Michelle Rabelo
Goiânia - Em clima ameno, os pré-candidatos à prefeitura de Goiânia se encontraram pela primeira vez nesta quinta-feira (9/8), durante o debate que deu largada à série de discussões que devem ocorrer até outubro, quando os goianienses vão definir o nome do próximo chefe de Executivo municipal. Durante cerca de duas horas, o eleitor teve a oportunidade de conhecer um pouco das propostas de quase todos os concorrentes. Alegando incompatibilidade de agenda, e apesar de ter confirmado sua participação, Vanderlan Cardoso não compareceu ao evento.
O debate, promovido pela TV Sucesso Band, foi dividido em quatro blocos durante os quais Adriana Accorsi (PT), Fred Rodrigues (PL), Matheus Ribeiro (PSDB), Rogério Cruz (Solidariedade) e Sandro Mabel (União Brasil) analisaram e apresentaram propostas sobre temas como saúde, educação, transporte, infraestrutura e coleta de lixo. Este último, um assunto delicado para a atual gestão, que precisou, por exemplo, realizar, em maio passado, uma força-tarefa para ampliar a coleta de resíduos sólidos, que chegou a ficar reprimida há 30 dias, gerando um acúmulo de 3,3 mil toneladas de lixo em bairros das regiões Norte e Leste.
Durante os quatro blocos, os candidatos fizeram perguntas entre si, responderam questionamentos enviados por telespectadores, abordaram temas elencados por veículos parceiros da TV Sucesso Band e tiveram um espaço para fazer as considerações finais. Cada um seguiu uma estratégia diferente. Rogério Cruz (Solidariedade), por exemplo, optou por falar do que foi feito desde 2021, quando ele, mesmo tendo sido eleito vice, assumiu como prefeito de Goiânia após a morte de Maguito Vilela em decorrência de complicações da Covid-19.
Infraestrutura e habitação
Durante vários momentos, o atual prefeito recorreu ao desempenho de sua gestão em relação à entrega de obras, e citou a continuidade do Programa Municipal de Habitação, com a construção de moradias e doação de área públicas para obras residenciais em prol de famílias carentes; e a intensificação do trabalho de regularização fundiária urbana. "As pessoas precisam de dignidade: esse é e seguirá sendo o nosso trabalho", disse, ao emendar dados sobre infraestrutura. "Entregamos o Complexo Viário Jamel Cecílio, o chamado Viaduto da Moda (sobre a Avenida Marginal Botafogo), a Praça do Trabalhador, o Viaduto Iris Rezende Machado e os terminais Paulo Garcia e Hailé Pinheiro. Além disso, eu serei o prefeito que vai entregar o BRT em pleno funcionamento."
Ele lembrou que a obra teve início em 2015 e que sofreu diversas paralisações e atrasos. "A via terá 29,6 km de extensão e ligará os terminais Veiga Jardim e Recanto do Bosque, transportado cerca de 200 mil passageiros por dia. Vamos entregar o BRT para a população: com 10 ônibus elétrico e 50 à bio combustão. Todos com ar-condicionado, carregador de celular e internet", garantiu.
Trânsito e transporte público
Enquanto Rogério Cruz falou sobre intensificar as obras, Matheus Ribeiro (PSDB) defendeu o estudo detalhado do que já existe. O jornalista e presidente municipal do PSDB em Goiânia apresentou propostas para melhorar o trânsito da capital aliando "tecnologia de ponta e o parecer técnico de quem entende". O jovem disse que quer criar a Companhia de Engenharia de Tráfego, órgão que deve focar responsável por planejar, operar e monitorar todo o sistema viário da cidade, buscando soluções eficazes para reduzir congestionamentos e melhorar a fluidez do trânsito.
“Goiânia tem sofrido com uma política atrasada, que só tapa buraco, paga folha e pinta meio-fio. Precisamos apresentar ao goianiense uma visão de futuro, espalhar a Prefeitura por todos os bairros e resolver, junto com a população, os problemas crônicos da cidade. Nossa capital precisa de uma administração com qualificação técnica, mas, acima de tudo uma gestão que ouça e cuide do nosso povo", disse Matheus.
Saúde e cuidado
O cuidado deu o tom as falas de Adriana Accorsi (PT). Delegada de Polícia, e deputada estadual por dois mandatos, a deputada federal, defendeu, entre outras coisas, a criação, com verba do governo federal, do Hospital Geral Municipal em Goiânia. “Saúde é questão de vida ou morte, e essa é a maior angústia da população de Goiânia. Também vamos colocar policlínicas em todas as regiões de Goiânia para atender especialidades, estabelecendo um cronograma organizado e eficiente para buscar chegar perto de zerar a fila de consultas e exames”, garantiu, aproveitando para destacar, ainda dentro do tema saúde, a crise no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
Accorsi garantiu que sua intenção é "resolver o problema do Samu", reestruturando e melhorando a qualidade do serviço - cujos principais gargalos se concentram na renovação da frota, na manutenção dos veículos e na reposição de equipamentos de proteção individual dos servidores. "Precisamos fortalecer os programas federais que são muito importantes, como o Samu, o Brasil Sorridente, que é o programa de atendimento odontológico, que pode fazer muito pelas pessoas, além de valorizar a vacinação. Goiânia vai ter o Zé Gotinha.”
Emprego e renda
Além de assumir o compromisso de estruturar as unidades de saúde gerenciadas pela Prefeitura de Goiânia e implantar atendimento pediátrico 24 horas em todas as UPAs e Cais da capital, (União Brasil) deu a entender que seu histórico de empresário fará a diferença caso ganhe a corrida pelo Paço. "Nossa ideia é investir desde cedo para que cada vez mais jovens estejam preparados para ingressar no mercado de trabalho. Queremos incluir nas escolas municipais disciplinas que preparem os meninos e meninas para o mundo do trabalho, incluindo nas escolas, por exemplo, matérias como educação financeira, robótica, inteligência artificial, empreendedorismo”, frisou.
Presidente licenciado da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (FIEG), Mabel chegou a concorrer à prefeitura em 1992, mas acabou derrotado por Darci Accorsi (PT). "Hoje tenho 32 anos a mais de experiência, muito entusiasmo e a certeza de que chegou a minha vez. Quero colocar todo esse meu preparo a serviço da cidade e eu tenho coragem e disposição para isso".
Coleta de lixo
Ao ser perguntado por um telespectador sobre uma possível modernização do sistema de coleta de lixo, Frederico Gustavo Rodrigues da Cunha, conhecido como Fred Rodrigues (PL) começou atrelando a crise da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) a uma "ingerência política". "Eu escutei de muitas pessoas de dentro da pasta que não é possível trabalhar lá por conta da falta de organização de gestores que não tem capacidade técnica", denunciou, adiantando que fará sua gestão amparada por um secretariado técnico, sem indicação política de primeiro e segundo escalão.
Ataques
Partiram do candidato do PL, ex-deputado estadual que, por problemas registrados na prestação de contas, teve o seu mandato cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os principais ataques da noite. Fred Rodrigues criticou a morosidade da atual gestão em aplicar a vacina contra a Covid-19, apontou a gestão de Paulo Garcia (PT) como grande responsável pela crise na Comurg e acusou a esquerda de implantar uma ideologização nas escolas. "Temos que voltar a ter uma educação de qualidade, que valorize as matérias principais como português e matemática", disparou.
Outro ponto criticado por Fred foi o apadrinhamento de Marconi Perillo à candidatura de Matheus Ribeiro (PSDB). "Ter o Marconi [presidente do meu partido] acreditando na minha candidatura é fundamental para que eu possa ser um prefeito jovem para Goiânia e traga ideias que vão efetivamente renovar a nossa cidade. E é importante lembrar que foi a gestão do PSDB que construiu o Hugol, inaugurou a Maternidade Nascer Cidadão, finalizou a barragem do Ribeirão João Leite e custeou, por muitos anos, o subsídio do transporte publico", rebateu Matheus.