optou por trabalhar primeiro no Cartório de Registro Civil de Guapó, do tabelião Abel de Castro.

Depois, mudou-se para Trindade, onde conheceu Osório Carlos da Silva, que foi Prefeito de 1938 a 1940, e atuou como secretário, aproveitando a sua facilidade com a máquina de escrever e os conhecimentos jurídicos; posteriormente, trabalhou como secretário de outro prefeito, Bocácio Leão. Manteve sua proximidade com Osório, ajudando-o na organização de um partido de oposição na cidade, quando criaram o Diretório Municipal da União Democrática Nacional (UDN), em 1945; três anos depois, em abril de 1948, casou-se com a filha dele, Maria Madalena Silva, ganhando o primeiro filho, João Ataliba, no dia 8 de fevereiro de 1949; e, em 1950, candidatou-se a Prefeito de Trindade pela UDN, conquistando o mandato. Como era fiscal de rendas do Estado, pediu licença do cargo para se candidatar a Prefeito, e quando concluiu seu mandato não conseguiu reassumir a função, diante de impedimentos criados pelos adversários, representados pelo Partido Social Democrático (PSD), pois ele era partidário da oposição, UDN. 


Maria Madalena Quita e Jonas Pires de Campos Barros, 1968 (Foto: álbum de família)
 
Dados históricos
No site da Prefeitura de Trindade há dois registros históricos, um sobre a origem e criação da cidade e outro sobre os ex-Prefeitos.

1.     Ligado a Campinas, que foi elevada à categoria de município em 1907, o então arraial de Barro Preto – por força da Lei Municipal nº 5, de 12 de março de 1909 – passou a se chamar Trindade. Ganhou a condição de vila pela Lei Estadual nº 662, de 16 de julho de 1920, com a instalação formal em 31 de agosto desse ano. Somente em 1927, por meio da Lei Estadual nº 825, de 20 de junho, sua sede foi elevada à categoria de cidade. Com a construção de Goiânia volta à condição de distrito em 1935 e seu território foi anexado à nova capital, pelo Decreto-Lei estadual nº 1.233, de 31 de outubro de 1938. Foi elevado novamente à categoria de município cinco anos depois, ratificado pelo Decreto-Lei estadual nº 8.305, de 31 de dezembro de 1943.

2.     Antes da primeira eleição municipal, em 1946, Trindade teve 10 ocupantes da função: Anacleto Gonçalves de Almeida, de 16.07.1920 a 1923, nomeado pelo presidente do Estado, João Alves de Castro, e João Pereira da Silva, de 1923 a 1928, nomeado pelo presidente do Estado, Miguel da Rocha Lima, possivelmente como SubPrefeitos, pois só se tornou cidade em 1927. Tibúrcio José do Carmo, de 1929 a 1931, foi nomeado Prefeito pelo presidente do Estado, Brasil Ramos Caiado. Com a revolução de 1930 e a assunção do interventor federal Pedro Ludovico Teixeira, foram nomeados sete Prefeitos: Irany Alves Ferreira, de 1931 a 1932; Salvino Vaz da Silva, de 1933 a 1934; Philippe Alves de Oliveira, de 1935 a 1937; Osório Carlos da Silva, de 1938 a 1940; Osvaldo Albuquerque Leal, de 1941 a 1942; Antônio Caddermattori, de 1943 a 1944; e Bocácio Leão, de 1945 a 1946. Na eleição de 1946 conquistou o mandato José Pereira da Silva (1947 a 1950), do então PSD, ligado ao ludoviquismo, e na eleição seguinte, em 1950, a oposição, representada pela UDN, saiu vencedora, com Jonas Pires de Campos Júnior, que ficou de 1951 a 1955.
 
Empresário e rábula
Em função das dificuldades para reassumir o cargo de fiscal de rendas do Estado, montou uma fábrica de farinha de milho, a Indústria Três Marias; foi secretário da Câmara Municipal; e atuou como rábula, pelos conhecimentos jurídicos e sua disposição em atender, em especial, as pessoas carentes. Chegou a ser convidado pelo seu parente, Romeu Pires de Campos Barros, que era conselheiro da Seção de Goiás da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), para se inscrever na entidade, por já atuar profissionalmente na área, mas não aceitou. Muitos advogados o consultavam para obter orientações nos processos em que atuavam, ou assinavam por ele em vários processos, pois não era inscrito na OAB, e também elaborou discursos para diversos amigos e candidatos. Inclusive, deixou rascunhos de livros que não concluiu.

Sempre envolvido em política e amigo pessoal do deputado federal Jalles Machado, aceitou o convite do correligionário e trabalhou bastante na campanha do filho dele, Otávio Lage, para o Governo de Goiás, em 1965, que foi vitoriosa. Alguns dias após a sua posse, em 1966, o Governador ligou para ele em sua casa, às 6h da manhã, avisando que tinha assinado sua reintegração no cargo de agente fiscal do Estado, no qual permaneceu até se aposentar. Otávio e a mulher, dona Marilda Fontoura de Siqueira, em algumas ocasiões, visitaram Jonas e família em sua casa, em Trindade, para um café com biscoito. Certa vez recebeu uma telefonema do Governador pedindo seu apoio ao novo Juiz da cidade, Sebastião Herculano Fleury Curado, combatente na II Guerra Mundial e que de vez em quando tinha crises pessoais em função das sequelas dessa participação no conflito.
 
Família
Bonita e simpática, Maria Madalena, que era gêmea e conhecida como ‘Quita’, viveu 59 anos, passando momentos difíceis quando diagnosticada com câncer e falecendo em 1987. Ela não estudou, fazendo apenas o curso primário no Colégio Santa Clara, em Campinas, quando seu pai, Osório Carlos da Silva, foi secretário do prefeito de Goiânia, Venerando de Freitas Borges. Muito querida por todos que a conhecia e com ela conviveu, cuidou dos sete filhos, todos nascidos em Trindade, com amor e carinho, e mais um de criação.

Exímia costureira e bordadeira, montou e ministrou cursos de corte e costura em sua casa e oportunizou a muitas mulheres a capacitação nessa área, contribuindo, com essa sua ajuda, a tornar Trindade um centro de confecções em Goiás. “Tinha também mãos abençoadas para a cozinha”, recorda-se Maria Eugênia.


Maria Madalena Quita e Jonas Pires de Campos Barros, 1980 (Foto: álbum de família)

 
Dois filhos envolvidos com a política 
Os dois primeiros filhos se envolveram com a atividade política.

Primogênito, Ataliba estudou na Escola Santo Afonso e no Ginásio Estadual Divino Pai Eterno. Começou a trabalhar ainda jovem, no escritório de contabilidade de seu avô materno, Osório Carlos da Silva, indo de bicicleta, pela manhã, buscar os livros de registro contábil nas empresas clientes, e, à tarde, os devolvia. Em seguida, foi ajudar o pai na fábrica de farinha de milho e fubá. Como era menor e o pai, que era o proprietário da indústria, tinha que se desincompatibilizar para se candidatar a um cargo eletivo, ele foi emancipado aos 17 anos para assumir a direção da empresa, na qual ficou um bom tempo. Depois, passou em concurso público para o Cartório de Registro de Imóveis e de Registro Civil de Santa Bárbara, após a emancipação da cidade, mas ficou pouco tempo, diante do pequeno movimento financeiro. Posteriormente, passou a representar uma indústria de produção de máquinas e material de bilhar, do Paraná, e a adquiriu dois anos depois, estando na área até agora.


Os planos de Ataliba para a política não foram adiante: em 1992 candidatou-se a Prefeito de Trindade pelo Partido Democrata Cristão (PDC), trabalhou bastante, encontrou receptividade entre os eleitores, mas foi atropelado pela máquina do situacionismo e não conseguiu se eleger; dois anos depois, novamente pelo PDC, candidatou-se a Deputado Estadual, mas perdeu um filho e não foi feliz no projeto. A filha Juliana é casada com o empresário Jaíldo Duarte de Aguiar, das lojas Fortaleza, e o casal tem dois filhos, José de Aguiar Neto e Júlia; e o filho Júlio César foi casado com Marilene Alves e eles tem duas filhas: Natália, farmacêutica, que trabalha no laboratório Teuto, em Anápolis, e Ana Clara, 12 anos.   

Batista estudou na Escola Santo Afonso e no Colégio Divino Pai Eterno, trabalhou no Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural) – contribuição social que ajudou muitos empregados do campo a ter direito à aposentadoria –, elegeu-se Vereador em 1995, pela Aliança Renovadora Nacional (Arena), e cumpriu um mandato. Atualmente mora em Brasília. Do primeiro casamento teve quatro filhos – Kassandra, que reside em Cuiabá, MT; Karine, professora da disciplina Química na rede estadual e na Fundação Bradesco, em Várzea Grande, MT, e é casada com Robson Barreto, com quem tem dois filhos: Gabriele e Luís Barreto da Silva Neto; Karla, cabo do Corpo de Bombeiros de Cuiabá; e Batista Filho, que trabalha com vendas e é casado com Raiane F. Sombra Pires de Campos. Do relacionamento com Valdivone Maria da Silva tem uma filha, Maria Clara Pires de Campos, que nasceu em Luiz Eduardo Magalhães, BA, onde reside.
 
Duas filhas
         Quita e Jonas tiveram duas filhas:

Maria Eugênia estudou no Educandário Santa Terezinha, fez o ginasial no Colégio Divino Pai Eterno e o Curso Normal, hoje Magistério, na Escola Normal São José, e se formou em Economia pela Universidade Católica de Goiás. Trabalhou na Agenda Trindade, foi professora no Colégio Divino Pai Eterno e na Escola Cacilda Becker, em São Paulo. Casou-se com o empresário Gilberto Bortoletto e se mudou para São Paulo, onde a família dele tinha uma indústria na área de metalurgia e plástico; eles tem duas filhas: Vanessa, publicitária, e Marianne, arquiteta, que reside em Goiânia.

Maria José estudou no Grupo Escolar Menino Jesus, Colégio Estadual Padre Pelágio e fez o curso técnico em contabilidade; foi bancária, trabalhando no Banco do Estado de Goiás, e atualmente é funcionária pública, assessorando a deputada federal Flávia Morais, do PDT. Casou-se com Edevar Corrêa e eles têm três filhos: Edevar Júnior, Paulo César – casado com Maísa Bitencourt, com quem tem uma filha de dois anos, Gabriela – e Murilo Campos Corrêa.
 
Estados Unidos
Quarto filho, Sílvio estudou no Educandário Santa Terezinha e no Colégio Estadual Padre Pelágio, e atualmente mora em Hudson, estado de Massachusetts, onde tem uma marcenaria. Ele se casou primeiro com a goianiense Aparecida Rosa de Oliveira, com quem tem quatro filhos – José Humberto, também goianiense, que mora em Denton, Texas, trabalha para a Spaceexcess e Toyota, e se casou três vezes: com Edina Maria Alves Borges, goiana de Damolândia, com quem teve um filho, que recebeu o nome do pai; depois, com Frida Carina, nascida em Lima, Peru, e eles tiveram um filho, Nicholas Alexander Campos Vargas, natural de Framingham Massachusetts; e atualmente está casado com Anna Pires de Campos, nascida em Almaty, Cazaquistão, com quem tem um filho, Daniel Adrian Pires de Campos; Sílvia, goianiense; Gisele, nascida em Trindade, que tem um filho, João Victor Campos Gondim, também trindadense; e Jonas Pires de Campos Neto, de Trindade, casado com Andreia Rezende dos Reis Pires, igualmente de Trindade, e eles tem dois filhos: Gabriel Pires de Campos Rezende, também trindadense, e Ana Clara Rezende Pires de Campos, goianiense.

Sílvio casou-se pela segunda vez com Edilene Martins, natural de Trindade, onde nasceram suas duas filhas – Cintya, que se casou com Sidney Silveiro Silva, de São João do Oriente, MG, com que tem três filhos: Yasmim, Melissa e Gabriel, nascidos em Hudson, EUA; e Laís, casada com Júlio César Soares, de Londrina, PR, e o casal tem um filho, Jhonas Campos Soares, nascido em Hudson, EUA.
 
Restaurante, vendas e cavalos
O sexto filho, Antônio, estudou na Escola Menino Jesus e no Colégio Estadual Padre Pelágio, onde conclui o curso técnico. Morou uns tempos no Tocantins, trabalhando como fiscal. Voltou para Trindade, trabalhou na secretara do colégio estadual e hoje é proprietário do restaurante Monjolo, na Capital da Fé goiana.

O sétimo filho, Humberto, estudou no Educandário Santa Terezinha e no Colégio Estadual Padre Pelágio, mora em Trindade e trabalha com vendas. Foi casado com Liliam Ferreira de Oliveira e tem três filhas: Alline, que tem dois filhos, Guilherme e Gabriela; Renata, que reside em São Paulo, Capital, onde é professora; e Thaís, formada em administração e que trabalha numa construtora.

Filho de criação, André Luiz Ferreira Fernandes nasceu em Goiânia em 1971, estudou no Educandário Santa Terezinha, reside em Paraíso do Tocantins, TO, e trabalha com venda de cavalos. Foi casado com Regina Vieira Coelho Fernandes, de Iracema, TO, onde nasceram os três filhos: Andreia, Luiz André e Maria Regina. Atualmente está casado com Suzana Aparecida Borges Souza, também de Paraíso do Tocantins, onde nasceu a filha deles, Joana Luíza.
 
Viúvo, Jonas casou-se pela segunda vez, em 1990, agora com Maria de Fátima Borges, e faleceu de enfarto em 1993.
 

Comentários

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  • 07.06.2020 12:25 Karol

    Engraçado que eu saiba o Batista deve um relacionamento extraconjugal com essa Valdivone!!! Cade o nome da Primeira esposa do Batista onde deve os filhos e o nome da Edy...

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