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zona rural de Orizona

Folia de Santos Reis movimenta Corumbajuba com tradição, fé e devoção

Festa segue até 12 de julho | 09.07.25 - 23:34 Folia de Santos Reis movimenta Corumbajuba com tradição, fé e devoção Folia de Santos Reis movimenta Corumbajuba com tradição, fé e devoção. (Foto: Roger Martins)
 
A Redação

Goiânia
- A zona rural de Orizona está em festa com a realização da Folia de Santos Reis de Corumbajuba, que começou nesta semana e segue até sábado (12/7). A manifestação cultural centenária na região é marcada por cantorias, orações e visitas às casas da comunidade, percorrendo a área rural do Distrito, reunindo mais de 600 pessoas, entre foliões e moradores.
 
Tradicionalmente a Folia de Reis ocorre no mês de janeiro. Em Corumbajuba,  temos uma exceção no calendário. A Folia foi adaptada há mais de 30 anos para o mês de julho, motivada pelas chuvas do início do ano, que dificultavam a caminhada tradicional com a presença de muitas pessoas idosas. A essência, no entanto, permanece: uma celebração de fé e cultura popular que fortalece os laços comunitários e preserva a devoção no interior goiano.
 
“A comunidade recebe com muita alegria. Onde a gente chega, é como almoço de casamento. É uma tradição viva, um patrimônio nosso”, conta Vicente Felismino de Paula, 2º capitão e irmão de Pedro, 1º capitão da Folia. 
A origem exata da Folia de Corumbajuba é incerta. Enquanto alguns moradores relatam mais de 80 anos de história, outros acreditam que ela já se aproxima de um século. Vicente acredita que o tempo é secundário diante do significado da tradição: “Sempre fui muito religioso. Comecei lá atrás, ninguém me ensinou. Foi da natureza. Fui aprendendo devagar e cheguei onde cheguei. Hoje sou capitão com muito orgulho.”
 
Preparação
A preparação para a caminhada começa um ano antes, com reuniões entre os foliões para revisar regras e reforçar valores como o respeito e a união. Em diálogo com a comunidade, são definidos os responsáveis por cada pouso, cada dia, o trajeto, as doações, a data e todos os detalhes.  Um dos pontos centrais da folia de Corumbajuba é a proibição do consumo de bebidas alcoólicas durante o percurso, decisão que visa manter a espiritualidade e a organização do grupo. “É pra manter o foco no que a gente veio fazer: oração, respeito, devoção e amor uns aos outros. A gente incentiva e ensina os pequenos, diferente de outras folias que nem deixam mais eles participarem”, destaca Vicente.
 
As caminhadas duram dias, e muitos moradores recordam as dificuldades enfrentadas em anos anteriores. Vicente relembra a infância: “Comecei com 8 anos. Naquele tempo não tinha condução. Fazíamos capa de chuva de saco plástico e andávamos oito dias direto. Dormia onde dava, não tinha colchão. Hoje tem uniforme, roupa de cama, ônibus escolar de apoio… mudou muito.”
 
O momento mais especial, segundo ele, é quando todos estão juntos. “A turma sorrindo, cantando, é um prazer imenso. O mais triste é a despedida. A gente toma um amor tão grande uns pelos outros que separar dói. E já estamos mais pra lá do que pra cá, então nunca sabemos se na Folia do ano que vem poderemos estar todos reunidos. Em muitos momentos o fim da Folia também é uma despedida.”
 
Registros da oralidade
Nos últimos anos, a folia tem passado por um processo de registros da oralidade, da tradição e conquistado a sua devida valorização como patrimônio cultural imaterial. A Skambau Produções, por meio de sua coordenadora, a pesquisadora e gestora de projetos, Manoela Barbosa, tem atuado para manter a salvaguarda e  fortalecimento da memória da comunidade e do festejo. 
 
Desde 2021, são realizadas ações de pesquisa e registro das memórias com a comunidade. Em 2022 e 2023 foi realizado um documentário com os membros da folia e da comunidade, que resultou na produção de um filme curta metragem, lançado e premiado em 2024. Uma homenagem a este patrimônio, que este ano será exibido em uma mostra itinerante de cinema durante os pousos da Folia. Em agosto, a mostra percorrerá por 12 escolas do município com a participação de foliões nos debates com crianças e adolescentes. 
 
Política Nacional Aldir Blanc
Em 2025, graças a aprovação em um edital da Política Nacional Aldir Blanc em Goiás, são realizadas ações permanentes com a comunidade e o diálogo intergeracional, com a realização de oficinas de canto e de música com as crianças da comunidade que estão ajudando a preparar novas gerações para manter viva a tradição com o aprendizado musical em diversos instrumentos. Ocorrem também oficinas de comunicação comunitária com jovens que atuam com educomunicação e produção audiovisual. 
 
Por fim, ensaios e a manutenção de um grupo de 15 membros da Folia, que dialogam e apontam rumos do fortalecimento da tradição na comunidade, aprimoramento em instrumentos musicais, depoimentos e causos que registram a oralidade dos ensinamentos sobre a tradição para os mais novos. Está em desenvolvimento um site deste acervo de memórias e haverá o lançamento de um ebook para contribuir com pesquisas neste segmento, com visibilidade para a trajetória dessa comunidade e a repercussão do material gratuito no Brasil. É uma riqueza muito grande ver menino e menina, gente de toda idade aprendendo e participando. A comunidade está achando muito bom”, conclui Vicente.
 
Além das caminhadas e embaixadas cantadas , a folia também promove momentos de partilha e acolhimento entre as famílias. Em cada casa visitada, os foliões são recebidos com orações, refeições e gestos de gratidão. Para muitos, é uma demonstração concreta do valor coletivo e espiritual que a folia representa.
 
A Folia de Santos Reis em Goiás é reconhecida como patrimônio cultural imaterial pela Lei Estadual nº 22.270/2023. Em Corumbajuba, a cada ano, reafirmamos a relevância dessa manifestação como símbolo da resistência cultural e da fé popular no coração do goiano.

Comentários

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  • 10.07.2025 14:19 Dra Deide Costa

    A Folia no Motel também foi muito boa... tanta gente se pegando e fazendo muito sexo!

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