A Redação
Goiânia - A segunda edição do talk show Vozes Femininas: Desafios, Conquistas e Liderança no Trabalho lotou o auditório Hélio Naves, na Casa da Indústria, em Goiânia, em um encontro marcado por histórias inspiradoras e troca de experiências. Promovido pelo Conselho Temático de Relações do Trabalho e Inclusão (CTRTI) da Fieg, em parceria com a Fieg+Solidári e o apoio do Sebrae Goiás, o evento reuniu lideranças femininas da indústria e do setor público para discutir o papel da mulher no mundo do trabalho e na construção de uma sociedade mais igualitária.
A abertura do evento contou com a presença do presidente da Fieg, André Rocha, que destacou a importância de espaços como esse para fortalecer a participação feminina em cargos de decisão. “Ainda temos muito que avançar na ocupação feminina de cargos de liderança. Mas já percebemos uma transformação nos bancos escolares, com presença cada vez maior da mulher em cursos universitários, principalmente em formações que, até bem pouco tempo atrás, eram notadamente ocupadas em sua maioria por homens”, afirmou.
Com mediação da presidente do CTRTI, Lorena Blanco, e da presidente da Fieg+Solidária, Thais Santos, a mesa-redonda trouxe nomes de destaque como a arquiteta Priscila Rassi, a influenciadora digital Thays Jubé, a diretora da Brainfarma Daniela Castanho, a fundadora da Ionix, Hosana Loiola, a desembargadora aposentada Silene Coelho, a auditora fiscal do Trabalho Jacqueline Carrijo, a gerente do Sesi-GO Márcia Farinella e a analista do Sebrae Fernanda Freitas.
“Tivemos muita dificuldade em escolher os nomes para compor essa mesa-redonda porque temos, em Goiás, muitas mulheres maravilhosas. Tudo que queremos podemos conseguir. E a chave para isso é o conhecimento", pontuou Lorena Blanco, logo no início do debate ao reforçar a importância da qualificação e do conhecimento como ferramentas de transformação.
Thais Santos levantou uma reflexão importante sobre a pressão social enfrentada pelas mulheres. “Poder é transformar realidades e abrir caminho para novas oportunidades. Temos uma cobrança grande da sociedade para estar bem em todas as vertentes de nossas vidas. Como lidar com toda essa pressão?”
Durante a conversa, não faltaram relatos emocionantes e mensagens poderosas. Priscila Rassi compartilhou sua experiência como mãe e profissional. “O evento traz uma discussão muito importante para todas nós. Muito mais que os homens, temos uma capacidade grande para se reinventar. A mulher pode estar onde quiser.”
Fernanda Freitas emocionou a plateia ao falar sobre sua trajetória. “Às vezes, a vida nos surpreende quando damos o nosso melhor no que propomos fazer. Encontrar a força e o apoio necessários é fundamental para superar desafios. Não é fácil para nós, mulheres, conciliar tudo. Somos muito exigidas e temos que nos dividir em mil.”
Silene Coelho chamou atenção para a importância da representatividade feminina na política. “Temos poucas representantes mulheres no Congresso Nacional. Precisamos estar lá para participar da construção das leis.” Ela completou ainda que “depois de 30 anos em salas de audiência, percebo que as mulheres saem desprotegidas por falta de conhecimento. O universo para a proteção feminina está em conhecer os direitos que possuem.”
Nesse sentido, a auditora fiscal Jacqueline Carrijo destacou o papel da nova geração. “Que uma nova geração venha para ocupar cada vez mais protagonismo. É muito importante a questão da representatividade, de nos movimentarmos na política.”
Já Daniela Castanho trouxe reflexões sobre autenticidade e propósito. “É na autenticidade que separamos o joio do trigo. Temos que ser o que queremos, e não o que esperam da gente. A comparação é um veneno. Não temos que nos comparar com os outros, mas sim voltar nosso olhar para nós mesmas e identificar o que podemos melhorar.”
Márcia Farinella trouxe à tona o papel da educação na transformação da sociedade. “Nosso aprendizado precisa ser contínuo. Vivemos em uma sociedade líquida, que se apressa e se renova com urgência. O conhecimento é algo duradouro, que uma vez adquirido, nos acompanha para sempre.”
Para Hosana Loiola, é preciso reconhecer o valor da sensibilidade feminina. “Nós temos nossas lutas diárias, essa emoção aflorada, nossa sensibilidade e 6º sentido. Isso é algo maravilhoso.”
A influenciadora Thays Jubé encerrou o debate ao compartilhar sua experiência com o empreendedorismo digital. “Eu comecei a produzir conteúdo para solucionar um problema e na verdade transformei minha vida. Não é sorte. É investimento, compromisso e dedicação.”
Com um viés social, o evento incentivou a doação de kits de higiene, reforçando o compromisso com mulheres em situação de vulnerabilidade. Entre os objetivos, o talk show incentivou a empatia e o fortalecimento coletivo, com mensagens inspiradoras para mulheres que buscam seu espaço com coragem, talento e autenticidade.
Elas movem a economia: presença crescente, desafios persistentes
As mulheres representam mais da metade da população brasileira e são força essencial na construção da economia do País. Segundo dados do IBGE, elas já são cerca de 49% da força de trabalho no Brasil. No empreendedorismo, também avançam com vigor: mais de 10 milhões de brasileiras estão à frente de negócios próprios, o que equivale a 34% do total de empreendedores no País, conforme levantamento do Sebrae.
Apesar disso, a equidade ainda é um objetivo a ser alcançado. As mulheres seguem recebendo cerca de 78% da remuneração dos homens em ocupações equivalentes e enfrentam obstáculos maiores para ascender a cargos de liderança. Setores como tecnologia e política ainda concentram maior desigualdade. Por outro lado, áreas como educação, saúde e serviços mostram forte presença e protagonismo feminino.
No setor industrial, as mulheres representam aproximadamente 31% da força de trabalho, segundo dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Embora a presença feminina tenha crescido nos últimos anos, ainda é mais comum em áreas administrativas, de suporte e setores tidos como 'tradicionalmente femininos', como alimentação, vestuário e farmacêutica. A participação em cargos técnicos, operacionais e de liderança industrial ainda é limitada — menos de 15% dos cargos de liderança na indústria são ocupados por mulheres.
Apesar dos desafios, o cenário tem mudado gradualmente. Iniciativas voltadas à inclusão, qualificação profissional e promoção da equidade vêm estimulando a inserção feminina em setores industriais estratégicos, como engenharia, produção e inovação. A presença crescente de mulheres na indústria sinaliza um movimento de transformação importante para a construção de um setor mais diverso, produtivo e inovador.
Leia mais:
Seminário debate impacto da IA na competitividade industrial em Goiás