A Redação
Goiânia - A operação de retirada do lixo que desmoronou sobre o córrego Santa Bárbara, no lixão da empresa Ouro Verde, em Padre Bernardo, já completou 18 dias, nesta sexta-feira (8/8), e a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável informou que cerca de 20% dos 42 mil metros cúbicos da massa já foram removidos. Mais de 560 viagens de caminhão foram feitas até agora. O lixo está sendo depositado temporariamente em uma célula na mesma propriedade, enquanto uma segunda célula passa pela impermeabilização, com metade do serviço concluída.
Conforme se estabeleceu no termo de ajuste de conduta (TAC) assinado no dia 11 de julho, no qual a empresa Ouro Verde se comprometeu com uma série de ações e prazos, a remoção do lixo que desmoronou deve ser finalizada até o dia 15 de setembro, antes do início do período chuvoso. O gerente da área de emergências ambientais da Semad, Sayro Reis, avalia que, se esse ritmo de trabalho se mantiver, a meta será cumprida. Ele informa também que, até o momento, tudo o que foi combinado no TAC foi feito.
Também dentro do próprio imóvel da Ouro Verde, está sendo escavada uma sexta lagoa de chorume, que vai contribuir para diminuir a sobrecarga existente sobre as outras cinco lagoas e permitir reparos nelas. Depois de feita a escavação, ela será impermeabilizada.
Análise da água
Amostras coletadas entre 26 de junho e 03 de julho de 2025 e analisadas por laboratório contratado pela Ouro Verde indicam que se mantém a contaminação da água do córrego Santa Bárbara. As coletas foram realizadas pelo laboratório em três pontos: o primeiro, antes da área atingida pelo desmoronamento; e os outros dois pontos localizados à jusante, ou seja, após a região afetada. As amostras foram colhidas nos dias 26/06, 29/06, 30/06, 01/07, 02/07 e 03/07.
Destaca-se o alto nível de benzeno encontrado, com resultado de 7 mg/L para a amostra coletada no dia 26/06 no primeiro ponto à jusante, sendo que o limite definido pela resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) 357/2005 é de, no máximo, 0,005 mg/L. Em todas as amostras coletadas neste ponto, os níveis de benzeno não atenderam os critérios da Conama 357/2005, com valores variando entre 1 e 7 mg/L. Na última coleta realizada neste ponto, no dia 03/07, o resultado foi de 1 mg/L. No segundo ponto à jusante os resultados também ficaram acima do valor máximo permitido. Do dia 29/06 a 03/07, os valores variaram entre 1 e 3,1 mg/L, todos acima do limite da Conama 357/2005.
Os níveis de manganês encontrados nos dias 26/06, 02 e 03/07, no primeiro ponto à jusante, também não atenderam ao padrão de qualidade da Conama 357/2005. Os valores foram iguais a 2,098 (no dia 26/06), 1,271 (no dia 02/07) e 0,631 mg/L (no dia 03/07), bem acima do valor máximo permitido igual a 0,1 mg/L. Para o segundo ponto à jusante os resultados ficaram abaixo do valor máximo permitido.
Tanto o benzeno como o manganês são substâncias capazes de provocar danos à saúde humana e ao meio ambiente. O benzeno é uma substância altamente tóxica que pode ser encontrada em resíduos industriais, tintas, gasolina, entre outros produtos. Já o manganês é encontrado, por exemplo, em resíduos industriais, pilhas e baterias.
Outros parâmetros que também ficaram em desconformidade com a Conama 357/2005 foram fenóis, demanda bioquímica de oxigênio, coliformes termotolerantes e oxigênio dissolvido.
A Semad também continua acompanhando a situação com uma equipe própria de análise de água. As análises de amostras coletadas pela pasta no dia 1º/8 apresentam resultados acima do permitido pela Conama 357/2005 para os parâmetros de fósforo total e demanda bioquímica de oxigênio no córrego Santa Bárbara. Já no rio do Sal, corpo d’água em que o córrego Santa Bárbara deságua, os resultados ficaram dentro dos limites da Conama 357/2005 para os parâmetros analisados.