Michelle Rabelo
Goiânia - Criação urbanística de Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, inaugurada sem estar completamente pronta, possuidora de uma das maiores áreas tombadas do mundo e reconhecida como Patrimônio Mundial pela Unesco em 1987. Brasília é cercada de fatos e curiosidades que ganharam popularidade ao longo dos seus 63 anos. Mas um deles ainda é pouco conhecido. Ou era - até a noite desta sexta-feira (30/6), quando o jornalista e escritor Iúri Godinho lançou seu mais recente livro: 'Como Goiânia Construiu Brasília - Volume 1 - 1951/1955'. A apresentação ao público ocorreu na sede da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Goiás (Fecomércio-GO), no Setor Marista.
Na publicação, que tem o selo da Contato Comunicação, Godinho resgata, por exemplo, a desapropriação de uma área pertencente ao Estado de Goiás e que deu lugar o atual Distrito Federal. "Políticos goianos se movimentaram intensamente para a construção da nova capital. Foi o então vice-governador de Goiás, Bernardo Sayão, inclusive, quem colocou o primeiro marco de Brasília, levantando dois aeroportos e abrindo a estrada até lá", traz um trecho do livro.
(Foto: Letícia Coqueiro/A Redação)
Entre os convidados ilustres da noite de lançamento estava o ex-deputado federal Vilmar Rocha, que fez questão de destacar a importância histórica do novo projeto de Iuri Godinho. "Pedro Ludovico fez Goiânia e mudou a história de Goiás. Juscelino Kubitschek fez Brasília e mudou a história do Brasil. Mas o que pouca gente sabe é que a relação entre os dois mudou a nossa sociedade. O que o Iúri está fazendo hoje é um serviço de utilidade pública. Contando para a nova geração uma parte fundamental do passado."
Vilmar Rocha (Foto: Letícia Coqueiro/A Redação)
Ao longo das 218 páginas, e com mais de 100 fotos inéditas, o jornalista reúne fatos históricos que mostram que Brasília não seria construída sem importantes personagens coadjuvantes. "Um integrante da Comissão de Localização veio até Goiânia, sem o conhecimento do então presidente Café Filho, e avisou Juca Ludovico (governador de Goiás) sobre a urgência da desapropriação das terras. Juca convoca seu secretariado, empresários, representantes da OAB e o então presidente da Federação do Comércio. Juntos, eles decidem desempossar a área", conta Iúri.
Presidente da Fecomércio, Marcelo Baiocchi (Foto: Letícia Coqueiro/A Redação)
Registro histórico
“Como Goiânia Construiu Brasília” conta como a Usina de Cachoeira Dourada uniu os governadores de Goiás, Pedro Ludovico, e o de Minas Gerais, Juscelino Kubitschek. Explica ainda que Brasília não estava nos planos de JK até o primeiro dia de sua campanha eleitoral, quando o então candidato foi provocado em Jataí e incluiu a construção como a “meta-síntese” de sua administração.
Iúri lembra que o livro é fruto de cinco anos de pesquisa e que o segundo volume será lançado em 2024, terminando na inauguração da Capital Federal, em 1960. Ambos contam com o apoio de divulgação da Fecomércio-GO que, nesta sexta-feira (30/6) abriu suas portas para o lançamento do mais recente trabalho de Godinho. Sobre o respaldo, Marcelo Baiocchi, presidente da entidade disse que um dos lemas da Casa é desenvolver ações culturais.
(Foto: Letícia Coqueiro/A Redação)
"Ao longo da nossa gestão contribuímos com a realização de duas edições do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental, encabeçamos o Projeto Claque Retomada Cultural e seguimos fazendo o possível para abraçar todo e qualquer projeto cultural. Foi assim como o livro do Iúri: uma obra-prima que recoloca Goiânia na história de Brasília", pontuou Baiocchi.
Além desse trabalho, Godinho também já lançou outros livros que retratam os primeiros anos de Goiânia: 'A Construção', de 2003, e 'Goiânia em Guerra', de 2018.
(Foto: Letícia Coqueiro/A Redação)
Também prestigiaram o lançamento o deputado estadual Virmondes Cruvinel; os presidentes da Associação Goiana de Imprensa, Valterli Guedes; do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás, Jales Mendonça; e da União Brasileira de Escritores de Goiás, Ademir Luiz. Além de Geraldo Coelho Vaz, que representou a Academia Goiana de Letras, Bariani Ortêncio - escritor, folclorista e compositor, e Ângelo Lima, um dos artistas mais reconhecidos de Goiás.
(Foto:Letícia Coquei/A Redação)
Homenagem
“Como Goiânia Construiu Brasília” cedeu espaço para que Godinho homenageasse o advogado Djalma Rezende, morte em janeiro depois de ser diagnosticado com câncer colorretal e ser acometido por uma insuficiência hepática, em complicação ao tratamento da metástase que tinha no fígado.
Em dedicatória, Iúri disse que Djalma sempre apostou na Contato Comunicação e sempre esteve do lado da cultura e da memória. "Por cerca de 20 anos patrocinou livros históricos e eventos que realizamos. Nem a proximidade da morte o afastou na elaboração do Box "Goiânia 89 anos", com fotos do início da nossa capital. Sua atuação vitoriosa na advocacia fez com que se transformasse em um embaixador de Goiás no Brasil. Jamais esqueceu sua origem humilde. Jamais deixou de ajudar", escreveu.
(Fotos: Letícia Coqueiro)
