A Redação
Goiânia - Como parte das ações de mobilização ao enfrentamento da exploração sexual de crianças e adolescentes, o Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO) inovou ao apresentar uma proposta lúdica e divertida que conversa diretamente com este público. Baseada na Cartilha Brincar e Aprender: Como Proteger Meu Corpinho, produzida pela Instituição, mais de 200 criança aprenderam a autoproteção contra o abuso sexual por meio da peça teatral "O Despertar da Princesa Kiki", na terça-feira (20/5), em Goiânia.
Lançada na última semana, a peça teatral faz parte do projeto Educar para Proteger, desenvolvido pelas Áreas da Infância e Juventude e da Educação do MPGO com o objetivo de promover a educação infantil sobre autoproteção na prevenção da violência sexual. A atividade de terça integra a terceira apresentação na capital da peça infantil e contemplou crianças de 5 a 11 anos, de quatro escolas da rede pública municipal.
As exibições iniciais do espetáculo aconteceram no dia 14, no Teatro Madre Esperança Garrido, em duas sessões, com a participação de 670 crianças. Além da Capital, o espetáculo já foi encenado em Anápolis ontem (19/5) e será levado ainda a Rio Verde (22/5), Luziânia (23/5) e Cavalcante (26/5).
O procurador-geral de Justiça do MPGO, Cyro Terra Peres, reforçou que promotoras e promotores de Justiça são pessoas que trabalham para defender os direitos de crianças e adolescentes.
Coordenador da Área da Infância e Juventude do MPGO e um dos idealizadores do projeto Educar para Proteger, o promotor de Justiça Pedro de Mello Florentino destacou a preocupação da encenação teatral de levar a mensagem do autocuidado às crianças de uma forma lúdica.
“Foi um teatro construído com forma e conteúdo adequado para crianças de 5 a 11 anos. Então, embora tenha por finalidade a prevenção da violência sexual, ele não trata da violência em si e muito menos de sexualidade. Aqui, as crianças aprendem a diferenciar um toque de carinho de um toque abusivo, mas que, na peça, é chamado de toque do sim e toque do não. E elas aprendem a reagir contra esses toques do não, pedindo ajuda de um adulto da confiança delas”, afirmou.
O coordenador enfatizou a importância da mensagem, sobretudo diante da realidade existente hoje. “É um espetáculo muito mais do que necessário, até porque, salvo engano, somente nos três primeiros meses deste ano, Goiás registrou quase 800 casos de estupro de vulnerável”, lembrou.
Para a gerente de Inclusão, Diversidade e Cidadania da Secretaria Municipal de Educação de Goiânia, Lianna Marya Peixoto Gusmão, a peça teatral aborda um tema sensível de uma forma leve, que facilita a compreensão das crianças. “É importante destacar que esse assunto é muito delicado, pesado. Se você não tem um enfoque lúdico, da brincadeira, fica difícil de as crianças compreenderem. Quando a gente trabalha trazendo o teatro, eles entendem as responsabilidades e conseguem até levar para os familiares, para as outras pessoas que estão em volta deles, fora da escola”, explicou.
Ela ressaltou ainda a parceria com o MPGO para a realização da encenação teatral com caráter educativo: “O Ministério Público vem nessa parceria, fazendo essa colaboração com a gente, oferecendo esse teatro maravilhoso, e as crianças saem daqui ainda mais reforçadas a se proteger contra o risco de violência e abuso sexuais”.
Texto lúdico incentiva crianças a se protegerem
Encenada pelas irmãs Camila e Ludmila Marques, a peça teatral apresentou as noções sobre o corpo infantil e de autocuidado de uma forma sutil e orgânica, inserida no próprio aprendizado da personagem Kiki. Ao longo de todo o espetáculo, as crianças interagiram de forma entusiasmada com as atrizes, respondendo de imediato aos questionamentos e fazendo suas próprias perguntas.
Além das orientações sobre autocuidado, o roteiro trouxe também informações sobre os adultos de confiança e sobre os chamados “amigos protetores” das crianças: o Ministério Público, o Conselho Tutelar, a escola, o posto de saúde, a delegacia, o Disque 100 e o Juizado da Infância e Juventude.
Clarisse dos Santos e Davi Lucas, ambos com 7 anos, alunos da Escola Municipal Mônica de Castro Carneiro, disseram ter gostado da peça e aprendido lições importantes.
Ao final da apresentação, as crianças foram presenteadas, na saída do auditório, com saquinhos de pipoca, para coroar o momento festivo, mas de muito aprendizado.