A Redação
Goiânia - N A comunidade rural de Americano do Brasil se une para salvar as nascentes do Rio dos Bois, durante o desfile de aniversário da cidade, na próxima terça-feira (10/6). ''Cuidar da água começa em casa, no campo, com quem vive e depende diretamente dela'', afirma a comunidade. É o caso do Pesque-Pague do Alírio, uma das propriedades que integram o projeto Guardião dos Olhos D’Água — uma iniciativa comunitária que já recuperou nascentes em diferentes áreas do município e que agora enfrenta dificuldades para manter suas ações.
Localizado às margens da nascente do Rio dos Bois, o Pesque-Pague se tornou um exemplo não apenas pela recuperação ambiental, mas por expandir a proposta do projeto ao adotar práticas ESG – Ambiental, Social e de Governança – de forma integrada. A propriedade, conhecida por suas atividades de lazer e produção de pimentas, virou também um espaço de educação ambiental e inclusão social.
Periodicamente, professores e alunos da rede pública de ensino da região, juntamente a voluntários, realizam mutirões para o plantio de centenas de mudas de espécies nativas do Cerrado nas nascentes do Rio dos Bois.
Essa iniciativa tem o apoio da FAEG Jovem, do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Goiás (SENAR-GO), da Saneago, do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária em Goias (IFAG), de prefeituras locais e, principalmente, da comunidade. Já foram plantadas 400 mudas de espécies nativas para proteger a nascente, o objetivo é transformar a área em um modelo de produção rural sustentável.
Além do reflorestamento, a propriedade recebe visitas escolares, promove ações educativas e divulga publicamente seus resultados e próximos passos. Ou seja: além do A de Ambiental, também pratica o S de Social e o G de Governança — um diferencial que reforça a seriedade e o compromisso da iniciativa.
Apesar dos avanços, o projeto enfrenta um gargalo comum às boas ideias do interior: falta recurso para manter o que já foi iniciado. Monitorar as áreas reflorestadas, repor mudas, controlar pragas e manter as cercas exige um esforço que vai além da boa vontade. A comunidade está fazendo sua parte, mas agora precisa de parceiros com visão a longo prazo.
“O que a gente tem aqui é um exemplo de como o campo pode liderar a agenda ambiental com responsabilidade, envolvimento e transparência. Mas, para continuar, precisamos de apoio. Não adianta plantar e depois deixar morrer”, afirma Cibele Bahia, coordenadora do projeto.
O Guardião dos Olhos D’Água, do qual o Pesque-Pague faz parte, contribui diretamente para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) e mostra que soluções reais para o meio ambiente estão nas mãos de quem vive no território e conhece cada palmo da terra que cuida.
No dia 10 de junho, as crianças do 2º ano da Escola Municipal Ovídio José Alves prestarão homenagem ao projeto durante o desfile de aniversário da cidade. Uma demonstração simples, mas poderosa, de que o impacto já chegou às próximas gerações.