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Goiânia

Ginásio Estadual de Campinas comemora 71 anos de sua instalação

Unidade originou Colégio Pedro Gomes | 22.10.21 - 16:06 Ginásio Estadual de Campinas comemora 71 anos de sua instalação (Foto: Hélio de Oliveira)


Jales Naves
*Especial para A Redação
 
Goiânia - Poucas pessoas sabem e não lembro da data ter sido comemorada, diante da importância do evento e da transformação que propiciou ao então bairro de Campinas, em Goiânia, na época relegado a segundo plano pelo Governo do Estado em suas obras. Trata-se do dia 15 de abril de 1950, quando foi instalado oficialmente o Ginásio Estadual de Campinas, uma reivindicação antiga de sua população, que tinha sido preterida e aquela oportunidade significava que passaria a contar com ensino público e de qualidade, de nível secundário. Preenchia uma enorme lacuna e iria representar, a partir daí, em novos momentos para esse espaço, que tinha sido fundamental na construção de Goiânia e na sua consolidação como centro urbano e capital, e para seus moradores.
 
O Ginásio Estadual de Campinas, que antecedeu o Colégio Estadual ‘Professor Pedro Gomes’, foi criado pela Lei estadual nº 18, de 29 de outubro de 1947, sancionada pelo governador Jerônimo Coimbra Bueno, prevendo que começaria suas atividades no ano letivo de 1948, o que não aconteceu. A lei só foi publicada quase dois anos depois, na edição de 23 de junho de 1949 do “Correio Oficial do Estado”. E a cerimônia oficial de instalação ocorreria no ano seguinte, conforme um dos primeiros registros produzidos internamente, no âmbito institucional, da secretaria do colégio e anotado em livro próprio, que é o mais antigo documento da instituição.
 
Nesse ato solene houve de tudo: muito formalismo, discursos laudatórios, poesias, apresentação musical, gratidão pelo ato, encenação política e enaltecimento de personagens políticos. Foi o que enfatizou o então mestrando Vinícius Felipe Leal Machado, em artigo intitulado “Educação e instituições escolares em Campinas (GO): O Colégio Estadual Professor Pedro Gomes e os auspícios de modernidade na cidade que virou bairro”, apresentado no VI Congresso Internacional de História, em agosto de 2018, em Jataí, GO, no Campus da Universidade Federal de Goiás.
 
Como tudo aconteceu
Tudo começou, conforme a ata, às 9h, com as presenças de autoridades estaduais, locais, dirigentes, professores e alunos, além de familiares e populares. Inicialmente foi celebrada missa votiva, pelo reverendíssimo Arthur Bonot. Em seguida, no salão nobre, o professor Louvercy Olival, diretor, “em breves e corretas palavras, repassadas de entusiasmo”, deu por aberto aquele ato inaugural, congratulando-se com o povo de Campinas pelo melhoramento que acabara de conseguir. E convidou o governador Coimbra Bueno para presidir a sessão. Primeiro a falar foi o professor Geraldo Rodrigues da Paixão, em nome dos colegas, quando interpretou o sentimento dos educadores do Ginásio. Conforme a ata, “em brilhante discurso estudou, filosoficamente”, o problema da educação, mostrando quanto benefício a escola “prestará à população de Campinas”, e elogiou o Governador e o Secretário da Educação, “que tudo têm feito em benefício da instrução em todo o território goiano”.
 
Na sequência, o Governador deu posse à primeira diretoria do Grêmio Estudantil ‘Professor Setúbal’, oportunidade em que falou o primeiro presidente, Ivo Sasse, que anunciou seu programa de ação à frente da entidade e os demais membros da Diretoria empossada: vice-presidente, Breno Guimarães; secretário, Gehovah Morais; tesoureiro, Belarmino de Goiás Pinheiro; e, orador, Sebastião de Abreu. Ato contínuo, o aluno Jassônio Bonfim apresentou um número musical, um solo de gaita; o orador Sebastião de Abreu conquistou os presentes com seu discurso; e a aluna Hebe Cunha declamou a poesia “Visita à Casa Paterna”.
 
O diretor da Divisão do Ensino do II Grau da Secretaria da Educação, professor José Gonçalves Zuza, historiou a criação do Ginásio, “justa aspiração do laborioso povo de Campinas”, e, “à luz da filosofia educacional”, indicou os novos rumos que a ciência imprimiu à educação “nos tempos atuais”, sendo muito aplaudido. Na sequência falaram uma aluna do Grêmio do Colégio Santa Clara, que declamou; um estudante, representando a caravana do município goiano de Catalão; o diretor da União Goiana de Estudantes (UGE), Isorico Godoy; e novamente o aluno Jassônio Bonfim, que apresentou novo solo de gaita, ‘Serenata de Josele’; e a aluna Goianita Batista Segurado, agradecendo, em nome dos colegas, os esforços e a grande realização, em benefício da mocidade estudantil de Campinas.
 
Secretário da Educação do Estado, o médico Hélio Seixo de Brito disse do esforço do Governo para instalar o Ginásio, “uma antiga promessa do então candidato ao Governo do Estado” que naquele momento se tornava uma realidade palpável; e enumerou as realizações governamentais do período. Ainda, afirmou que a Universidade do Brasil Central era uma conquista objetiva do Governo e que a Secretaria da Educação pretendia instalar, no ano seguinte, o segundo ciclo do Ginásio. Anunciou também ter incluído, na proposta orçamentária para 1951, um milhão de cruzeiros para a edificação do prédio próprio do Ginásio, e que o Governo envidaria esforços para dotar Campinas de outras melhorias no setor educacional.
 
Ao falar no encerramento da sessão, Coimbra Bueno convocou os presentes a cobrarem dos deputados a aprovação da lei que aumentava de 1.000 para 2.000 o número de escolas rurais do Estado. Informou também que conseguira do Presidente da República ordem ao Ministro da Educação para mandar um projeto de lei federalizando a Universidade do Brasil Central e para a criação em Goiás de Escolas de Veterinária e Agronomia.

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