A Redação
Goiânia - O workshop Infraestrutura e o Avanço do ESG no Desenvolvimento, realizado nesta quinta-feira (18/9) pela Fieg, por meio dos conselhos de Infraestrutura (Coinfra) e da Agroindústria (CTA) e da Câmara Setorial da Mineração (Casmin), mostrou como a integração entre infraestrutura e agroindústria fortalece as práticas de sustentabilidade, governança e responsabilidade social em Goiás. Durante o encontro, na Casa da Indústria, em Goiânia, especialistas destacaram que compliance, desempenho e diálogo têm se convertido em crédito mais barato, menor risco e maior competitividade para empresas do setor produtivo.
Já na abertura, o presidente da Casmin, Itair Nunes, destacou que a discussão do tema ESG não é modismo. "É uma bússola que aponta a direção do crescimento sustentável, da responsabilidade social e da ética nos negócios. No nosso setor, que mobiliza grandes obras e recursos, isso significa acesso a crédito, participação em licitações e, sobretudo, um legado social e ambiental positivo", destacou Nunes, que também preside o Sindicato das Indústrias Cerâmicas do Estado de Goiás (Sindicer).
O presidente do CTA, Marduk Duarte, avaliou que a agenda ESG ganhou força ao aproximar campo e fábrica. “Nosso foco é agroindustrializar. Goiás não pode se desindustrializar com a Reforma Tributária. O gado não vai embora, o milho não sai andando; precisamos incentivar as indústrias aqui instaladas a permanecerem e atrair novos investimentos. Temos bons exemplos em Goiás, como a Jalles, Milhão, Caramuru, Piracanjuba e SuperFrango. Agora é a vez das médias e pequenas também incorporarem a agenda ESG de verdade, porque isso gera valor à marca e ao negócio", afirmou.
Normas que mudaram o jogo - Responsável pelo panorama jurídico, Evandro Grili, sócio e diretor-executivo da Brasil Salomão, mostrou que a pauta está positivada em normas e impacta o dia a dia empresarial. “No Brasil, ESG não é política de governo; é política de Estado. A regulamentação do mercado de carbono, o licenciamento e as exigências de governança abriram oportunidades e trouxeram responsabilidades. Medir emissões, comprovar conformidade e buscar licença social para operar passaram a fazer parte do negócio.”
Em sua apresentação, Grili detalhou como a regulamentação do mercado de carbono e as diretrizes da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e da International Finance Corporation (IFC) criaram um arcabouço robusto, tornando o ESG pré-requisito de competitividade. Ele destacou normas como as ISO 37000, 37301 e 14064, que balizam desde governança e compliance até a medição de emissões, e reforçou que a licença social para operar depende de diálogo contínuo com comunidades e transparência nos processos.
Ele reforçou o custo de ignorar o entorno. “Sem diálogo real com comunidades, o custo explode: judicialização, atrasos e perda de valor. A licença social não é um papel; é confiança construída", sustentou.
Desempenho com foco e pragmatismo - Guilherme Rodrigues, diretor-técnico da H&P, desfez a narrativa de “retrocesso” e defendeu priorização. “A agenda não é checklist nem pauta ideológica; é gestão de riscos e produtividade. O caminho é focar nos temas materiais de cada operação — clima e transição energética são transversais — e tratar trabalho, direitos humanos e relacionamento com método e transparência.”
Segundo dados apresentados, a H&P já executou mais de 800 projetos em 850 municípios, com 87 contratos vigentes, mostrando que o ESG aplicado com foco em riscos de alta probabilidade — como mudanças climáticas, direitos humanos e relacionamento com o entorno social — gera resultados concretos. Ele defendeu o uso de benchmarking setorial, due diligence ESG e roadmaps estruturados, que permitem ganhos de eficiência, inovação e acesso a novos mercados.
Para ele, o efeito prático de tais ações aparece no caixa. “Quem investe busca menos risco. As empresas que estruturam a agenda ESG ganham em eficiência e inovação, além de terem acesso a novos mercados."
Da estratégia ao dia a dia - Encerrando o bloco técnico, Juliana Aschar, coordenadora de Performance ESG da H&P, apresentou passo a passo de implantação, do compromisso da alta liderança ao reporte. “Usamos frameworks para criar um dicionário único de riscos e indicadores, operamos em ciclo PDCA (acrônimo inglês para Planejar, Executar, Verificar e Agir) e mantemos canais de escuta para denúncias e reclamações. Isso proporciona rastreabilidade, sustenta auditorias e reduz a exposição reputacional e financeira da empresa.”
Juliana detalhou o ciclo completo de cinco fases da jornada ESG: diagnóstico, planejamento estratégico, implementação com integração de riscos, monitoramento e comunicação transparente. Ela enfatizou a importância da dupla materialidade — analisar tanto o impacto do negócio no ambiente quanto o impacto do ambiente no negócio — e a adoção de indicadores internacionais, garantindo comparabilidade e credibilidade. Ferramentas como matriz de materialidade, planos de ação 5W2H e mecanismos de grievance foram citadas como essenciais para consolidar a governança e manter a melhoria contínua.
Ela destacou ainda a importância de trabalhar a dupla materialidade. "É fundamental identificar o que é crítico para o negócio e como isso se conecta ao resultado financeiro. Políticas, matriz de materialidade e roadmap caminham juntos, com metas responsáveis e métricas claras.”
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