Michelle Rabelo
Goiânia - Conhecido pelo tom combativo, excessivamente crítico e bastante direto, vira e mexe Ciro Gomes (PDT) reforça que a retórica acalorada é um dos seus grandes trunfos. Em passagem por Goiânia, porém, ele escolheu cuidadosamente as palavras e enfatizou que não pretende se lançar candidato à Presidência da República - deixando em aberto a possibilidade de encarar o desafio pela 5ª vez (o que já ocorreu em 1998, 2002, 2018 e 2022). "Amanhã, eventualmente, se for minha obrigação, meu dever, posso sim entrar na disputa", disse ao Jornal A Redação.
O político veio à capital para participar do Congresso Nacional de Administração (Conad), onde ministrou palestra, nesta sexta-feira (3/10), sobre a conjuntura política e econômica do Brasil. Antes de subir ao palco do teatro do Sesc Cidadania, ele falou com a imprensa sobre sua preocupação diante de uma oposição diluída.
"Uma fração da oposição é o que eu chamo de Bolsonaro-dependente, que fica à mercê de uma herança que não é mais política, e sim genética. Nesse grupo está o Eduardo Bolsonaro, falando bobagem a atacado e prejudicando, principalmente, o atual governador de São Paulo. Tarcísio está se desgastando precocemente e sem nenhuma necessidade", comentou.
Questionado sobre a sua participação no pleito, Ciro não confirmou e nem descartou a candidatura à Presidência, mas fez questão de citar o desfecho da última corrida eleitoral ao Planalto. "O resultado foi extremamente constrangedor para mim. Ver o país se dividir entre Lula e Bolsonaro, dois corruptos despreparados, e me constranger com uma votação pífia foi muito dolorido", disse. Na ocasião, em 2022, ele ficou em 4º lugar e teve sua pior votação em uma campanha presidencial: 3,05% votos.
O tom do ex-ministro muda, porém, quando é lembrado sobre algumas das mais recentes pesquisas. No levantamento do Instituto MDA, por exemplo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) liderou cinco dos seis cenários de segundo turno das eleições presidenciais de 2026. O melhor desempenho do petista foi contra os governadores Romeu Zema (Novo) e Ronaldo Caiado (União). A menor diferença foi contra Ciro, onde houve um cenário de empate técnico segundo a margem de erro do levantamento.
De casa nova
Caso decida pleitear uma candidatura ao Palácio Planalto, Ciro precisará mudar de sigla. Isso porque, o ex-ministro diz não estar mais feliz no Partido Democrático Trabalhista (PDT). Nos bastidores, a saída do ex-ministro já é tratada como uma questão de tempo. Ele recebeu convites formais para se filiar ao Progressistas, ao União Brasil (UB) e ao PSDB, onde seria recebido com toda pompa pelo ex-senador Tasso Jereissati.
A ida de Ciro para o grupo tucano foi, inclusive, tema de reunião entre ele e Marconi Perillo, presidente nacional do PSDB. Ao
Jornal A Redação, o ex-ministro confirmou o encontro mas disse que se afastou da sigla. "A mim, me parece, que o PSDB se distanciou um pouco da sua concepção original. De toda forma, o que me atrai no grupo é o Tasso Jerissati, que é um velho amigo, um querido, e como eu não tenho pretensão eleitoral, o que me preocupa é que um partido de centro, de centro-esquerda, assuma o quadro brasileiro num momento como o atual, em que a política foi tomada por clientelismo e corrupção institucionalizada".
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