Théo Mariano
Goiânia - A atuação do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, é investigada pela Polícia Federal e o Ministério Público Federal (MPF) por suposta ligação com integrantes da família Dacroce, suspeita de grilagem de terras públicas no Pará. A informação foi revelada pela IstoÉ, em matéria assinada por Ricardo Chapola.
Segundo documentos obtidos pela revista, mesmo ciente das investigações sobre a prática de grilagem de terras e da ilegalidade da madeira extraída, Ricardo Salles visitou uma das fazendas dos Dacroce e chegou a defender a família. Tal ação culminou, inclusive, em denúncia feita pelo delegado da Polícia Federal Alexandre Saraiva, que foi exonerado do cargo de superintendente da PF do Amazonas um dia depois.
Saraiva denunciou Salles ao STF por "advocacia administrativa e por obstar ação fiscalizadora do Poder Público". O principal alvo da investigação é Walter Dacroce, que seria o manda-chuva da família no esquema de grilagem. O ministro do Meio Ambiente também criticou a Operação Handroanthus, que investiga práticas de extração ilegal de madeira, no início deste mês.
Segundo o inquérito encaminhado pelo delegado citado, Salles e o senador Telmário Mota (Pros-RR) dificultaram a fiscalização de questões ambientais. Para a polícia, o objetivo de ambos era "obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante práticas de infrações penais de crimes de receptação qualificada e crimes ambientais".
Nesta semana, líderes da oposição na Câmara dos Deputados se reuniram para discutir possível abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar possíveis crimes ambientais cometidos pelo governo federal. Para ser instalada, a CPI precisa ser chancelada em requerimento por 171 deputados federais.