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Em carta de despedida, presidente do Goiás fala em "superávit histórico"

Paulo Rogério encerrou mandato na sexta (1º) | 02.12.23 - 19:48 Em carta de despedida, presidente do Goiás fala em "superávit histórico" (Foto: Assessoria de Comunicação Goiás)

A Redação

Goiânia
- Em carta endereçada aos conselheiros, associados e amigos esmeraldino, o agora ex-presidente do Goiás Esporte Clube, Paulo Rogério Pinheiro, cujo mandato se encerrou na sexta-feira (1º/12), se despediu do time e aproveitou para destacar que deixa como legado "superávit histórico".

"Assumi o Goiás Esporte Clube completamente endivididado, com mais de R$ 60 milhões vencidos, salários, 13º, férias e tributos atrasados [...] e com um grande agravante, seria a primeira vez do Goiás na série B, com receita de série B," traz um trecho do documento."Vamos entregar o clube com o maior superávit financeiro de sua história, sem vendermos nenhum atleta, não fizemos nenhum adiantamento nestes 3 anos e com um aumento de receita em mais de 250%", escreve Paulo Rogério. 
 
Ao final da carta, ele esclarece que se desliga do Goiás definitivamente e que não mais terá qualquer tipo de cargo ou envolvimento com o clube. "Saio triste, machucado, com algumas mágoas e com muito joio separado do trigo". Confira carta na íntegra: 
 
"Conselheiros, Associados e amigos esmeraldino,
 
Encerro hoje dia 01 de dezembro o mandato de Presidente Executivo do Goiás Esporte Clube com o registro e publicação do novo estatuto do Clube, conforme disposto nas regras transitórias toda diretoria executiva do clube passa não mais existir.
Amigos, assumi essa árdua missão de presidir o nosso Clube em janeiro de 2021 no meio de uma pandemia, por motivos que muitos desconhecem. 
 
Jamais, jamais mesmo, desejei estar nessa posição, mas a responsabilidade de reerguer o clube naquele momento tão delicado, fui convencido por algumas pessoas próximas a assumir e reerguer o Goiás em memória à história de Hailé Pinheiro, que já naquele momento sua saúde dava sérios sinais de preocupação.
 
Poucos ainda se lembram, mas assumi o Goiás Esporte Clube completamente endivididado, mais de R$ 60 milhões vencidos, salários, 13º, férias e tributos atrasados, nas contas bancárias tínhamos míseros R$ 6.000,00, dezenas de processos trabalhistas e cíveis, alguns destes ultrapassavam a casa dos 40 milhões de reais a serem pagos se perdêssemos a demanda, diversas autuações e multas por parte do Governo Federal e municipal, inúmeros problemas administrativos, quadro de funcionários inchado, ineficiente e com altos salários…e com um grande agravante, seria a primeira vez do Goiás na série B, com receita de série B. O cenário era de terra arrasada. Um caos. Entrei para dentro do Clube no dia 3 de janeiro de 2021 sozinho, com pouquissimos mas fiéis parceiros, e assim terminei o meu mandato, sozinho ao lado destas mesmas pessoas, bem diferente do final de 2022 ate inicio de outubro de 2023. Melhor assim.
 
Com pouco dinheiro e muita união de um pequeno grupo, no ano de 2021 implementamos um novo modelo de gestão, bem austero, com reformas internas importantes e necessárias, fomos cirúrgicos no futebol, principalmente nas contratações, fazendo uso de informações com inteligência e uma metodologia que se mostrou altamente eficiente, onde ninguém decidia nada sozinho e mesmo com uma das menores folhas salariais, conquistamos o vice-campeonato em 2021. 
 
O caminho para o reerguimento futebolistico do clube parecia estar traçado: união, planejamento e inteligência. Simples e eficiente. Colhemos frutos no campeonato seguinte, mas de um ano para o outro, esses conceitos foram se perdendo, primeiro um pouco, depois um muito. É curioso como o futebol e a política, por muitas vezes tem essa capacidade, infeliz, de fazer prevalecer, o individualismo e o egocentrismo, o “EU”. Freud, explica isso! Poucos são aqueles que estão preparados para dividir glórias, e muito menos para assumir fracassos. Isso garanto a todos, que passou longe de mim. Nestes 3 anos não deixei a vaidade tomar conta de mim, continuei sendo o Paulo Rogerio de sempre!! Eu assumo o fracasso no futebol em 2023, já que eu era o presidente executivo, então, eu sou o único responsável. Mas será então que o sucesso de 2021 e 2022 é só meu? Viu como são as coisas no futebol?! Nas glórias muitos aparecem, nos fracassos não. Não me importo em assumir sozinho tudo de errado e dividir as glórias.

Paciência! O importante foi o carinho que recebi hoje, de todos colaboradores do Goiás, pois dei dignidade a eles. Nunca, em nenhum mês desde que assumi atrasei uma folha, ou tributo, nunca deixei de dar um bom dia e um muito obrigado a cada um deles. Aqui cabe contar um fato que marcou a mim na minha gestão e me deu muita força para seguir: “ era início do mês de dezembro de 2022, cheguei mais cedo que o de costume na sala da presidência no clube e a colaboradora que sempre arrumava a sala para os presidentes ainda estava lá dentro arrumando a minha bagunça do dia anterior. Sentei no sofá a espera do término e fui tomar o café da manhã, ofereci café e pão de queijo a ela, e ela constrangida pelo fato da sala não estar pronta não aceitou.

Terminada a limpeza ela se dirigiu até mim e me perguntou se poderia me dar um abraço. Fiquei parado sem saber o motivo. Me levantei a abracei e ai perguntei: qual o motivo do abraço e das lágrimas no rosto? Ela respondeu: Queria muito te agradecer, essas lágrimas são de felicidade, este ano eu e minha família teremos um natal em casa, já recebi meu 13º e meu salário. Nunca mais tive que pegar dinheiro emprestado para pagar as contas , pois antigamente não podia fazer conta do meu salário e sempre admirei a sua educação com todos aqui no Goiás.” Alí me desabei.... mas de alegria. 

 
Mas se dentro de campo, no futebol profissional, as coisas não caminharam bem em 2023, fora dele, conseguimos conquistas e avançar em todos os setores do clube: administrativo, financeiro, jurídico, marketing, esportes olímpicos, escolinha e principalmente, no futebol de base.
 
Em 2022 reformulamos completamente o departamento de base e com profissionais realmente qualificados, retomamos a nossa força e hegemonia em todas as categorias estaduais e regionais, além de termos tido destaque nacional no principal campeonato, a Copinha em 2023. Sem contar que voltaremos muito em breve, finalmente, a ter o certificado de Clube Formador da CBF. Em janeiro de 2024 o clube irá inaugurar as novas e modernas instalações de futebol da base. Foram gastos mais de 1 milhão de reais só nos novos prédios e vestiários. Era uma vergonha o estado que se encontrava os prédios do departamento. Agora precisamos que os diretores de futebol coloquem as jovens promessas para jogar. Não adianta formar e não utilizar. 
 
Fortalecemos a marca do clube e resgatando a credibilidade, batemos todos os recordes na captação de patrocínios para o Goiás Esporte Clube nesse triênio. Sem contar o expressivo crescimento de audiência, engajamento e alcance da nossa marca, nas plataformas digitais. Saimos da posição 41 em engajamento e chegamos a 14ª posição.
 
Vamos entregar o clube com o maior superávit financeiro de sua história, sem vendermos nenhum atleta, não fizemos nenhum adiantamento nestes 3 anos e com um aumento de receita em mais de 250% e a redução das despesas em mais de 40%. Deixo o clube, seguramente preparado para enfrentar os desafios dos próximos anos. Pela primeira vez o Goias deu transparência de seus gastos/receitas e decisões através do portal transparência em nosso site. De todos os 20 clubes da série A deste ano, apenas o Goias publica seus balanços mensalmente, já auditado por uma das maiores empresas do mundo na área e aprovado pelo conselho fiscal. 
 
Para finalizar, sem nominar, gostaria de agradecer a todos que estiveram “verdadeiramente” comigo durante esse triênio. Aos conselheiros que me elegeram meu muito obrigado pela confiança depositada. Minhas sinceras desculpas se não alcançamos o objetivo no futebol que traçamos em 2023. Quem sabe nesse novo formato de estatuto, a tão almejada profissionalização ocorra.
Me desligo do Goiás definitivamente nesta data, não mais terei qualquer tipo de cargo ou envolvimento, após a aprovação de minhas contas ano que vem, irei decidir o meu futuro como associado, saio triste, machucado, com algumas mágoas e com muito joio separado do trigo, mas com o dever cumprido. Agora vou poder me defender de várias acusações levianas e das ameaças sofridas por pessoas que não merecem o mínimo respeito. Terei tempo e advogados de sobra para isso!
 
E já que eu era o Presidente Executivo, assumo de peito aberto tudo de errado que possa ter acontecido em 2023, mas quem sabe um dia esta história possa vir a ser contada diferente. 
 
Muito obrigado a todos, feliz natal e um 2024 cheio de vitórias, alegrias, saúde e paz."

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Comentários

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  • 04.12.2023 16:28 Divino

    Superávit? Mas se tem tanto dinheiro porque deixaram o Goiás cair? Porque não contrataram jogadores que desse de jogar série A, pra incompetência, ficaria mais barato manter o time na série A, agora quanto custará o retorno?

  • 03.12.2023 22:31 João Rossi Neto

    Claro que, o crescimento patrimonial e financeiro, são importantes, dado que o dinheiro é a matéria prima que viabiliza a gestão do clube e de resto, que sustenta o elenco do futebol e demais despesas fixas e variáveis desse universo. No entanto, a torcida não se satisfaz com superávit e nem tampouco com as construções de obras físicas (estádio, centros de treinamentos, etc.,), em especial porque a razão da existência de toda agremiação esportiva é de ter um time de futebol competitivo, vibrante, com jogadores qualificados, vencedores, guerreiros, para chamar de SEU. As Diretorias do clube têm cometido erros em cima de erros grotescos, na montagem dos elencos, sempre contratando pernas-de-pau sem qualidade nenhuma e não aprendem com as falhas recorrentes, dentro daquela máxima, de que o pior cego é aquele que não quer ver. Repisam e repetem planejamentos fracassados e anacrônicos; Nomeiam amigos incompetentes para cargos chaves (Gestor de Futebol) e mesmo com os retumbantes resultados desastrosos os mantém nos cargos, coisa que não fariam se fossem empregados nas suas empresas. Daí, instala-se o caos e os desgastes irrecuperáveis e irreparáveis ficam impunes e não aparecem responsáveis pecuniários para reparar os danos econômicos-financeiros sofridos pelo clube, frutos das más gestões e gestões deletérias. Em consequência, apequenou-se o Goiás na última década e a derrocada patrocinada por aprendizes de administradores de empresa de futebol foi a tragédia esperada. Gerar superávit na gestão de qualquer empresa é obrigação do dirigente, todavia, em uma sem fins lucrativos, caso do Goiás, clube de futebol, o consumidor final, O TORCEDOR, quer que seja priorizado um time de futebol competitivo que lhe dê títulos, realidade que essa Diretoria nunca enxergou e nunca entendeu!

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