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Goiânia

Colégio Pedro Gomes: memórias do início da instituição de ensino

Ex-aluno relembra momentos marcantes | 09.07.21 - 13:34 Colégio Pedro Gomes: memórias do início da instituição de ensino Carlos Braga recebe o diploma de conclusão do ginasial da professora Sueli Fraissat. Na mesa, o radialista Castro Filho, depois ministro do STJ. (Foto: arquivo pessoal)
Jales Naves
Especial para o jornal A Redação

Goiânia Uma das principais escolas públicas do país nos anos 1960, pela qualidade do ensino que ministrava, pelas muitas atividades que realizava e pelos prêmios que seus alunos conquistavam, nas mais diversas áreas, o Colégio Estadual ‘Professor Pedro Gomes’ marcou época em Goiânia e é sempre lembrado por alunos e docentes. Goiano de Mairipotaba, onde nasceu em 1945, Carlos Roberto Braga do Carmo veio para a Capital em 1957, ano em que começou a estudar no Ginásio Estadual de Campinas (GEC), no qual concluiu o ginasial, já no novo colégio que o substituiu, e completou o ensino médio em 1963. Nesse ano passou no vestibular para a Faculdade de Direito da Universidade Federal de Goiás, começou o curso em 1964, quando retornou ao então ‘Pedro Gomes’ para lecionar Ciências Biológicas, após aprovação em concurso público.
 
Para ele, a qualidade do ensino podia ser medida pelo fato de que seus alunos, que terminavam o II Grau (Científico), passavam direto no vestibular, “sem cursinho”. E enumerou, dentre as muitas atividades extracurriculares de iniciativa dos próprios alunos, o Clube de História, para discutir questões relevantes; a Biblioteca Literária Social (BLS), iniciativa do líder estudantil Nelson Figueiredo, que promovia debates e revelou bons nomes para a política; os concursos de oratória, que revelaram grande tribunos; e a Semana de Ciências, com exposição de trabalhos feitos pelos alunos, com destaque para a criatividade e a praticidade dos inventos.
 
Os alunos eram de famílias de classe média, e um se destacava, Elson Veloso (Despachante Veloso), que possuía um carro importado. Muitas alunas eram elogiadas pela beleza, e Armênia Nercessian chamava atenção pelos seus olhos azuis, parecidos com os da atriz Elizabeth Taylor.
 
Todos os governadores e prefeitos, como ressaltou, faziam questão de visitar o Colégio, sendo que quem mais vezes apareceu foram Mauro Borges e o marechal Ribas Junior. O prefeito Hélio de Brito fazia audiências públicas no Cine Campinas e três campineiros se tornaram mandatários em Goiânia: Iris Rezende Machado, Rubens Guerra e Francisco (Chiquinho) de Castro.
 


Em 1973, Carlos Braga, prefeito de Mara Rosa, e Chiquinho de Castro, prefeito de Goiânia
 
Campinas
Carlos Braga veio com a família da Cidade de Goiás, onde residiam, instalando sua residência em Campinas, já que muitos familiares moravam no bairro, mais precisamente na rua Senador Morais Filho, na praça da Igreja Matriz, e a opção de estudo foi o então GEC, que funcionava na av. Minas Gerais. Era o ano de 1957. Ele se recorda que dois anos depois, em 1959, a diretora Ligia Maria Coelho Rebello comunicou que o Ginásio iria mudar de prédio, e pediu que todos os alunos ajudassem na limpeza das novas instalações, a sede definitiva, na av. Sergipe, na Vila Abajá. Já no segundo semestre desse ano participaram da mudança, carregando os móveis, equipamentos, cadernos e livros. Em 1960 o nome da escola foi alterado, para Colégio Estadual de Campinas e em 1961 para Colégio Estadual ‘Professor Pedro Gomes’.
 
Dona Ligia Rebello era casada com o professor Percival Xavier Rebello, que foi diretor da Faculdade Federal de Farmácia, e eles tiveram seis filhos: Maria Helena Xavier Rebello Guimarães, que se casou com o professor Trajano de Sá Guimarães; Maria Adelaide Rebello Teixeira, casada com o deputado estadual Juraci Teixeira; Percival Xavier Rebello Filho; Possidônio Guilherme Rebello; Peterson Xavier Rebello; e Péricles Xavier Rebello.
 
“Era uma diretora enérgica, que administrava o Colégio como sua família. Não deixava nada passar despercebido. Exigia uniforme completo, inclusive a cor das meias, o que era fiscalizado na entrada das salas de aula pelos chefes de disciplina (bedéis): Adail Augusto (Dadá), que se casou com a bela professora Robinete Santana (neta da professora Valentina Kern); Hildebrando Carlos de Alarcão, apelidado de ‘Javali’, por causa de um canino saliente; e Mário Nunes, também seresteiro.
 
Qualidade do ensino
O ensino era da mais alta qualidade – conforme explicou – e tinha como professores vários ex-seminaristas, como Trajano de Sá Guimarães, Douglas Avanço, Onofre de Castro, Fernando Plaza Mallea, Manoel Lima, Nilton Rodrigues (depois diretor) e Carlos Matos (português). O professor de Ciências era o juiz Fausto Xavier de Rezende, que chegou a desembargador do Tribunal de Justiça do Estado. Completavam a equipe os professores Valentina Kern Paes Barreto, suíça, e Décio Jaime, que lecionavam Inglês; Horieste Gomes, Mary Yazigi e Terezinha de Alencastro Veiga Lobo (Leleza), Geografia; Modesto Gomes e Uaded Rassi, História; José Luciano da Fonseca e Zarqueo Afonso da Costa, Matemática; Julpiano Chaves Cortez, Zélio Fraissat, Fábio Martini, Hermes Sperandio, José Leite Braga, Percival Xavier Rebello Filho “e tantos outros da maior estirpe”.
 
Um indicador para se avaliar a qualidade de ensino era a preparação dos alunos, que terminavam o ensino médio e passavam direto no vestibular, sem a necessidade de fazer um cursinho, ao enumerar a maioria dos médicos e profissionais liberais formados naquela época. Citou, dentre muitos, João Batista de Abreu (Tabinha), Nicolau Saad e Romel Tavares, renomados médicos, que passaram no vestibular da Universidade Nacional do Rio de Janeiro.
 
Em 1960, a professora Maria da Conceição Paixão (Dona Zizi), que posteriormente foi Diretora, lecionava História e incentivou os alunos a criarem um núcleo de estudos da área. Juntamente com Marco Antônio da Silva Lemos e Bernardino Granja Campos, Carlos fundou o Clube de História, do qual foi Presidente, que teve uma participação efetiva no estímulo à leitura e ao debate dos fatos relacionados com acontecimentos mundiais (auto determinação dos povos, apartheid, revolução cubana), nacionais (construção de Brasília no Planalto Central), goianos (impacto da reforma administrativa do governo Mauro Borges – Plano MB, até hoje lembrado) e goianienses (sentimento de bairrismo em relação a Campinas). Completava essas ações com os concursos de oratória, onde se destacavam Charife Oscar Abrão, Nelson Lopes Figueiredo e tantos outros, e a Semana de Ciências, quando os alunos mostravam, em trabalhos bem elaborados, sua criatividade e nível de conhecimento.
 
Nesse ano, ao concluir o curso ginasial, Carlos Braga foi o orador da turma, recebendo o diploma da professora Sueli Fraissat. Na mesa, o radialista Sebastião de Oliveira Castro Filho, mais tarde ministro do Superior Tribunal de Justiça.


Orador que se destacava, Carlos Braga falou em nome da turma de 1960
 
Movimentação estudantil
Os estudantes do Colégio sobressaiam em suas iniciativas e lutas, e logo organizaram a sua entidade política, o Grêmio Literário ‘Professor Paulo Setubal’, que teve como primeiro presidente José Júlio dos Reis, que também era gerente do Banco do Estado de Goiás (BEG) da avenida 24 de Outubro com a rua José Hermano. “O movimento estudantil no Colégio era intenso, com a criação de atividades culturais, apresentação de peças teatrais, poesias e shows musicais”, afirmou, lembrando-se de um colega que se destacava como cantor, Roberto Pucci, que imitava Nelson Gonçalves.
 
As equipes disputavam jogos estudantis com outros colégios, e a maior rivalidade era da fanfarra do ‘Pedro Gomes’ com a do Lyceu de Goiânia. “O nosso símbolo era o Pegasus e o deles a Águia. Nós dizíamos que o ‘cavalo alado’ iria esmagá-la”, destacou, para ressaltar que “a nossa fanfarra contava com mais de 100 participantes, cuja inovação eram os bumbos na frente, com diversas coreografias, comandados por Lico, Arismar e Armando da Silva Guardiano.
 
Ao término do II Grau, Carlos Braga foi aprovado no vestibular para a Faculdade de Direito da UFG, e começou o curso em 1964, aos 19 anos, quando passou a lecionar Ciências Biológicas no Colégio Estadual ‘Professor Pedro Gomes’ e Lyceu de Goiânia. Lecionou também na Escola Técnica de Comércio de Campinas e no Ateneu Dom Bosco, até me formar em 1968. Em 1969 ele se mudou para Mara Rosa, GO, onde fez carreira política.
 

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