A Redação
Goiânia - A Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), por meio do Conselho Temático de Infraestrutura (Coinfra), divulga o 'Relatório de Infraestrutura: Energia Elétrica 2025', estudo que reúne dados sobre geração, consumo e distribuição de energia no Estado. Em 2024, a produção elétrica goiana registrou crescimento de 36,9% em relação a 2023, atingindo 33,1 mil GWh. Os números consolidam a força da matriz hidráulica e a expansão acelerada da energia solar.
A energia hidrelétrica segue predominante, com 81,8% de participação, enquanto a solar já representa 6% da geração total. A previsão até 2031 é de 114 novos empreendimentos, sendo 89% solares, somando mais de 5,5 GW de potência.
De acordo com o relatório, a geração de energia em Goiás oscilou nos últimos anos, mas alcançou em 2024 o maior volume da série histórica, com 33.165 GWh. O crescimento é impulsionado pela recuperação da geração hidrelétrica, que chegou a 27.144 GWh, e pelo avanço da solar, que saltou de zero em 2015 para quase 2 mil GWh em 2024. O documento também mostra a evolução da geração distribuída, com 158.267 unidades conectadas e capacidade instalada de 2.125 MW, revelando o interesse crescente de residências, comércios e indústrias em gerar sua própria energia.
Consumo e mercado livre
Entre 2015 e 2024, o consumo de energia em Goiás cresceu 41%. No mercado livre, a alta foi de 168%, com o setor industrial respondendo por 92% da demanda nesse ambiente, reflexo da busca por custos mais competitivos e previsibilidade.
O estudo da Fieg aponta que, no mesmo período, o consumo industrial migrou de forma significativa para o chamado ambiente de contratação livre (ACL), passando de 2.358 GWh no mercado cativo em 2015 para apenas 404 GWh em 2024, enquanto no mercado livre saltou para 5.961 GWh. Essa mudança é explicada pela possibilidade de se negociar preços e contratar energia de fontes renováveis, tendência reforçada pela Portaria MME nº 50/2022, que abriu o ACL para todas as unidades do Grupo A (consumidores de média e alta tensão, como grandes indústrias e comércios). No total, Goiás possui 3,5 milhões de consumidores, sendo 1.555 unidades no mercado livre.
Presidente do Coinfra, Célio Eustáquio de Moura explica que os resultados são positivos para a indústria e para o meio ambiente. Contudo, lembra que o sistema depende primordialmente de fontes despacháveis de energia, em que é possível controlar a geração. Hidrelétricas e termelétricas são exemplos. Ainda que possuam maior impacto ambiental, são essas fontes que garantem a funcionalidade do sistema mesmo períodos em que a geração através de placas fotovoltaicas ou eólicas fica comprometida – quando não há luz solar ou vento, exemplifica.
Outro ponto destacado por Célio Eustáquio é que o mercado livre, fundamental para baratear o consumo de energia por empresas e indústrias, precisa de ajustes em sua regulamentação. Ele ressalta que o mercado tradicional é responsável por garantir a energia de todo o sistema, mesmo quando o mercado livre falhar. Por isso, conclui, é preciso desenvolver meios para que não fiquem comprometidos os investimentos em geração e distribuição.
Tarifas e qualidade do serviço
Os reajustes tarifários acumulados de 2018 a 2024 ultrapassaram 50% para indústrias em alta tensão. Apesar de investimentos superiores a R$ 2,1 bilhões, a Equatorial Goiás mantém indicadores de continuidade abaixo do ideal: em 2024, o DEC (Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora) ficou em 15,9 horas, acima do limite regulatório, e a distribuidora ocupa a 30ª posição no ranking nacional.
No mesmo período, a frequência média de interrupções (FEC) caiu para 7,6 ocorrências em 2024, ficando ligeiramente abaixo do limite da Aneel (7,7), após anos de instabilidade, que chegaram a 27,2 interrupções em 2014. Mesmo com avanço na redução de falhas, a concessionária ainda enfrenta desafios de gestão e manutenção da rede, pois desde 2011 oscila entre as últimas posições no ranking de continuidade do serviço. Em tarifas, a média regional é de R$ 757,84/MWh, enquanto a Equatorial Goiás pratica R$ 712,43, o que mostra preços mais competitivos, porém ainda impactados pelos ciclos de reajuste.
Importância para o setor produtivo
O relatório da Fieg ressalta que a energia elétrica é um dos principais insumos de produção industrial e que a previsibilidade no fornecimento e na formação de preços é fator determinante para a competitividade. A publicação traz dados de fontes oficiais, permitindo que indústrias, sindicatos e o poder público planejem ações de longo prazo, como a diversificação da matriz energética, a ampliação da geração distribuída e a busca por melhores práticas regulatórias, garantindo um ambiente de negócios mais estável.
Na avaliação do presidente do Coinfra, Célio Eustáquio de Moura, o documento é uma ferramenta de grande valor para orientar decisões de investimento e planejamento do setor produtivo. “Energia confiável e com preços competitivos é condição para manter e atrair indústrias para Goiás”, destaca o empresário, que também preside em Goiás o Sindienergias, sindicato patronal que reúne as indústrias do setor.
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