Jales Naves
Especial para A Redação
Goiânia - Mensageiro enviado por Deus, conforme os Evangelhos, e venerado por todas as igrejas apostólicas, que lhe dão os títulos de Santo e Mártir, São João Batista é reverenciado como profeta – os seus dois títulos mais famosos assim o ressaltam: Batista, mais popular no cristianismo ocidental, pela sua missão de batizar os arrependidos, e Precursor, mais usado no cristianismo oriental, por seu papel como predecessor de Jesus Cristo.
João Batista é um nome comum na família Naves e um deles, da sétima geração dos Naves brasileiros, João Batista Naves, marcou sua presença: nasceu no dia consagrado ao santo, 24 de junho, possivelmente no ano de 1866, em Santa Juliana, no Triângulo Mineiro, filho de Manoel Prudêncio Naves e Izabel Cândida de Oliveira. Foi o terceiro de quatro filhos, sendo as outras três mulheres: Maria Custódia, Anna Custódia e Maria Vitória, todas também assinando Naves de Oliveira. Ele foi fazendeiro em Araguari, MG.
Manoel Prudêncio Naves, da sexta geração dos Naves brasileiros, tem anotações de batismo do dia 15 de maio de 1831, da Igreja de Bom Sucesso, MG, sendo filho de José Francisco Naves, da quinta geração dos Naves nascidos no Brasil, e de Anna Roza de Jesus.
Anna Rosa
O nome Anna Rosa sempre esteve presente na vida de João Batista: casou-se duas vezes, ambas se chamavam Anna Rosa e eram primas – a primeira, de Nova Ponte, filha de Moysés Naves Damasceno e Anna Ismênia Cardoso, com quem teve 15 filhos; e a segunda, tratada carinhosamente como Sá Rosa, nascida em Sacramento, MG, em 1871, filha de José Joaquim Naves Damasceno e Maria Luiza da Conceição Naves, com quem não teve filhos. A segunda era viúva de José Antônio Naves de Oliveira e tiveram 10 filhos, dentre os quais Sebastião José e Joaquim Rosa, do famoso caso de Araguari, onde nasceram; João Batista deu a ela a fazenda Bom Jardim, em Araguari, onde criou os filhos.
Filhos de João Batista e Anna Rosa: Moysés, nascido em 21 de junho de 1876; Maria Rosa Naves, de 1885; Sebastiana Rosa Naves, de 1887; Manoel Baptista Naves e Pedro Custódio Naves, gêmeos, do dia 11 de agosto de 1889; Isabel Rosa Naves, de 1889; Maria Victoria Naves, de 17.08.1891; Adélia Rosa Naves, de 02.08.1893; Miguel Baptista Naves, de 1895; Isac Baptista Naves, de 24.09.1900; Cyrineu Baptista Naves, de 05.12.1904; João Baptista Naves, de 1907; José, de 18.10.1908; Antônio, de 14.02.1910; e João, de 20.09.1918.
Manoel, Moysés e José Joaquim eram irmãos, filhos de José Francisco Naves e Anna Rosa Naves.
Batista
O sobrenome Batista Naves foi assumido pelos filhos de João Batista, que passaram para os netos. Um exemplo é Cyrineu Baptista Naves, mineiro de Nova Ponte, que ainda jovem se mudou para o vizinho município de Monte Carmelo, MG, instalando-se na região dos Matheus, e depois mudou-se para Goiás. Ele, que sempre festejou a data de São João Batista nas terras que adquiriu, colocou em seu primeiro filho o nome de Gilberto Batista Naves, que igualmente deu sequência à tradição, comemorando anualmente a data consagrada ao santo, com festejos, fogueiras e fogos de artifício.
O irmão mais novo de Cyrineu, José Batista Naves, foi o primeiro a se fixar no Vale do São Patrício, em Goiás, em 1941, para trabalhar na implantação de lavouras de café na fazenda Covoa, vizinha da fazenda Calção de Couro, que deu origem ao município de Goianésia, GO. As terras eram de Carlos Rodrigues de Souza, sogro de José Batista; da mudança para Goiás, dois anos depois, participou o irmão Cyrineu, que conduziu a cavalo o gado na jornada de 28 dias, entre Monte Carmelo e a nova fazenda, numa distância de uns 600 km. As estradas não eram boas e nem iam numa linha reta, fazendo curvas que aumentavam o percurso.
Em 1943 eles trabalharam na implantação da lavoura de café da fazenda Itajá, do empresário Jalles Machado de Siqueira.
Uns dois anos depois da mudança aconteceu uma tragédia com Carlos: participando da construção de uma casa melhor, ele acertou o dedão do pé com um machado, o que lhe custou a vida, pois teve tétano e faleceu um ano depois.
A família ainda estava se organizando quando foi surpreendida com o falecimento de Carlos, e os contratempos foram muitos, inclusive financeiros. Para organizar o inventário, os parentes, como Geraldo, Sebastião e Afrânio, tiveram que cotizar, como também Cyrineu; depois receberam essa participação em terras. As de Cyrineu, em torno de 40 alqueires, menos férteis, ficaram mais próximas da cidade, e em 1960 ele as vendeu, quando o espaço foi loteado e surgiu o bairro das Palmeiras, bem localizado na cidade.
Cyrineu faleceu em 2001.
Maria Rosa
Cyrineu casou-se com sua conterrânea Maria Rosa, filha de Feliciano Fontes e Juvercina Pinto, e foram morar em Goianésia, onde nasceram os seus dois filhos, Gilberto Batista e Janet Edla.
Professora aposentada da rede estadual de ensino, depois de ter sido a segunda professora de Goianésia e a primeira da zona rural daquele município, ela se preocupava com a condição de seus alunos, para que todos fossem atendidos com a merenda escolar. Na época, o programa Aliança para o Progresso, do Governo dos Estados Unidos, fornecia leite em pó, que ajudava na complementação das refeições dos alunos, filhos de trabalhadores rurais e sitiantes, dentre outros.
Ela faleceu em 2012, aos 86 anos. "Pioneira da educação, ela lutou muito, era uma guerreira", resumiu a nora, Mara Naves, que foi deputada estadual pelo PMDB.
Advogado criminalista de atuação reconhecida, ao mesmo tempo em que foi Deputado Estadual, Prefeito de Goianésia em dois mandatos e Secretário de Estado da Segurança Pública e do Gabinete Civil, Gilberto Naves foi o orador da sessão que discutiu o caso dos Irmãos Naves no I Encontro Nacional da Família Naves. Foi uma abordagem histórica, transpondo o episódio para os dias atuais, na intenção de manter vivo o foco principal do debate: o desrespeito aos direitos humanos, para que casos idênticos não se repitam, mostrando a irreparabilidade de tal ação, que prejudicou toda uma família.