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Governo criou grupo de trabalho sobre o tema | 11.11.24 - 10:39
Spread bancário diz respeito aos lucros das instituições financeiras (Foto: divulgação)A Redação
Goiânia – Embora grande parte da população brasileira tenha conta em bancos, poucas entendem como as transações financeiras podem gerar lucros às instituições. Nesse sentido, o termo em inglês ‘spread’ bancário desempenha um papel crucial nesse processo, e diz respeito à diferença entre o custo de captação de dinheiro no mercado pelos bancos, como se fossem as compras realizadas por um comércio aos seus fornecedores para revenda ao consumidor final. E para as instituições financeiras, a revenda para o consumidor final é o empréstimo. Essa diferença entre o preço de compra e o preço de venda é o spread.
Com ainda mais ênfase ao assunto, nesta semana, o Governo Federal, acompanhado da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e integrantes de instituições financeiras, setor industrial e centrais sindicais, criou oficialmente o Grupo de Trabalho (GT) Interministerial do Spread Bancário. O GT, coordenado pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (Cdess) da Presidência da República, vai discutir ações que diminuam os juros no país e estimulem mais crédito e será composto por seis eixos temáticos. Inadimplência, o crédito para pequenas empresas, custos administrativos e tributários, prevenção e combate à fraude, fundos garantidores e acesso a dados e plataformas digitais.
De acordo com a Febraban, o setor bancário brasileiro tem a maior carga tributária no mundo (em média 50% de alíquota nominal de tributação corporativa). A presidente do Conselho Regional de Contabilidade de Goiás (CRCGO) explica que o spread bancário é a diferença entre a taxa de juros que os bancos cobram ao emprestar dinheiro, e a taxa de juros que eles pagam ao captar recursos (ou seja, ao receber depósitos e investimentos). “Esse valor cobre os custos operacionais do banco, eventuais inadimplências, impostos e ainda representa o lucro da instituição. Todavia, se o spread for muito elevado, a tendência é provocar uma restrição no crescimento econômico devido ao baixo retorno obtido com depósitos e poupanças, além do encarecimento do crédito, o que Lula quer mitigar e tem pressa”, diz Sucena Hummel.
No Brasil, o spread de operações financeiras é consideravelmente alto, por diversos fatores, tendo reflexo e sendo obstáculo para a democratização do crédito, podendo inclusive limitar o desenvolvimento econômico de um país. De acordo com o Banco Central (BC), a diferença entre o custo de captação dos bancos e a taxa final cobrada do cliente avançou para 28,6 pontos percentuais em agosto deste ano, o que significa que fatores como a inadimplência, a alta carga tributária e crédito bancário direcionado podem afetar diretamente na alta do spread.
Lucro dos Bancos
As instituições financeiras utilizam algumas estratégias de captação de recursos ao disponibilizar títulos de crédito no mercado. Neste sentido, a taxa que o banco paga por oferecer esses títulos corresponde à remuneração oferecida aos investidores em títulos, como por exemplo Certificado de Depósito Bancário (CDB), Letras de Crédito imobiliário (LCI), Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) e Letras de Câmbio (LC).
O banco cobra taxas por serviços oferecidos e a sua principal receita surge dos juros que os devedores devem pagar sempre que contraem empréstimos e financiamentos. “A exemplo de operações de créditos, podemos elencar o parcelamento do cartão de crédito, crédito consignado, financiamento imobiliário e de veículo, entre outros, além da Taxa de Abertura de Crédito (TAC)”, comenta o conselheiro do CRCGO, Fernando Witicovski. Com pagamentos variados (à vista ou a prazo) os bancos frequentemente têm uma quantidade significativa de dinheiro em caixa, chamado de ‘float’. O representante do CRCGO explica que a instituição pode optar por investir os recursos em aplicações financeiras de curto prazo, geralmente remuneradas com uma taxa pós-fixada ao Certificado de Depósito Interbancário (CDI), ou seja, os bancos maximizarão seus ganhos.
Ele destaca ainda que spread bancário é a diferença que permite ao banco cobrir custos e gerar lucro. “Vejamos um exemplo, se uma pessoa deposita R$1 mil em uma conta de poupança e recebe um rendimento anual de 5% sobre esse valor. Esse mesmo banco, por outro lado, empresta esses R$1 mil para outra pessoa com uma taxa de juros de 15% ao ano. Nesse caso, o spread bancário é de 10%, pois é a diferença entre os 15% cobrados no empréstimo e os 5% pagos ao depositante”, detalha, complementando que quanto maior o spread, mais caro é para a população obter crédito e maior a diferença entre o que as pessoas ganham ao poupar e o que pagam ao tomar empréstimos.