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REPORTAGEM ESPECIAL

Mães de UTI: uma jornada inesperada de amor e resiliência

Mulheres contam suas experiências no hospital | 12.05.24 - 07:59 Mães de UTI: uma jornada inesperada de amor e resiliência (foto: reprodução X)
Caroline Louise

Goiânia -  
Para a maioria das mulheres, o período pós-parto é um momento de alegria e recomeço, marcado pela chegada do tão esperado bebê. No entanto, para algumas mães, essa experiência assume um caráter inesperado e desafiador, como no caso de Pollyana da Silva, de 31 anos. Após o nascimento da sua filha Sofia, hoje com 2 anos e 9 meses, Pollyana enfrentou 98 dias de internação da pequena na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Estadual da Mulher (Hemu), em Goiânia.
 
"O fato é que nenhuma mãe se prepara para ser mãe de UTI", desabafa Pollyana. A frase resume a realidade de muitas mulheres que, em meio à alegria da maternidade, se veem frente a um cenário inesperado e repleto de angústias. Parto prematuro, doenças e complicações no momento do parto são apenas alguns dos desafios que podem levar a uma internação do bebê na UTI, transformando um momento de felicidade em uma jornada de resiliência e amor.
 
Pollyana narra sua experiência com a força de quem superou os obstáculos e hoje celebra a vida da sua filha.  O parto da Sofia foi precoce. Ela nasceu de 28 semanas e um dia, pesando 685 gramas e medindo 34 centímetros. A pequena estava em sofrimento fetal, por isso o parto foi necessário naquele momento. "Eu tive pré-eclampsia na minha gestação. Precisei fazer uma cesária de emergência. Depois que ela nasceu, descobrimos ainda que ela tinha uma enterocolite  necrosante, o intestino dela não estava formado, a barriguinha dela era escura. Por conta de tudo isso ela precisou ficar na UTI neonatal", lembra Pollyana. 


Sofia e Pollyana (Foto: divulgação)

Durante todo o tempo em que Sofia precisou ficar internada para se recuperar, Pollyana esteve com ela. O hospital, durante aquele tempo, se tornou sua casa. "No começo eu tinha medo de tudo e de todos. Foi um período muito solitário, mas ao mesmo tempo as outras mães, que estavam vivendo a mesma situação que eu, me consolavam. A gente se apegava muito a Deus. Quando um bebê apresentava uma melhora, a gente comemorava. Já quando piorava, era muito triste", acrescenta. 

A história de Pollyana serve como um lembrete de que a maternidade nem sempre segue o roteiro planejado. Imprevistos acontecem, mas com amor, força e apoio, é possível superar os desafios e construir uma história única e especial. A jornada de Pollyana na UTI é um exemplo inspirador de resiliência e amor materno, demonstrando que a força de uma mãe não conhece limites.

Pollyana não é a única mãe que enfrentou a dolorosa rotina de uma UTI neonatal. Jackeline Rharidyane, de 25 anos, teve o Noah na porta de casa, com 34 semanas. O bebê nasceu prematuro, no início de abril deste ano, enquanto Jackeline esperava um motorista de aplicativo para ir até a maternidade. "Essa rotina é muito cansativa. O coração sente um milhão de emoções. Parece que estamos numa roda gigante, em um dia estou bem, no outro já estou angustiada. Mas fico feliz por cada conquista do meu filho. O que eu mais desejo nesse momento é a melhora dele. Tudo que eu quero é levá-lo para casa", desabafa.


Jackeline e Noah (Foto: divulgação)
 
Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), uma em cada 10 crianças nascidas irá necessitar de ventilação mecânica; uma em cada 100, de intubação; e até duas em cada mil, de massagem e uso de medicamentos. Isso pode acontecer por prematuridade – quando o nascimento ocorre antes das 37 semanas – ou por malformações, síndromes, asfixia perinatal, infecções e outras questões fisiológicas. 

UTI humanizada
E para as mães que enfrentam essa realidade, o apoio dentro da unidade de saúde é fundamental. Lílian Jerônimo Silva trabalha como enfermeira na UTI neonatal do Hospital Estadual da Mulher (Hemu), em Goiânia, há 9 anos. Ela já presenciou muitos casos que marcaram sua história profissional, e sabe bem a importância da humanização nesse ambiente. "O processo de humanização começa desde o recebimento da mãe aqui no hospital. Recebemos pacientes graves, então eles ficam muito tempo conosco. Temos um cuidado e um zelo muito grande com a particularidade e fragilidade dos pacientes e das famílias. O nosso trabalho é para que a mãe se sinta empoderada e segura. O intuito é manter essa humanização desde a admissão até a alta hospitalar", explica.


Lílian Jerônimo, enfermeira da UTI neonatal do Hemu (Foto: divulgação)

Um trabalho delicado, que exige, além do profissionalismo, muita sensibilidade. Quem trabalha na UTI neonatal presencia milagres todos os dias, mas são as mesmas pessoas que têm a difícil missão de entregar os bebês aos pais quando os pequenos são o último suspiro.  "A humanização é fundamental para que a família se sinta acolhida pela unidade de saúde e também pela nossa equipe profissional", destaca Lílian. 

Superação
Quem nunca ouviu que amor de mãe não tem idade? Mãe sempre vai ser mãe. "Mesmo com os filhos já crescidos, eles sempre vão continuar sendo crianças nos nossos corações", diz Raquel Gélio, de 69 anos, que viu a filha, um mulher de 40 anos, entre a vida e a morte após um erro médico. Simone ficou em coma induzido durante um tempo, e os médicos não acreditavam na recuperação. "Ninguém me dava esperança, mas Deus me deu muita força. Foi um período muito difícil. Não abandonei minha filha um dia sequer. Foi a coisa mais triste da minha vida, eu vivia angustiada de ver ela daquele jeito", completa.


Raquel Gélio e Simone Gélio (Foto: divulgação)


 Apegada à fé, Raquel viu a filha Simone se recuperar e deixar a UTI. "Sabe aquela frase: ser mãe é padecer no paraíso? É isso. A gente ama tanto os filhos, é um amor incondicional, a gente não faz para receber algo em troca, mas porque simplesmente a gente ama de verdade. Só Jesus sabe a dor que é ver um filho acamado sem a certeza da vida. Graças a Deus hoje comemoro a recuperação da minha filha", arremata ao reafirmar seu amor por Simone. 

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