Entre os mais influentes da web em Goiás pelo 12º ano seguido. Confira nossos prêmios.

Envie sua sugestão de pauta, foto e vídeo
62 9.9850 - 6351

Urbanismo

Arquitetos de Goiânia afirmam ter problemas com emissão de Uso do Solo

Suspensão está em vigor desde setembro de 2022 | 03.02.23 - 21:01 Arquitetos de Goiânia afirmam ter problemas com emissão de Uso do Solo (Foto: Reprodução)

A Redação

Goiânia -
Arquitetos e urbanistas têm procurado o Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Goiás (CAU/GO) em busca de apoio para a solução de um problema que afeta toda a população da capital: a suspensão da emissão do Uso do Solo e da aprovação de projetos em Goiânia. Em 1 de setembro de 2022, o sistema de Alvará Fácil da Prefeitura deixou de funcionar. Segundo a Secretaria de Planejamento Urbano e Habitação (Seplanh), a interrupção se deu por conta da necessidade da aprovação das leis complementares ao novo Plano Diretor.

Em 17 de novembro, o Conselho obteve uma liminar estabelecendo que a Prefeitura voltasse a emitir a certidão de Uso do Solo (que informa tudo o que é permitido edificar em determinado terreno ou lote) e aprovar projetos, baseado na premissa de que tais atividades poderiam seguir as leis antigas, até a aprovação da nova legislação. A premissa parte do princípio de que os parâmetros urbanísticos e o mapa de zoneamento da cidade estão previstos no Plano Diretor. Porém, a liminar foi suspensa poucos dias depois, no dia 29.

Cinco meses se passaram desde e, em uma enquete realizada no Instagram do CAU/GO na penúltima semana de janeiro, a grande maioria dos arquitetos e urbanistas goianos consultados informou que não está conseguindo emitir o Uso do Solo ou aprovar projetos.

Entre os prejuízos, os arquitetos e urbanistas relataram o cancelamento de contratos e os transtornos dos clientes. Por não conseguirem aprovar seu projeto na Prefeitura, os clientes do arquiteto Ricardo Borges cancelaram a execução de uma obra na cobertura de um edifício comercial, no valor de R$ 1,5 milhão. “Já estava tudo certo para começar”, afirmou. “Mas com a paralisação da Prefeitura eles decidiram deixar para depois”, completou.

Demora
O arquiteto Vitor Gabriel da Silva também relatou que a demora para a emissão do Uso do Solo levou à perda de validade de outros documentos e certidões de seu contratante. “Quando o cliente nos procurou, tinha acabado de emitir a certidão de matrícula do imóvel e outros documentos de cartório”, disse. “Pedimos o Uso do Solo em 12 de setembro. Mas só conseguimos obter a certidão na primeira semana de janeiro de 2023.”

Em seguida, segundo Vitor, ao protocolar o projeto na Seplanh para obter o alvará foi observado que toda a documentação já tinha perdido a validade (que dura 90 dias). “Tivemos que andar a cidade novamente para solicitar os documentos”, afirmou.

Antes da interrupção do Alvará Fácil, a emissão do Uso do Solo se dava em 24 horas. Agora, a arquiteta Aline Miranda afirmou que a Prefeitura informa que a solicitação precisa “entrar na fila”, porém sem previsão para a emissão. Outra profissional informou que solicitou um Uso do Solo em outubro e aguarda até hoje.

O conselheiro federal do CAU/BR por Goiás, Nilton Lima, questiona que a emissão do documento atualmente seja feita apenas presencialmente. “As unidades da prefeitura oferecem poucas opções de horário e estes não são cumpridos”, diz. “Pagamos na entrada, entramos na fila e ficamos sem qualquer garantia de quando o serviço será cumprido.”

“Não tem como trabalhar”, afirma a arquiteta Luciana Kuramoto, “pois não é possível projetar sem saber se a proposta poderá ser executada”. A profissional está com dois projetos parados desde outubro, aguardando a aprovação da Prefeitura, e com cinco projetos para serem iniciados.

Queda na procura
O número de Registros de Responsabilidade Técnica (RRT) emitidos no sistema do CAU em setembro e outubro de 2022 despencou, em relação a agosto. O RRT é o documento que o arquiteto e urbanista precisa emitir junto ao CAU para realizar qualquer atividade técnica da área. Em agosto do ano passado, foram emitidos mais de três mil RRTs. Em setembro, o número passou para 2,7 mil e, em outubro, para 2,2 mil. Em novembro e dezembro, a emissão de RRTs ficou no mesmo patamar de outubro, sinalizando a redução da atividade profissional no Estado. Mais de 60% dos arquitetos goianos atuam na capital.

Para o CAU/GO, a baixa significativa de RRTs emitidos demonstra uma queda na própria atividade econômica do setor da construção civil. “É um dado alarmante”, afirma o presidente do Conselho, Fernando Chapadeiro. “Mais grave ainda é o fato de que a situação favorece a elaboração de projetos e sua execução sem documentos essenciais e sem a aprovação da Prefeitura, oferecendo riscos a toda a sociedade”, disse.
 

Comentários

Clique aqui para comentar
Nome: E-mail: Mensagem:
Envie sua sugestão de pauta, foto e vídeo
62 9.9850 - 6351