A Redação
Goiânia - Por meio de uma carta, o ex-presidente da Argentina, Alberto Fernández, renunciou, nesta quarta-feira (14/8), ao comando do Partido Justicialista de Ordem Nacional. A decisão já era esperada desde que o político se envolveu em denúncias de violência de gênero, contra a ex-primeira-dama Fabiola Yañez.
No início do mês, ele foi formalmente acusado por lesões graves, ameaças e abuso de poder contra a ex-mulher. Mas, de acordo com o jornal "El Clarín", o promotor federal Ramiro González ampliou as acusações contra Fernández por violência de gênero após o depoimento de Yañez na terça-feira (13/8). Assim, as investigações passaram a enquadrar ainda lesões graves duplamente qualificadas, com abuso de poder e autoridade, e ameaças coercitivas.
No depoimento, a ex-primeira-dama afirmou que era alvo de episódios diários de violência reprodutiva, institucional, verbal, física e doméstica, além de constantes traições. Ela também disse que foi forçada por Fernández a fazer um aborto.
“Tenho o dever e a necessidade de manifestar que esta decisão foi tomada com o único propósito de não envolver meu partido nos fatos pelos quais estou sendo falsamente acusados", escreveu o ex-presidente. "Espero que nenhum estilhaço do linchamento mediático a que estou sendo sujeitado possa prejudicar esta Casa onde atuam homens e mulheres que tanto fizeram pela igualdade de género e pelo respeito pelas diversidades”, acrescentou.
“Os fatos que me são acusados ??são falsos. Continuo esperando que a Justiça aja como tal, pare de divulgar dados irregularmente pela mídia e me permita exercer o legítimo direito de defesa”, concluiu o ex-presidente, para encerrar: “Com a alma ferida por tanto ridículo e sendo vítima de uma operação cruel que fere também os meus filhos, saúdo cada colega com o meu habitual empenho”.
Na carta, porém, Fernández não cita o fato de que o Ministério Público da Argentina decidiu acusá-lo de ter desviado recursos públicos, quando ainda era presidente, para contratar seguros para funcionários do governo. Como desdobramento do caso, a Justiça determinou a restrição geral dos bens do ex-presidente. Segundo o jornal Clarín, também foi ordenada a quebra do sigilo bancário e fiscal do político.