O professor José Vicente de Araújo afirma que a receita advinda da cobrança das tarifas pelos operadores visa
Para o profissional, a ação inicial de gestão das águas subterrâneas que o país precisa estabelecer para a preservação e abastecimento do recurso seria a divulgação efetiva para toda a sociedade e gestores sobre a função e importância econômica, social e ambiental deste recurso subterrâneo. "Na verdade, não existe distinção entre as chamadas “águas superficiais” e as “águas subterrâneas”. Elas são as mesmas. Pertencem ao mesmo ciclo hidrológico, se apresentando a cada momento em uma de suas fases. E por estarem na subsuperfície e não serem vistas, muitas vezes não são valorizadas", esclarece.
Além disso, seria importante aumentar os investimentos em pesquisas e estudos que visam o mapeamento
detalhado das características hidrodinâmicas dos aquíferos e, para assim, estabelecer regras precisas para que a extração de suas águas ocorra de forma sustentável, evitando a superexploração. A ação significa extrair apenas das águas oriundas das reservas renováveis dos aquíferos, que serão repostas pelas recargas provenientes das infiltrações ocorridas naturalmente pela dinâmica do ciclo hidrológico. Para isso necessita-se estabelecer políticas de proteção e de preservação ambiental das áreas de recargas, evitando a impermeabilização e limitando o uso do solo, conforme o grau de vulnerabilidade à contaminação do local.
Por fim, a fiscalização intensiva dos volumes extraídos e a verificação das conformidades com as regras estabelecidas nas outorgas. "O monitoramento do nível dinâmico dos aquíferos vai permitir o acompanhamento para que o uso das águas subterrâneas se estendam indefinidamente nos moldes atuais", finaliza o engenheiro civil e professor da UFG, José Vicente de Araújo, em entrevista exclusiva ao jornal A Redação.
Ações preventivas podem fazer a diferença
Apenas 3% de toda a água do mundo está disponível para nosso consumo. Cerca de 70% do recurso está em forma de gelo ou no solo. A água de poços ou cisternas não é tratada. Então, ela pode até parecer pura, mas, na verdade, pode estar contaminada e causar doenças. Se desperdiçada, ainda pode contribuir com a escassez em aquíferos.
Pensando na preservação e conservação da água, a Saneago executa o programa Produtor de Água do Ribeirão João Leite, que busca garantir água em quantidade e qualidade para o abastecimento de Goiânia e Região Metropolitana. Neste sentido, a ação apoia, orienta e certifica projetos que reduzam a erosão e o assoreamento dos mananciais, que promovam a recarga e a retenção de água no solo e protejam as nascentes e os lençóis subterrâneos por meio de várias iniciativas.
(Foto: reprodução)
A Companhia de Abastecimento explica que, em função das mudanças climáticas, o regime de chuvas vem se modificando ao longo dos anos em Goiás, com ocorrências cada vez mais frequentes de chuvas intensas em períodos curtos. Esse fenômeno provoca grandes escoamentos superficiais, resultando em baixa infiltração de água no solo. Por consequência, há redução nas nascentes que abastecem os mananciais superficiais, bem como na realimentação dos subterrâneos.
"A degradação das bacias onera os custos de produção de água tratada, o que provoca inúmeros transtornos, não só para a nossa Companhia, mas também para a população. Além disso, o transporte de sedimentos pelos cursos d’água, situados acima do ponto de captação, pode reduzir a vida útil do reservatório do Ribeirão João Leite e comprometer a produção de água", descreve em entrevista ao jornal A Redação.
O Produtor de Água beneficia produtores rurais que, por meio de políticas e manejos conservacionistas, bem como de melhoria da cobertura vegetal, venham a contribuir para a recuperação ambiental, com efetiva redução da erosão e aumento da infiltração de água no solo.
Dentre as principais ações propostas estão: readequação de estradas internas e/ou carreadores; implantação de boas práticas agropecuárias e sanitárias; conservação de remanescentes de vegetação nativa existente; recomposição, conservação e manutenção de áreas de preservação permanente ou reserva legal.
Atualmente, as ações são desenvolvidas nos municípios de Ouro Verde de Goiás e Nerópolis, sendo que há 29 Projetos Individuais de Propriedades aprovados e ativos. Ao longo dos últimos 5 anos.