A Redação
Goiânia - Durante reunião com o governador Ronaldo Caiado, nesta segunda-feira (14/7), em Tóquio, o ministro da Economia, Comércio e Indústria do Japão, Ogushi Masaki, manifestou interesse em Goiás como alternativa estratégica para diversificar o fornecimento de terras raras e reduzir a dependência japonesa da China nesse setor. A conversa marcou o primeiro dia da missão goiana ao país asiático.
“Dependemos da China, que pode adotar medidas e interromper a cadeia global de suprimentos a qualquer momento. Por isso, precisamos estabelecer novas fontes, e Goiás é rico em terras raras. Muitas empresas japonesas querem investir nessa área no estado. O governo pretende impulsionar esses investimentos”, afirmou Masaki.
Como desdobramento imediato, o ministro confirmou o envio de uma missão técnica ao território goiano na segunda quinzena de agosto. A comitiva será liderada por Yamaguchi Yuzu, chefe da divisão de Recursos Minerais, e reunirá representantes de empresas interessadas em parcerias com o estado. “Será um imenso prazer recebê-los. Vou apresentar Goiás e nossas alternativas para que os investidores japoneses ampliem sua presença no estado”, afirmou Caiado.
Além da riqueza mineral, Masaki elogiou a política estadual de qualificação profissional e o ambiente favorável aos negócios. “Muitas empresas japonesas estão se desenvolvendo no seu território graças ao investimento em capacitação feito pelo Estado”, disse o ministro.
Em resposta, Caiado destacou as condições estruturais de Goiás e a abertura para acordos tecnológicos. “Temos água, energia limpa e precisamos de tecnologia e investimento para fazermos a separação dos metais presentes nas terras raras. Esse é o nosso maior desafio, e o Japão tem o conhecimento necessário para superar essa etapa”, explicou.
Goiás possui jazidas promissoras em regiões como Minaçu, Nova Roma e Iporá. Os chamados elementos de terras raras (ETRs) são 17 minerais críticos usados em tecnologias de ponta, como turbinas eólicas, veículos elétricos, baterias e equipamentos militares. Eles são essenciais para a transição energética global.
O Brasil possui a segunda maior reserva mundial de óxidos de terras raras (OTR), com 22 milhões de toneladas lavráveis, ficando atrás apenas da China. Goiás e Minas Gerais concentram os projetos mais avançados do país nesse setor. Entre eles, destacam-se: Serra Verde, em Minaçu (GO), única operação comercial em atividade dedicada à produção de elementos de terras raras no Brasil; Aclara Resources, com implantação em curso nas cidades de Nova Roma e Aparecida de Goiânia (GO), e investimento previsto de R$ 2,8 bilhões; e a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), que mantém produção contínua em Araxá (MG).
A China concentra cerca de 50% das reservas mundiais, mas domina mais de 90% da produção global. A demanda internacional gira entre 120 mil e 130 mil toneladas por ano, movimentando entre US$ 3 bilhões e US$ 5 bilhões. O desenvolvimento da indústria de terras raras foi peça-chave para a China negociar com os Estados Unidos a reversão de tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Abertura de mercado
Ainda na segunda-feira, Caiado se reuniu com a ministra dos Negócios Estrangeiros do Japão, Arfiya Eri, para tratar da abertura do mercado japonês à carne bovina goiana. O governador destacou que o estado é reconhecido como livre de febre aftosa sem vacinação pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), condição essencial para exportações.
Arfiya Eri reconheceu a força de Goiás no agronegócio. “O Brasil é um parceiro estratégico global. Goiás é o centro do desenvolvimento do Cerrado e da produção de grãos do país”, afirmou. A ministra comprometeu-se a intermediar junto ao Ministério da Agricultura japonês o processo de habilitação dos frigoríficos goianos.