A Redação
Goiânia - A capital goiana registrou, em abril, a quarta alta conscecutiva no número de pessoas inadimplentes neste ano de 2025. Conforme levantamento do SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) e da CDL Goiânia (Câmara de Dirigentes Lojistas), o índice avançou 12,02% na comparação com abril de 2024 e 1,69% em relação a março.
A análise por segmento econômico mostra que o setor bancário responde por 63,98% dos registros de inadimplência, mantendo-se como o principal ponto de origem das dívidas. Na sequência, aparecem setores classificados como "outros" (15,33%), serviços essenciais como água e energia elétrica (8,06%), comércio (6,74%) e comunicação (5,89%).
“Boa parte dos débitos está associada a instrumentos de crédito com juros elevados, como cartão de crédito rotativo, cheque especial e empréstimos pessoais”, afirma Hélia Gonçalves, superintendente da CDL Goiânia. Para ela, o atual ciclo de aperto monetário tem efeitos diretos sobre esse cenário.
“O encarecimento do crédito pressiona o orçamento das famílias, que deixam de pagar contas básicas ou renegociadas para priorizar despesas imediatas”, analisa. Segundo ela, o acesso mais difícil ao crédito também dificulta acordos de quitação e prolonga os prazos de inadimplência.
Perfil dos inadimplentes: maioria entre 30 e 39 anos
Entre os consumidores negativados em abril, a maior parte está na faixa etária entre 30 e 39 anos, que representa 25,57% do total. Em relação ao gênero, os homens respondem por 51,19% dos inadimplentes, enquanto as mulheres representam 48,81%.
O valor médio das dívidas é de R$ 5.589,83. A maior parte dos registros (66,13%) corresponde a débitos de até R$ 1.000. As dívidas com mais de um ano de atraso concentram 39,13% dos casos, com um tempo médio de inadimplência de 28,7 meses.
Selic alta dificulta recuperação do consumo
A elevação da taxa Selic para 14,75%, anunciada na última semana pelo Banco Central, encareceu ainda mais o crédito e tende a restringir ainda mais o consumo das famílias, sobretudo entre as de menor renda.
Para a superintendente da CDL Goiânia, a conjuntura monetária tem retardado a recuperação da atividade varejista local. “Os lojistas observam um consumidor mais cauteloso, com poder de compra limitado. Ao mesmo tempo, há uma deterioração gradual nos indicadores de inadimplência, o que afeta também a confiança dos empresários na concessão de crédito próprio”, conclui.