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Doença moderrna

Médica explica diferença entre alergia e intolerância alimentar

Naflésia Bezerra é professora da UFG | 07.07.20 - 08:43 Médica explica diferença entre alergia e intolerância alimentar (Foto: divulgação)
A Redação

Goiânia
Com o objetivo de chamar a atenção para a relevância do assunto, a Organização Mundial de Saúde (OMS) criou o Dia Mundial da Alergia, celebrado todo dia 8 de julho.  A OMS ressalta que a alergia pode, inclusive, levar à morte.
 
Dentre os diversos tipos de alergia, encontra-se a alimentar, que é o tema desta entrevista com a doutora em Ciências da Saúde, professora da Universidade Federal de Goiás (UFG) e médica gastropediatra do Hospital das Clínicas da UFG, vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), Naflésia Bezerra Oliveira.
 
O que é alergia alimentar e por que ela é considerada uma doença moderna?
A alergia alimentar é uma resposta imunológica anormal do organismo que ocorre após a ingestão e/ou contato com determinado alimento. Ela é considerada uma doença grave, dada à possibilidade de anafilaxia e morte. Além disso, em outras situações, o paciente pode apresentar diarreia crônica, má absorção intestinal e desnutrição.
 
 A prevalência da alergia alimentar tem aumentado em todo o mundo, principalmente em países desenvolvidos. Alguns trabalhos apontam como um dos fatores responsáveis por esse aumento o que se passou a denominar de “Teoria da Higiene”, que relaciona o aumento da suscetibilidade de doenças alérgicas às pessoas que não foram expostas na infância a agentes patogênicos, como os micro-organismos e os parasitas.
 
Ainda, segundo essa teoria, a convivência com micro-organismos pouco agressivos ao homem, presentes naturalmente nos ambientes no passado, auxiliava na modulação da resposta, já que esse contato nas primeiras fases de desenvolvimento evitava respostas imunológicas exageradas a substâncias estranhas ao longo da vida.
 
Em poucas palavras, diga-nos o que a difere da intolerância alimentar.
A principal diferença é que a alergia alimentar é uma resposta imunológica e as reações são reprodutíveis e desencadeadas por um alimento específico; já a intolerância alimentar é uma deficiência do indivíduo na digestão e/ou na absorção do alimento.
 
Cite os principais alimentos responsáveis pela alergia alimentar.
Os alimentos mais comuns e responsáveis por 80% das manifestações alérgicas são: o leite de vaca, a soja, o ovo, o trigo, o amendoim, a castanha, o peixe e os crustáceos. Ultimamente, novos alérgenos têm sido descritos, tais como kiwi, gergelim, mandioca, arroz, aveia, banana, entre outros.  Em crianças, a alergia alimentar mais comum é ao leite de vaca.
 
Quais são os principais fatores de risco para alergia alimentar e como ela mais comumente se manifesta?
As alergias alimentares são classificadas de acordo com o mecanismo envolvido, ou seja, o tipo de reação imunológica apresentada pelo paciente, sendo denominadas IgE mediada, não IgE mediada e mista. Nas alergias mediadas por IgE, o fator genético é muito importante.
 
Já nas alergias não mediadas por IgE, a imaturidade do trato gastrointestinal é o fator mais relevante.  Sendo assim, quanto mais precoce a introdução da proteína do leite de vaca na dieta da criança, maior a chance de desenvolver alergia alimentar.
 
As alergias alimentares não IgE mediadas apresentam manifestações principalmente no trato gastrointestinal, tais como: vômitos, diarreias, sangue nas fezes entre outros, e tendem à resolução entre o primeiro e segundo ano de vida.
 
As alergias IgE mediadas têm como manifestações:  urticárias, anafilaxia, entre outras. Apresentam resolução mais tardia e podem permanecer até a vida adulta.
 
Como ocorre o diagnóstico da doença?
O diagnóstico de alergia alimentar é feito através de uma história clínica detalhada e do exame físico, que podem ser complementados por testes alérgicos e com a realização do teste de provocação oral (TPO), que consiste na retirada do alimento suspeito por um período de duas a quatro semanas. Caso o paciente apresente melhora clínica, o alimento é reintroduzido na dieta novamente e, se voltar a apresentar o mesmo sintoma, o diagnóstico será confirmado.
 
No caso de alergia alimentar IgE mediada, o paciente deverá ser submetido a dosagem sérica de IgE total e específico e/ou prick test  e, se for necessária a realização do TPO, este deve ser realizado em ambiente hospitalar ante o risco de anafilaxia e/ou diagnóstico.
 
O médico é o profissional da saúde a ser procurado para tratamento. O especialista em Gastroenterologia pediátrica e o Alergista são os mais indicados para um correto diagnóstico e manejo da alergia alimentar.
 
O HC-UFG tem um ambulatório de referência em alergia alimentar infantil e atende ao Sistema Único de Saúde (SUS). É composto por alergistas, gastropediatras e nutricionistas.
 
 A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) é o órgão brasileiro que regulamenta a nossa segurança alimentar e, nesse papel, em virtude das alergias produzirem sintomas que vão desde a irritação até manifestações que põem a vida em risco, editou norma importantíssima para a indústria de alimentos rotular seus produtos com declaração de alérgenos, ou seja, produtos que causam alergias.
 
Como deve ocorrer a prevenção no que se refere à alergia alimentar?
A vacina é o mais eficaz instrumento de prevenção de doenças.  A sua importância é reconhecida mundialmente. Apesar de algumas vacinas terem como base componentes o ovo e o leite, por exemplo, não são, normalmente, contraindicadas.
 
As recomendações atuais para a vacina da influenza são:
 
- Pacientes Alérgicos ao ovo de qualquer gravidade podem receber a vacina a partir do 6º mês de vida;
 
- Pacientes com história prévia de anafilaxia ao ovo devem preferencialmente ser vacinados em ambiente seguro, com supervisão médica;
 
- Não está indicada a aplicação da vacina influenza em doses fracionadas para alérgicos ao ovo;
 
- Não há necessidade de precaução adicional posterior à administração da vacina, mas a observação por tempo maior pode ser orientada a critério médico;
 
- A prática recomendada para aplicação de todas as vacinas em crianças deve induzir à capacidade de reconhecer e tratar reações de hipersensibilidades agudas;
 
- Reações à vacina da gripe podem ser secundárias a hipersensibilidades a outros componentes da vacina e, em casos de reações prévias, o paciente deverá ser avaliado por um especialista para as orientações de como proceder nas doses futuras.
 
Há cura para doença ou somente controle?
O tratamento da alergia alimentar é feito através da exclusão da dieta do alimento que desencadeou os sintomas (alérgeno). As orientações devem ser fornecidas por escrito visando à substituição do alimento excluído e evitando-se deficiências nutricionais. O paciente deve estar sempre atento, verificando os rótulos dos alimentos industrializados, buscando identificar nomes relacionados ao alimento que desencadeou a alergia.
 
No caso da alergia à proteína do leite de vaca, essa proteína deve ser substituída por fórmula infantil e nutricionalmente balanceada para nutrição da criança. São utilizadas fórmulas infantis extensamente hidrolisadas ou fórmula de aminoácido.
 
Já na alergia não IgE mediada em crianças maiores de 06 meses pode ser utilizada fórmula infantil com proteína da soja.
 
 
8. Considerações finais.
A alergia alimentar é realmente um problema de saúde pública e, como tal, deve ser visto. Ainda não temos vacinas e sim informações a serem seguidas, tais como: aleitamento materno exclusivo até 06 meses e complementar aos 02 anos ou mais; a introdução alimentar aos 06 meses de vida, inclusive com principais alergênicos, como forma de prevenção.

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