A Redação
Goiânia - O governador Ronaldo Caiado expressou, nesta quinta-feira (7/8), sua insatisfação com as ações do governo federal para minimizar os impactos decorrentes da tarifação imposta pelos Estados Unidos ao Brasil. A declaração foi feita durante reunião do chefe do Executivo goiano com governadores de outros oito estados, em Brasília. “Durante todo esse tempo, nós governadores procuramos saídas alternativas para tentar minimizar essa crise”, enfatizou Caiado, ao lembrar que, diferente de Goiás, o governo federal ainda não anunciou medidas de auxílio aos setores afetados.
Ele demonstrou indignação diante da inércia do presidente da República aos fatos. O presidente Lula disse na quarta-feira (6/8) que “não tem nada a falar com o presidente dos Estados Unidos”. “Isso é algo que mostra a total insensatez de um presidente que, ao invés de se preocupar com a economia do país, com o emprego, com as empresas e investimentos internacionais, quer é antecipar o processo eleitoral. É isso que nos causa indignação”, disse o governador goiano.
Segundo Caiado, os governadores não foram consultados por Lula e estão sendo diretamente impactados pelas tarifas. “Nós queremos é ampliar o mercado e não conviver com alguém que se acha no direito de fechar o Brasil e penalizar o setor produtivo nacional. Isso é inadmissível neste momento”, sublinhou.
O encontro foi proposto pelo governador Mauro Mendes, de Mato Grosso, que destacou a importância de reunir gestores estaduais que reúnem grande parte do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. “O que nos une é a preocupação, que eu sei que permeia grande parte desse país, com as consequências dessa crise institucional com os Estados Unidos.”
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, lembrou que os EUA é parceiro histórico e um grande investidor estrangeiro direto do Brasil. “Vamos cobrar energia do governo federal nas negociações, que precisam ser efetivas”, comentou. A reunião teve ainda as participações dos governadores Jorginho Mello (SC), Cláudio Castro (RJ), Romeu Zema (MG), Ratinho Júnior (PR), Ibaneis Rocha (DF) e Wilson Lima (AM).
Medidas
Assim que ocorreu o anúncio do tarifaço, Caiado interrompeu uma missão internacional e retornou a Goiás para acompanhar de perto os efeitos da medida e articular ações para mitigar os impactos na economia goiana. Desde então, o governador tem trabalhado junto ao secretariado para compreender as demandas das empresas mais penalizadas, visando a manutenção de empregos e renda no estado.
Em paralelo, ele tem mantido contato direto com um representante da Embaixada Americana no Brasil para buscar a exclusão de itens essenciais, para às exportações da economia goiana, da lista de produtos taxados.
Goiás foi o primeiro estado brasileiro a anunciar medidas emergenciais para auxiliar as empresas atingidas. Em 5 de agosto, Caiado anunciou a abertura do Programa de Crédito para o Desenvolvimento de Goiás – na Bolsa de Valores de São Paulo, a B3 – uma nova linha de crédito destinada a empresários que pretendem injetar capital no Estado, que também contemplará os segmentos atingidos pela tarifa de 50% dos EUA.
Neste fundo devem ser investidos R$ 800 milhões em créditos a taxas competitivas, com juros de 10% ao ano, valor abaixo de linhas subsidiadas por programas federais. O fundo será constituído com 50% em créditos de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) junto a empresas goianas exportadoras, e os outros 50% captados no mercado financeiro.
Além disso, Caiado colocou à disposição o Fundo de Estabilização Econômica do Estado de Goiás, uma reserva financeira estadual destinada a momentos de crise econômica, e o Fundo de Equalização para o Empreendedor (Fundeq), um fundo público de natureza financeira criado durante a pandemia de Covid-19 para conceder recursos financeiros para subsidiar o pagamento de encargos em operações de crédito.
Também foi criado um comitê para garantir um contato diário e permanente do governo estadual com empresários, para acompanhar o cenário. “Eu já tomei as minhas medidas e fiz minha parte. Agora estou aguardando as do Lula”, concluiu Caiado.