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Morre tia Joana Naves, da lanchonete de Claudinápolis

Ela estava internada em Goiânia | 19.04.23 - 08:58 Morre tia Joana Naves, da lanchonete de Claudinápolis (Foto: álbum de família)
Jales Naves
Especial para o A Redação

Goiânia - Morando desde o início dos anos 1960 em Claudinápolis, na época com ruas sem asfalto e nenhuma infraestrutura, nem mesmo bares e restaurantes, Joana Batista Naves, que tinha um armazém de secos e molhados, era sempre solicitada pelos boiadeiros e viajantes que por ali passavam para fazer comida para eles. Não havia alternativas nesse povoado, distrito de Nazário, na região Oeste de Goiás, que era cortado ao meio pela rodovia GO-060, no km 50, e tudo ficava distante. Cozinheira de mão cheia, ela passou a preparar essa alimentação, foi conquistando a todos pela comida que servia e também começou a fazer biscoitos e doces, que igualmente tinham muita saída. Essa pensão improvisada não tinha nome e como as pessoas que a conheciam diziam que iriam almoçar na tia Joana, logo o nome foi dado à lanchonete que estava surgindo e se firmou, ainda hoje.

No sábado, dia 15, internada no Hospital Jacob Facuri, em Goiânia, tia Joana, aos 95 anos, faleceu por volta de 23h30, e seu corpo foi sepultado no domingo, dia 16, no Cemitério Municipal de Trindade, cidade onde morou por sete anos, a partir de 1999, depois de cumprir a promessa de residir ali por um ano. Filha de Benedita Dias da Fonseca e Manoel João Batista, nasceu em 13.10.1927.

Ela era viúva de Artur Rodrigues Naves, nascido em Corumbaíba (GO), como ela, e 10 anos mais velho; casaram-se em 1945 e fixaram residência no povoado de Fartura, nas proximidades do rio com esse nome, no município de Mossâmedes, GO, onde nasceu o primeiro filho, Sebastião Rodrigues Naves, em 1946. Cinco filhas nasceram em Turvânia e, a sétima, em Goiânia. Artur, filho de Francisco Rodrigues Naves e Maria Tereza de Jesus, faleceu em 1965.
 
 (Artur Rodrigues Naves e Joana, no casamento, em 1945. Foto: álbum de família) 

Armazém e lanchonete
Artur e Joana estudaram até o terceiro ano primário e depois do casamento, em Santa Bárbara de Goiás, decidiram organizar suas vidas no comércio. Montaram uma pequena loja no Fartura, uma das primeiras do povoado, onde vendiam de tudo; em seguida, igualmente atuando no comércio, eles se mudaram para o vilarejo de Poções, às margens do córrego com esse nome, que depois seria emancipado como Turvânia; e em 1961 se fixaram em Claudinápolis, também com uma loja em que ofereciam de tudo, de tecidos, gêneros de primeira necessidade a querosene e outros produtos. Na época, ele ia de carro de boi a Anápolis para abastecer o seu armazém e a viagem durava em média 20 dias, conforme o tempo ajudasse.

A atividade comercial era meio desgastante, pois vendia muito para pagamento posterior e às vezes o recebimento era demorado. A opção pelo fornecimento de alimentos começou como pedido dos viajantes e foi se firmando, quando ainda oferecia salgados, refrigerantes e bebidas; com a morte do marido e já com o nome conhecido, Joana montou a lanchonete, mais viável, pois o pagamento era a vista, e, aos poucos, foi se desfazendo do armazém e dos problemas que gerava. Com o tempo, a lanchonete se firmou e passou a ser uma referência regional, conquistando seu espaço e se consolidando, até hoje, por oferecer produtos de qualidade e excelência no atendimento.

Joana gostava também de bordar nas horas vagas, especialmente colchas, que distribuía aos familiares, e tinha paixão por plantas e flores, cuidando com esmero do jardim. Muito católica, alegre e comunicativa, estava sempre fazendo novas amizades, e onde se fixava logo criava grupos de reza; quando morou em Goiânia, no Jardim América, formou um grupo de 20 casais para esses encontros religiosos: foi a penúltima a falecer, restando agora apenas um casal.
 
Filhos
O casal teve sete filhos. O primogênito, Sebastião, primeiro mudou-se para Goiânia, para estudar; aventurou-se por São Paulo, para trabalhar; depois foi para Caxias do Sul, RS, onde atuou no ramo imobiliário e empresarial; casou-se com Marivone Maria Prigol, teve um casal de filhos – Nilo César Naves e Patrícia Gabriela Naves –, separou-se; e só muito depois retornou a Goiás, para ajudar na lanchonete, onde continua. A segunda filha, Maria Tereza, era para ter sido registrada como Maria Lúcia, como todos a chamavam em casa, mas prevaleceu a homenagem à avó paterna; ela se formou em Economia e Educação Física, pela Esefego, atuou profissionalmente em Goiânia, como professora, e se casou com o médico ortopedista Miguel Cândido Ferreira, com quem teve um casal de filhos: André Batista Cândido Ferreira é publicitário em São Paulo e Mariana formou-se em Administração de Empresas.
 

(Joana com os filhos. Foto: álbum de família)

Terceira filha, Regina Celes estudou contabilidade, teve uma lanchonete no Setor Sul, em Goiânia; foi feirante; e ao mesmo tempo trabalhava na Lanchonete Tia Joana, em Claudinápolis. Em seguida, passou a atuar na produção, em especial de salgados, e fazia de tudo; faleceu em 2019, de câncer, doença que a acometeu um ano antes. Foi casada com José Alves da Silva, goiano de Paraúna, comerciante, e tiveram três filhos: Artur Vinícius Naves di Paulo, Aniella Regine Naves di Paulo e Alexandra Carla Naves di Paulo, todos nascidos em Goiânia. Arthur Vinícius, que trabalha no comércio, casou-se com a cearense Elenita Bento dos Santos e tem dois filhos, Elizabeth e Samuel; e Alexandra Carla, que atua com vendas e estudou Administração, tem um filho, Matheus. Aniella Regine mora, desde 2005, na Europa, inicialmente em Portugal e depois na França, atualmente trabalhando na área de estética; casou-se com o português Carlos Luís de Moura e ele, seguindo a tradição, passou também a assinar Naves.

Lucibel, quarta filha, fez Serviço Social e se mudou para Brasília em 1979, onde trabalhou no Governo do Distrito Federal até se aposentar. Não se casou, adotando e criando como filha a brasiliense Bárbara Naves, que nasceu em 1997. Quinta filha, Maria José Naves começou o Curso de Jornalismo na Universidade Federal de Goiás em 1974, mas não o concluiu, retornando a Claudinápolis para ajudar a mãe na lanchonete e também se tornou fazendeira; tem uma filha, Maria Júlia, com o paulistano Sulivan Pereira de Oliveira. Ela reside nesse distrito, na rua Artur Rodrigues Naves, uma homenagem a seu pai pelo pioneirismo, e na qual fica também a lanchonete.

Sexta filha, Maria de Fátima de Jesus Batista Naves graduou-se em Administração na Universidade Católica de Goiás, trabalhou na Secretaria de Saúde do Estado e foi para Brasília em 1994, para atuar, como consultora, no Ministério da Saúde; em 2005 passou em concurso público de analista administrativo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). É casada com Eliane Solon Ribeiro de Oliveira, analista ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama), aposentada desde 2013.

Terezinha Maria Naves Mecenas foi a única filha a nascer em Goiânia. Formou-se em Pedagogia e trabalha no comércio; casada com Danilo Lobo Mecenas, funcionário do Ministério da Educação, lotado no Instituto Federal Goiano, campus Trindade; eles têm um filho, Gabriel Naves Mecenas, também goianiense, de 1994. A afilhada Rosilda Maria das Dores, nascida em Turvânia, em 1948, foi criada como filha pelo casal, até 1970, quando se casou e foi morar em Brasília, ali trabalhando como feirante; faleceu em 2013. Tem uma filha com Osmar Carneiro Mendonça, Ana Paula Carneiro, nascida em 1976.
 

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