A Redação
Goiânia - Resultados laboratoriais preliminares das amostras coletadas pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Semad) no córrego Santa Bárbara, afetado pelo desabamento do lixão de Padre Bernardo, apresentaram uma alta presença de matéria orgânica. O parâmetro utilizado nessa análise foi a DQO (Demanda Química de Oxigênio), um indicador da quantidade de matéria orgânica presente na amostra que pode afetar o equilíbrio ecológico do corpo d’água. O resultado foi divulgado na noite de quarta-feira (26/6).
No ponto localizado antes da área afetada pelo desabamento (à montante), o resultado da DQO foi igual a 1 mg/L, o que indicou a baixa quantidade de matéria orgânica nesse ponto. Já a amostra coletada no ponto após a área afetada (à jusante), o resultado foi 590 mg/L, o que indica uma alta quantidade de matéria orgânica na água.
Em relação à análise de ânions, a Semad detectou um aumento nos níveis de cloreto entre os pontos antes e após a área impactada no corpo hídrico. No ponto antes da região afetada, não foi detectada a presença de cloreto. Já no ponto logo após essa região, o resultado foi 29,6 mg/L. Porém, esse valor está dentro do limite permitido pela Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) nº 357/2005.
Em geral, o cloreto, quando encontrado em níveis aceitáveis, não apresenta maiores riscos ao meio ambiente. Entretanto, em níveis acima do permitido pela legislação, podem afetar os ecossistemas aquáticos e promover efeitos nocivos à sua biodiversidade.
Também foram realizadas as análises de Fósforo Total nas amostras coletadas. Os resultados indicaram um aumento significativo nos níveis desse parâmetro. No local à montante, o resultado encontrado foi igual a 0,1 mg/L. Já no ponto logo à jusante, o resultado médio obtido foi de 1,6 mg/L. Esse valor está bem acima do permitido pela resolução Conama 357/2005, que é de, no máximo, 0,1 mg/L para o trecho do corpo hídrico avaliado.
Em excesso, o fósforo pode promover o crescimento de cianobactérias, que são microrganismos aquáticos que podem produzir toxinas capazes de provocar efeitos adversos à saúde humana.
Cabe esclarecer que o córrego Santa Bárbara é afluente do rio do Sal, que é usado apenas em atividades de agricultura, piscicultura e avicultura na região. No dia 20 de junho, a secretária Andréa Vulcanis assinou portaria proibindo o uso dessa água contaminada e o gabinete de crise (sobretudo a prefeitura de Padre Bernardo) iniciou uma mobilização com objetivo de tirar dúvidas da comunidade local a respeito da situação.
O abastecimento doméstico da população é feito pela bacia do rio Descoberto, que, conforme atestaram análises feitas pela Semad e pela Saneago, não sofreu contaminação.
A Semad continua sua ação no local, exigindo dos responsáveis pelo Lixão a realização do monitoramento da qualidade da água e da remediação ambiental do local afeta pelo desmoronamento dos resíduos.