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Eleições em Goiás: quais prioridades vão marcar a campanha de 2026?

Forças políticas já trabalham estratégias | 06.09.25 - 07:59 Eleições em Goiás: quais prioridades vão marcar a campanha de 2026? Segurança, economia e saúde serão temas abordados de forma intensa, segundo pesquisa (fotos: Secom Goiás/Agência Brasil)

Samuel Straioto
 
Goiânia - As eleições de 2026 em Goiás começam a ganhar forma com movimentações políticas antecipadas e redefinição de prioridades na agenda de debates. Faltando um ano para a campanha eleitoral, as principais forças políticas do Estado se articulam para definir candidatos e estratégias. Daniel Vilela (MDB) surge como favorito à sucessão governamental, Adriana Accorsi conduz a reorganização do PT, Marconi Perillo trabalha para fortalecer o centro democrático pelo PSDB, enquanto Wilder Morais mantém indefinições no campo bolsonarista. Mas que temas estarão na boca desses e de outros possíveis candidatos durante as campanhas?
 
 
Forças políticas de Goiás ajustam estratégias a 1 ano das convenções
Daniel Vilela, Marconi Perillo, Adriana Accorsi e Wilder Morais (Fotos: divulgação)
 
A resposta passa por mudanças significativas nas preocupações do eleitorado brasileiro e goiano. Diferente das disputas anteriores, quando regionalização da saúde pré e pós-covid, infraestrutura, venda da Celg e corrupção dominaram discursos de campanha, novas prioridades emergem no cenário político.
 
O cientista político Felipe Andrade, especialista em comportamento eleitoral, destaca a importância dessa transformação. "Estamos vivenciando uma reconfiguração completa da agenda política. O eleitor goiano, historicamente preocupado com desenvolvimento econômico e infraestrutura, agora demonstra novas preocupações que os candidatos precisarão endereçar".

Segurança Pública
Uma das principais tendências que pode influenciar as campanhas goianas é o crescimento da segurança pública, tema que já foi prioritário em eleições passadas e que pode ganhar mais espaço no debate político.
 
Pesquisa Quaest divulgada em junho de 2025 e realizada entre 29 de maio e 1º de junho com 2.004 pessoas em 120 municípios brasileiros (margem de erro de 2 pontos percentuais) mostrou que 30% dos brasileiros consideram a violência o principal problema do país. O número representa crescimento de 20 pontos percentuais em apenas dois anos: em agosto de 2023, apenas 10% colocavam a criminalidade como prioridade máxima.
 
A economia, tradicionalmente líder nas preocupações populares, aparece agora em terceiro lugar com 19% das menções, atrás das questões sociais (22%). A pesquisa indica ainda que saúde obteve 10% das citações, corrupção 13% e educação 6% entre os grandes problemas nacionais.
 
Essa tendência nacional pode ter reflexos diretos no cenário eleitoral goiano. A socióloga Marina Oliveira, especialista em análise social e comportamento urbano, contextualiza essa possível influência. "A violência urbana criou uma sensação de insegurança que transcende classes sociais e regiões. Mesmo em Estados com indicadores de criminalidade em melhoria, como Goiás, a percepção de risco se intensificou, especialmente nas áreas metropolitanas".
 
O paradoxo goiano ilustra bem essa dinâmica. O Estado registrou quedas expressivas nos indicadores criminais nos últimos anos. Mesmo assim, a influência das percepções nacionais sobre insegurança pode fazer com que candidatos precisem apresentar propostas robustas na área.
 
Saúde pública
A saúde pública, tema dominante nas eleições pós-pandemia, tende a manter relevância, mas com novo enfoque. Se em 2022 a regionalização do sistema de saúde e o combate à covid-19 centralizaram debates, as discussões podem evoluir para sustentabilidade financeira, tecnologia médica e prevenção de futuras emergências sanitárias.
 
Felipe Andrade observa essa possível evolução temática. "A saúde provavelmente não desaparecerá da agenda eleitoral, mas pode se transformar. O eleitor pode buscar respostas para além da emergência, questionando como manter o sistema funcionando sem depender de crises para receber investimentos".
 
A experiência da pandemia deixou lições sobre preparação para emergências que podem influenciar propostas futuras. Candidatos poderão ser cobrados por planos de fortalecimento da rede básica de saúde, investimentos em telemedicina e estratégias de prevenção que vão além de respostas reativas a crises sanitárias.
 
Marina Oliveira complementa a análise. "A população aprendeu que saúde pública não é apenas ter hospitais disponíveis. Pode existir uma demanda crescente por políticas preventivas, saúde mental e atendimento domiciliar que será cobrada dos candidatos".
 
Infraestrutura e desenvolvimento econômico
Embora a segurança pública ganhe protagonismo, temas tradicionais das campanhas goianas mantêm importância, especialmente infraestrutura. Em um estado de vocação logística como Goiás, investimentos em rodovias, ferrovias e aeroportos continuam relevantes para o eleitorado, principalmente no interior.
 
"A infraestrutura continua sendo vital para Goiás, mas agora compete com segurança pública pela atenção do eleitor. Candidatos precisarão equilibrar essas demandas sem negligenciar nenhuma das duas", analisa Felipe Andrade.
 
A questão ambiental emerge como novo componente desse debate. A conciliação entre desenvolvimento econômico e preservação do Cerrado representa desafio crescente que candidatos precisarão endereçar. Pressões externas sobre sustentabilidade e mudanças climáticas começam a influenciar discussões tradicionalmente focadas apenas em crescimento econômico.
 
Marina Oliveira destaca essa transformação. "Existe uma consciência ambiental crescente na população goiana, especialmente entre os mais jovens. Isso pressiona candidatos a apresentarem propostas que conciliem desenvolvimento com sustentabilidade, algo inédito nas campanhas estaduais".
 
Educação e tecnologia
A educação, historicamente presente nos debates eleitorais goianos, ganha novos contornos com a integração tecnológica acelerada pela pandemia. Questões como ensino híbrido, inclusão digital e formação técnica profissional emergem como prioridades eleitorais.
 
A demanda por ensino técnico alinhado às necessidades do agronegócio e da indústria local cria oportunidades para propostas específicas. Candidatos precisarão apresentar planos concretos para formar mão de obra qualificada que atenda aos setores econômicos dominantes no estado.
 
"A educação em 2026 não será mais apenas sobre construir escolas ou contratar professores. O eleitor quer saber como seus filhos serão preparados para o mercado de trabalho do futuro", observa Felipe Andrade.
 
Marina Oliveira acrescenta outra dimensão ao debate educacional: "A educação financeira e o empreendedorismo se tornaram demandas sociais concretas. Famílias querem que a escola prepare os jovens para gerir recursos e criar oportunidades de trabalho".
 
Corrupção e transparência
O combate à corrupção, tema recorrente nas campanhas goianas, mantém relevância mas com enfoque renovado. A população demonstra cansaço com denúncias genéricas e cobra propostas concretas de transparência e controle social.
 
A implementação de sistemas digitais de acompanhamento de gastos públicos, fortalecimento dos órgãos de controle e participação cidadã nas decisões orçamentárias emergem como demandas específicas do eleitorado.
 
"O discurso anticorrupção se sofisticou. O eleitor não aceita mais promessas vagas de combate à corrupção. Quer saber exatamente quais mecanismos serão implementados para garantir transparência", analisa Felipe Andrade.
 
A experiência com tecnologias digitais durante a pandemia criou expectativas sobre governo eletrônico e prestação de serviços online. Candidatos precisarão apresentar propostas de modernização administrativa que facilitem a vida do cidadão e aumentem a transparência governamental.
 
Transformação digital do Estado
A digitalização dos serviços públicos emerge como tema inédito nas campanhas goianas. A experiência da pandemia acelerou a adoção de tecnologias digitais e criou expectativas sobre eficiência administrativa e acessibilidade aos serviços governamentais.
Marina Oliveira destaca essa nova demanda:
 
"A população experimentou a conveniência dos serviços digitais durante a pandemia. Agora cobra dos candidatos propostas concretas de governo eletrônico que simplifiquem a vida do cidadão".
 
Questões como internet banda larga no interior, inclusão digital da população idosa e segurança cibernética dos dados governamentais ganham relevância eleitoral. Candidatos precisarão demonstrar conhecimento técnico e capacidade de implementar soluções digitais eficazes.
 
Impactos na comunicação política
A centralidade da segurança pública nas preocupações eleitorais exigirá adaptações nas estratégias de comunicação dos candidatos. Propostas genéricas ou superficiais sobre o tema tendem a ser rejeitadas por um eleitorado mais informado e exigente.
 
Felipe Andrade alerta para essa mudança. "O eleitor goiano se tornou mais criterioso. Não aceita mais promessas vagas sobre segurança. Quer números, estatísticas e planos detalhados de implementação".
 
A comunicação digital, cada vez mais relevante nas campanhas eleitorais, precisará adaptar-se às demandas temáticas. Casos de violência urbana viralizam rapidamente nas redes sociais, influenciando percepções eleitorais de forma imediata. Candidatos precisarão desenvolver capacidade de resposta rápida e consistente a eventos relacionados aos temas prioritários.
 
Marina Oliveira complementa sobre as novas dinâmicas comunicacionais: "As redes sociais amplificaram a velocidade das discussões políticas. Um problema de segurança ou saúde pode se tornar tema de campanha em questão de horas".
 
Perspectivas eleitorais
As eleições de 2026 em Goiás prometem ser definidas pela capacidade dos candidatos de responder às novas demandas sociais sem negligenciar temas tradicionais como economia e infraestrutura. A agenda eleitoral se complexificou, exigindo propostas mais elaboradas e específicas.
 
Felipe Andrade projeta o cenário eleitoral: "Candidatos que conseguirem apresentar soluções integradas, conectando segurança com desenvolvimento econômico, saúde com tecnologia, e educação com sustentabilidade, terão vantagens competitivas significativas".
 
A segurança pública, tema emergente na agenda eleitoral goiana, representa tanto oportunidade quanto desafio para todos os candidatos. Aqueles que conseguirem apresentar propostas consistentes e factíveis para a área tendem a conquistar vantagens competitivas significativas.
 
Marina Oliveira conclui com uma perspectiva sobre as transformações sociais: "As eleições de 2026 em Goiás refletem uma sociedade em transformação. O eleitor está mais exigente, mais informado e menos disposto a aceitar promessas vazias. Isso eleva o nível do debate político e pode resultar em propostas mais qualificadas".
 
A transformação da agenda política goiana reflete mudanças profundas nas preocupações da sociedade brasileira. As eleições de 2026 representam um laboratório importante para testar a eficácia de diferentes abordagens sobre os novos temas prioritários, com resultados que podem influenciar futuras campanhas eleitorais em outros estados.
 

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