José Abrão
Goiânia – O cantor Pedro Santos, de 22 anos, denuncia que foi impedido de cantar em uma Igreja Adventista do Sétimo Dia no bairro Solar Ville, em Goiânia. O motivo, segundo o jovem, teria sido o seu cabelo encaracolado e volumoso. O caso aconteceu na noite do último sábado (05/6).
Pedro faz parte de um quarteto que foi convidado para se apresentar durante o culto, mas ele teria sido impedido de se apresentar pelo responsável pela igreja por “não estar adequado”.
“O ancião não deixou que eu cantasse por causa do meu cabelo. Tentamos conversar, mas não adiantou. Tivemos que ir embora”, relata Pedro ao jornal A Redação. “É um sentimento... muito estranho. É a primeira vez que isso acontece comigo”, conta.
Nesta segunda-feira (07/6), o jovem foi à delegacia acompanhado de um advogado e registrou um Boletim de Ocorrência por racismo no final da tarde.
A Igreja Adventista do Sétimo Dia enviou uma nota de esclarecimento sobre o caso:
A Igreja Adventista do Sétimo Dia em Goiás esclarece que não compactua com nenhuma forma de discriminação e que está apurando um possível desentendimento entre seus membros no último sábado (5), envolvendo uma pessoa que se sentiu vítima de algum tipo de discriminação. Vale ressaltar que o membro em questão possui um ministério musical e tem se apresentado em diversas congregações adventistas do estado, há anos. A instituição lamenta que ele tenha se sentido ofendido nessa ocasião.
Ao mesmo tempo, a igreja reforça seu posicionamento e orientação totalmente favoráveis ao tratamento amorável, cordial e bondoso em relação às pessoas que se aproximam da comunidade adventista. Inclusive o amor ao próximo e o acolhimento são aspectos permanentemente trabalhados junto à liderança das congregações.
A igreja reitera, ainda, que foi votada, em âmbito mundial, no ano de 2020, uma declaração sobre racismo, sistema de castas, tribalismo e etnocentrismo. O documento norteia as ações das igrejas locais nesse sentido. Além disso, a organização já possuía uma declaração contrária ao racismo, datada de 1985.
O documento, do ano passado, afirma que “mantemos nossa fidelidade aos princípios bíblicos de igualdade e dignidade de todos os seres humanos diante das tentativas históricas e contínuas de usar cor da pele, lugar de origem, casta ou linhagem percebida como um pretexto para um comportamento opressivo e dominador. Essas tentativas são uma negação de nossa humanidade compartilhada, e deploramos toda agressão e preconceito como uma ofensa a Deus”.
Diante dos fatos, a Igreja Adventista em Goiás se coloca à disposição das autoridades para colaborar com o caso.
Assessoria de Imprensa da Igreja Adventista em Goiás