Ludymila Siqueira
Goiânia - Uma megaoperação que busca desarticular um esquema criminoso bilionário no setor de combustíveis, supostamente comandado por integrantes da facção Primeiro Comando da Capital (PCC), resultou no cumprimento de 10 mandados de busca e apreensão em Senador Canedo, na manhã desta quinta-feira (28/8).
Em Goiás, o Ministério Público Estadual (MPGO), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), deu apoio à Operação Carbono Oculto, deflagrada pelo Ministério Público de São Paulo em parceria com o Ministério Público Federal. Mandados também foram cumpridos em outros Estados.
De acordo com o MPGO, os alvos da operação em Senador Canedo são pessoas jurídicas ligadas ao comércio, à produção e à distribuição de combustíveis. A decisão judicial da 2ª Vara Criminal da Comarca de Catanduva (SP) aponta que a organização criminosa movimentou mais de R$ 8 bilhões, causando prejuízos a toda a cadeia econômica do setor.
A ação em Goiás contou com a participação de dois promotores de Justiça, 15 agentes de segurança institucional, 12 policiais militares e oito auditores da Receita Federal.
Entenda
Uma força-tarefa nacional com cerca de 1.400 agentes de forças de segurança cumpre, nesta quinta-feira (28/8), mandados de busca, apreensão e prisão para desarticular um esquema criminoso bilionário no setor de combustíveis, comandado, segundo as investigações, por integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). A ação é realizada em São Paulo, Goiás, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraná, Rio de Janeiro e Santa Catarina.
As investigações apontam que o grupo criminoso sonegou mais de R$ 7,6 bilhões em impostos federais, estaduais e municipais, segundo autoridades da Fazenda de São Paulo. As irregularidades foram identificadas em diversas etapas do processo de produção e distribuição de combustíveis no país. O esquema, segundo as investigações, tem lesado não apenas os consumidores que abastecem veículos no Brasil, mas toda uma cadeia econômica ligada aos combustíveis.
Mais de 350 alvos, entre pessoas físicas e jurídicas, são suspeitos de crimes contra a ordem econômica, adulteração de combustíveis, crimes ambientais, lavagem de dinheiro, fraude fiscal e estelionato.
O PCC agia na importação irregular de produtos químicos para adulterar os combustíveis. Os investigadores identificaram mais de 300 postos de combustíveis que atuam nessas fraudes. Já o setor estima um impacto maior, em cerca de 30% dos postos em todo o estado de São Paulo, em torno de 2.500 estabelecimentos.
A Receita Federal também identificou ao menos 40 fundos de investimentos, com patrimônio de R$ 30 bilhões, controlados pelo PCC. Segundo o órgão, as operações aconteciam justamente no mercado financeiro de São Paulo, através de membros infiltrados na Avenida Faria Lima. Esses fundos de investimentos foram utilizados como estruturas de ocultação de patrimônio, afirmam os auditores federais.
A Operação Carbono Oculto foi deflagrada pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP), por meio do GAECO (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado).