Ludymila Siqueira
Goiânia - Em Goiânia, o número de pessoas em situação de rua saltou de 350, em 2019, para uma estimativa atual de 3 mil indivíduos, segundo a secretária municipal de Política para Mulheres, Assistência Social e Direitos Humanos, Erizania Freitas. O dado foi revelado em entrevista exclusiva à reportagem do jornal A Redação, nesta terça-feira (15/7). O crescimento acompanha a tendência nacional registrada desde a pandemia da covid-19, marcada, entre outros pontos, pela perda da renda formal. De acordo com os últimos dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a população em situação de rua no país passou de 92.515, em 2012, para 281.472, em 2022, represenando um aumento superior a 200%.
(Foto: Rodrigo Obeid/jornal A Redação)
Com foco na promoção da cidadania e na garantia da dignidade das pessoas em situação de rua, a Prefeitura de Goiânia tem realizado ações de busca e escuta ativa nos pontos de maior concentração desse grupo, como Campinas, vielas do Setor Sul, Setor Leste Universitário e Avenida Independência. "Temos realizado, inclusive com a participação do prefeito Sandro Mabel, um diagnóstico para compreender onde essas pessoas costumam ficar. Vamos nas madrugadas realizar estes atendimentos e propor uma melhor condição para que elas possam sair desta situação e aceite ir para um abrigo, por exemplo. Neste sentido, temos buscado também parcerias para ampliar o número de abrigos, passando de dois para quatro ainda em 2025. Quando falamos em pessoas em situação de rua, também falamos em saúde, em assistência social e empregabilidade", explicou a secretária, ao mencionar que a gestão municipal garante, inclusive, passagens para pessoas de outros Estados que tenham interesse em retornar aos locais de origem.
Uma dessas ações é realizada na manhã desta terça-feira na Rua 10, no Setor Leste Universitário. O local concentra um número considerável de pessoas em situação de rua, que, geralmente, montam barracas de lona próximas às adutoras. Com uma ação de manutenção da Saneago, essas estruturas precisam ser removidas para evitar riscos maiores durante o uso das máquinas. "Vamos até lá, em conjunto com a Defensoria Pública, para conversar com esta população e possivelmente encaminhá-las a um abrigo", descreveu Erizania, ao ressaltar que foi reaberto um abrigo emergencial para acolhimento durante o período de frio. "No primeiro dia, tínhamos três pessoas, agora são mais de 70 assistidos."
Medidas a curto, médio e longo prazos
Em maio deste ano, durante a abertura da Semana Nacional do Registro Civil (Registre-se!), realizada no Centro POP, em Goiânia, o prefeito Sandro Mabel afirmou que tem o compromisso de, até o fim deste ano, não haver mais nenhuma pessoa em situação de rua na Capital.
Ao ser questionada sobre essa meta, a secretária Erizania Freitas avaliou que se trata de uma iniciativa “desafiadora”. "O que propomos, a partir das políticas afirmativas, é um compromisso não propriamente com a cidade, mas com as próprias pessoas em situação de rua. É uma proposta a curto prazo, mas que precisa ser pensada também a longo prazo. Neste sentido, temos trabalhado para que essas pessoas sejam assistidas, para que haja a perspectiva de que possam sair da situação de rua. Acredito fortemente que o prefeito Sandro Mabel fará com que Goiânia seja referência no Brasil, porque ele não mede esforços para investir em assistência social para as pessoas em situação de vulnerabilidade", arrematou a secretário.