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Carros nas calçadas: pedestres em risco e fiscalização falha em Goiânia

Especialista em trânsito analisa o cenário | 16.02.24 - 08:08
Carros nas calçadas: pedestres em risco e fiscalização falha em Goiânia Rua 94, Setor Sul (Foto: Letícia Coqueiro/A Redação)José Abrão
 
Goiânia – Uma cena que infelizmente se tornou rotineira em bairros de Goiânia como o Setor Sul, Centro, Setor Oeste, Setor Aeroporto, Setor Bueno, Setor Campinas e na Região da 44: pedestre tendo que disputar espaço com os carros estacionados nas calçadas, muitas vezes tendo que arriscar passar pela rua por ter o caminho bloqueado. Para o especialista em trânsito Marcos Rothen, que é professor do Instituto Federal de Goiás (IFG) e engenheiro de transportes, obviamente há "imprudência" e "falta de educação" por parte dos condutores, mas também "falta planejamento e fiscalização" por parte da prefeitura.
 
“Os motoristas em Goiânia se acostumaram a fazer várias irregularidades: estacionam nas calçadas, às vezes colocam só duas rodas, pra dizer que é só um pouquinho, atrapalhando quem está na rua e quem está na calçada. Tem aqueles que param nas esquinas, atrapalhando a visibilidade, expõem os carros nas calçadas. Todos esses hábitos foram adquiridos por falta de fiscalização”, avalia o professor.

 Rua 100, Setor Sul (Foto: Letícia Coqueiro/A Redação)
 
Segundo o especialista, obviamente há fiscalização, mas ela ainda é muito deficitária, conforme pontua, principalmente em postos-chaves. “As pessoas só passam a respeitar alguma medida de trânsito, à medida que elas sentem que podem ser punidas. Elas sabem que aquilo é proibido, elas sabem que aquilo causa prejuízo, elas sabem que atrapalha as pessoas, mas sem haver uma punição, as pessoas vão se acostumando”, diz.

Estacionar qualquer veículo no passeio público, conhecido popularmente como “calçada”, é infração grave e sujeito a multa de R$ 195,23 mais 5 pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Em alguns casos, é permitida a remoção por guincho do veículo. As regras estão dispostas no artigo 181 da Lei Federal 9.503/1997 e suas alterações posteriores, que institui o Código de Trânsito Brasileiro (CTB). 

Por outro lado, Rothen reconhece as limitações quando o assunto é estacionamento em Goiânia. Afinal, ninguém quer ficar dando voltas e voltas para estacionar. Por isso, mudanças, como proibições de estacionamento em toda a região próxima à Praça Cívica e ao Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO), na 44 ou ao redor de shoppings, por exemplo, precisam oferecer alternativas. Não basta simplesmente proibir, esperando adesão, sem oferecer uma saída, conforme cita o especialista. 
 
Arbitrariedade
“A atuação da prefeitura nesse sentido [mudanças e proibições envolvendo estacionamentos na rua] é acima de tudo arbitrária. Ela não pode ser assim. A prefeitura tem que ser aberta à discussão. Então ela tem que apresentar as alternativas”, avalia o professor ao citar que, se fossem apresentadas saídas para que o motorista tivesse local adequado para estacionar, as infrações de trânsito cairiam consideravelmente. Ele aponta, por exemplo, como é proibido parar e estacionar na porta de um grande shopping na Rua T-15. “Não tem justificativa para isso. É preciso ter critérios técnicos para definir e avisar com antecedência. O grande problema é você chegar hoje de manhã lá e aquilo ali está proibido”, cita. Vale ressaltar que a mesma rua também possui dois colégios movimentados.

Rua 4, Setor Aeroporto (Foto: Letícia Coqueiro/A Redação)
 
Na visão do professor, a prefeitura, ao tomar essas decisões, passa o ônus do estacionamento para os empresários e motoristas, que precisam "se virar". “É preciso um trabalho conjunto. A prefeitura, ela tem que fazer o planejamento, a fiscalização, a organização e o diálogo com a sociedade. E a sociedade tem que entender que ela tem que procurar alternativas de estacionamento”, diz.
 
Rothen aponta que um bom sistema é o de faixa azul, mas que é muito pequeno e funciona mal em Goiânia, sendo que poderia ser adotado em larga escala em diversos pontos da capital para atender à demanda. “E tudo isso tem que ser feito através de diálogo, deixando claro quais os benefícios e quais são os problemas”. Ao mesmo tempo, ele salienta que a mesma regra pode ter casos especiais: por exemplo, uma via que recentemente teve o estacionamento proibido por ter prédios ou casas sem garagem, onde os moradores paravam na rua há décadas. Isso tem que ser levado em consideração antes de uma mudança drástica.
 
Soluções
Para o docente, a curto prazo, outro bom caminho seria reavaliar proibições, além de reforçar a importância da chamada área azul. “Temos que ir organizando o estacionamento, disciplinando, para que as pessoas estacionem com responsabilidade. E temos que também ir buscando alternativas nas proibições. Avaliar o tráfego, justificando e verificando se realmente há essa necessidade”.
 
De ambos os lados, Rothen também avalia que é necessário haver uma conscientização ao prever a necessidade de estacionamento antes de realizar empreendimentos, como empresas ou construções, que não levam em consideração se a via comporta a demanda. “Quando algo for instalado, isso precisa ser considerado. Eu quero fazer um restaurante aqui, onde as pessoas vão parar? Da mesma forma, a prefeitura tem que fazer sua parte na organização, no planejamento”, finaliza.

O jornal A Redação entrou em contato com a Secretaria Municipal de Mobilidade (SMM), que alegou que "todos os setores citados constam na programação da Central Operacional de Trânsito (COT) e que o monitoramento é diário". A pasta, no entanto, citou que "é inviável manter equipes fixas em um ponto específico devido à alta demanda de locais com a mesma exigência". Veja a nota completa abaixo:

A Secretaria Municipal de Mobilidade (SMM) informa que todos os setores citados constam na programação da Central Operacional de Trânsito (COT) e o monitoramento é diário. Esclarecemos ainda que é inviável manter equipes fixas em um ponto específico devido à alta demanda de locais com a mesma exigência. É importante lembrar que na Avenida Universitária há um corredor exclusivo para o transporte coletivo com fiscalização por videomonitoramento 24h.
 
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Comentários

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  • 16.02.2024 09:13 luana

    Devia ter um numero pra população denunciar e um agente ir la ver e multar. Na minha calçada, Setor Universitario, tem gente estacionando sempre.

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