São Paulo - Diante de uma série de compartilhamentos afirmando que os ex-ministros da fazenda Henrique Meirelles e Pedro Malan deram entrevistas ao Estadão promovendo a plataforma de investimentos GPT +3V Adipex, com renda mínima garantida de R$ 17 mil, o núcleo de checagem de fatos do jornal informou, nesta segunda-feira (30/6), que a história é falsa.
Segundo o Estadão Verifica, as duas páginas que criaram a notícia tentam imitar a identidade visual do jornal, sem sucesso, com falsas declarações de Henrique Meirelles e Pedro Malan promovendo a plataforma. Trata-se de um golpe com o objetivo de levar as vítimas a fornecer dinheiro ou informações sensíveis a terceiros. Os ex-ministros da fazenda não deram nenhuma entrevista sobre a plataforma.
O núcleo de checagem destacou que, além de declarações falsas dos dois economistas, os sites maliciosos criam depoimentos de pessoas que supostamente alcançaram os rendimentos prometidos e mentem ao afirmar possuir registro em instituições oficiais, como o Banco Central, o Ministério da Fazenda e a Comissão de Valores Mobiliários (CMV). A plataforma não aparece no Cadastro Geral de Regulados da comissão.
Outros casos
Não é a primeira vez que sites falsos ou publicações nas redes sociais usam trechos ou páginas de jornais para promover de forma falsa plataformas de investimento. Em março deste ano, o Verifica mostrou que um anúncio usou IA para manipular as vozes do jornalista William Waack e do empresário Jorge Paulo Lemann para supostamente promover uma plataforma.
No ano passado, um site imitou a identidade visual do Globo.com e inventou uma notícia do ministro da Fazenda Fernando Haddad sobre criptomoedas. Outro se passou pelo Valor Econômico para inventar que o Itaú Unibanco estava processando Haddad, o ex-jogador de futebol Ronaldo Nazário e os empresários Luciano Hang, Roberto Irineu Marinho e Abílio Diniz – já falecido – por promoverem plataformas de criptomoedas.
A suposta plataforma GPT +3V Adipex também esteve no centro de diversos conteúdos falsos recentemente. Além dos casos atuais de Henrique Meirelles e Pedro Malan, já viralizaram publicações usando os nomes de Fernanda Torres, Glória Pires, Rafa Kalimann, Tatá Werneck, Ivete Sangalo e Eliana.
Não há entrevistas de Malan e Meirelles sobre o caso
Ainda de acordo com o núcleo de checagem, uma evidência importante de que o material é falso é a diferença entre a identidade visual dos dois sites e a do Estadão – embora seja usada a cor e o nome do jornal, os sites não seguem o padrão das publicações do periódico. Além disso, a URL de ambos é diferente da do Estadão: estadao.com.br.
Os dois textos dão a entender que Henrique Meirelles e Pedro Malan estão à frente da plataforma com outros sócios. No entanto, ela não aparece entre as empresas vinculadas a nenhum dos dois ex-ministros na ferramenta CruzaGrafos, da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), que reúne dados da Receita Federal.
Embora os sites digam que a plataforma tem registro e apoio da Comissão de Valores Mobiliários e do Banco Central, ela não aparece nos registros de nenhuma das duas instituições. Em nota, a CVM disse que “a empresa mencionada não possui registro para atuar nos mercados regulados pela CVM, negociados na Lei 6.385/76”.
“Todos os participantes do mercado que possuem registro junto à CVM podem ser consultados no Cadastro Geral de Regulados , disponível no site da Autarquia”, acrescentou a entidade. O Banco Central também disponibilizou um link para consulta de todas as instituições autorizadas, reguladas ou supervisionadas pelo Banco Central A GPT +3V Adipex não aparece na lista.