A Redação
Goiânia - O número de consumidores inadimplentes na capital registrou um avanço de 15,78% em junho deste ano, na comparação com o mesmo período de 2024, segundo o SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) Brasil, com apoio da base de dados da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) Goiânia. A alta superou tanto a média da região Centro-Oeste, que ficou em 9,78%, quanto a do país, de 7,73%.
Esse crescimento local se dá em meio a um quadro nacional de endividamento elevado. Em junho, o Brasil somou 71,28 milhões de pessoas com o nome negativado, o que representa 42,89% da população adulta. Segundo a CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) a deterioração das finanças familiares tem sido influenciada por uma combinação de fatores econômicos adversos, como inflação persistente, juros ainda elevados e renda comprometida com despesas básicas.
Valor médio das dívidas e perfil dos devedores
Em Goiânia, cada consumidor inadimplente devia, em média, R$ 5.735,80 em junho. Embora expressivo, o valor esconde o fato de que boa parte da população lida com dívidas menores: 26,68% dos inadimplentes tinham pendências de até R$ 500, e esse percentual sobe para 38,90% quando consideradas dívidas de até R$ 1.000.
O tempo médio de atraso das dívidas na capital goiana chegou a 29,1 meses, com 37,68% dos inadimplentes em situação de negativação entre um e três anos. Os dados também revelam que cada pessoa negativada possuía, em média, 2,296 dívidas em aberto.
O setor bancário lidera com folga o volume de dívidas, concentrando 64% do total de registros de inadimplência na capital. Na sequência, aparecem os segmentos classificados como “outros” (15,64%), contas de água e luz (8,13%), comércio (6,48%) e serviços de comunicação (5,75%).
Contexto econômico dificulta recuperação
Na análise do presidente da CDL Goiânia, Geovar Pereira, o avanço da inadimplência reflete um ambiente macroeconômico que ainda não oferece as condições necessárias para uma recuperação sustentada do consumo das famílias. “As elevadas taxas de juros e um ambiente econômico ainda instável continuam empurrando milhões de brasileiros para a lista de negativados. Em Goiânia, não é diferente”, avalia.
Segundo Pereira, apesar de sinais pontuais de retomada, como a leve desaceleração da inflação nos últimos meses, o cenário ainda exige cautela. “É crucial que sejam implementadas medidas estruturais de incentivo à renda e à educação financeira. Sem isso, o risco é manter parte significativa da população em situação de vulnerabilidade econômica e com o consumo comprometido”, conclui.