A Redação
Goiânia - No Dia Internacional do Cooperativismo, comemorado neste sábado (5/7), o setor celebra um avanço histórico em Goiás: entre 2012 e 2023, o número de cooperados mais que triplicou, impulsionado pela profissionalização das cooperativas, segundo dados consolidados, levantados pela Universidade Federal de Goiás (UFG) em conjunto com o Sistema OCB/GO. Com ativos que ultrapassam R$ 60 bilhões, o cooperativismo goiano também registra recordes em empregos formais e sobras financeiras, consolidando-se como um dos pilares da economia do Estado.
O número de cooperativas em Goiás passou de 219, em 2012, para 280 em 2023. Já o total de cooperados saltou de 169 mil para 609 mil no mesmo período, crescimento de 260%.
O perfil dos cooperados também vem se diversificando. Em 2012, as mulheres representavam 20% do total de cooperados. Em 2023, a participação feminina passou a representar 50,87% do total. Os números refletem maior inclusão e pluralidade no setor.
Outro indicador relevante é a geração de empregos. O cooperativismo empregava 8.384 pessoas em 2012. Em 2023, esse número chegou a 17.912 — um aumento de 113%. Mais uma vez, o destaque é o aumento da presença feminina na força de trabalho: as mulheres representam mais da metade dos empregados do setor.
Na área econômica, os resultados são igualmente impressionantes. O ativo total do cooperativismo goiano em 2023 somava R$ 60,1 bilhões, com capital social de R$ 9,5 bilhões e sobra do exercício (lucro líquido) de R$ 2,7 bilhões. A receita bruta somada das cooperativas atingiu R$ 30,8 bilhões no ano.
Profissionalização
A expansão e consolidação do setor em Goiás, segundo o presidente do Sistema OCB/GO, Luís Alberto Pereira, deve-se, em grande parte, à profissionalização das cooperativas, amparadas principalmente pelo SESCOOP/GO, o braço educacional do Sistema. “Também contribuíram o amplo trabalho de divulgação das vantagens do modelo de negócios e a pujança da economia goiana, com destaque para o agronegócio”, avalia.
O ramo crédito responde por R$ 47,7 bilhões em ativos e R$ 5,4 bilhões em capital social. Segundo Celso Figueira, presidente da Central Sicredi Brasil Central, a evolução do cooperativismo em Goiás tem sido significativa tanto em números quanto em impacto social e econômico. "Esse avanço se reflete também em resultados econômicos expressivos para as comunidades onde está presente", enfatiza o dirigente.
O ramo agropecuário, por sua vez, se destaca pela maior rentabilidade, com R$ 1,83 bilhão em sobras. Tem como principal exemplo a Comigo, a maior empresa no Estado. Dourivan Cruvinel, presidente-executivo da cooperativa, explica que a vocação econômica de Goiás, majoritariamente agropecuária, favorece a expansão.
"À medida que os nossos cooperados avançam para novas fronteiras, acompanhamos esse movimento de perto. Também estamos participando do processo de industrialização com a construção de uma nova indústria, o que exige a implantação de armazéns e a abertura de novas lojas", diz.
Princípios
As cooperativas de saúde também se destacaram com resultado líquido de R$ 55,4 milhões, em 2023. "Os princípios do cooperativismo, como autonomia, gestão democrática, intercooperação e interesse pela comunidade têm total sinergia com os valores da assistência médica. Especialmente no que diz respeito ao cuidado centrado no ser humano", enfatiza Lueiz Amorim Canedo, diretor-presidente da Unimed Goiânia.
Presidente da Uniodonto Goiânia, Fábio Prudente afirma que a cooperativa tem acompanhado e contribuído ativamente com o crescimento do setor em Goiás. A expansão tem sido amparada pelo fortalecimento do Sistema OCB/GO e pela incorporação das práticas ESG como base da atuação cooperativista.
"A maturidade da gestão nos permite alinhar sustentabilidade financeira, responsabilidade socioambiental e foco real nos beneficiários, sem nunca perder nossa essência cooperativista: gerar trabalho e renda para os cirurgiões-dentistas, que são os verdadeiros donos dessa história", diz.
A expectativa entre dirigentes cooperativistas é de que o setor continue a crescer em Goiás nos próximos anos. Para isso, as cooperativas apostam na inovação tecnológica, na qualificação de serviços e na consolidação da responsabilidade socioambiental como diferenciais competitivos.