A Redação
Goiânia - Resultado de parceria entre a Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Goiás (OAB-GO) e a Polícia Civil de Goiás, a Operação Enigma, deflagrada na sexta-feira (3/10), desarticulou uma organização criminosa do Ceará que aplicava o golpe do falso advogado em todo o país. A investigação teve início após uma moradora de Rialma, no Norte Goiano, ser vítima do esquema, o que levou a equipe da PC-GO a rastrear o grupo.
O presidente da OAB-GO, Rafael Lara Martins, parabenizou a atuação da PC-GO e classificou a operação como positiva. “O golpe do falso advogado é uma das maiores preocupações da advocacia atualmente, não apenas em Goiás, mas em todo o país. A OAB reconhece e parabeniza o empenho da PC-GO no combate a esses crimes”, afirmou.
Lara destacou ainda a importância da parceria entre as instituições. “A OAB tem atuado lado a lado com a Polícia Civil para reforçar todas as frentes de prevenção, orientação e investigação. Nosso compromisso é garantir segurança aos advogados e advogadas no exercício da profissão e proteger os clientes que confiam em nosso trabalho”, disse.
Entenda o caso
A mulher havia sido enganada por pessoas que se passavam por advogados, afirmando que ela teria vencido uma ação judicial. Para receber o suposto valor, pediram depósitos via PIX - uma tática usada pela quadrilha para aplicar golpes em vítimas em pelo menos três Estados (Goiás, Rio de Janeiro e Sergipe).
As investigações revelaram que os criminosos faziam parte de uma organização com núcleos específicos. Enquanto um grupo era responsável por obter informações e equipamentos eletrônicos usados nas fraudes, outro cuidava da parte financeira, recebendo o dinheiro por meio de contas de terceiros, conhecidas como ‘laranjas’.
A atuação conjunta da PC-GO e PC-CE resultou na desarticulação do grupo criminoso, que movimentava cerca de R$ 20 mil por dia, usando a técnica chamada “smurfing”- quando o dinheiro é pulverizado em pequenas quantias entre várias contas bancárias para dificultar o rastreamento.
Alguns dos investigados chegaram a ter até 14 contas abertas em diferentes instituições financeiras. Durante a operação, os policiais apreenderam 52 cartões bancários, 26 munições de calibre restrito, uma quantia em dinheiro vivo e uma motocicleta.
Parceria
No início do mês de agosto, a OAB-GO e a Polícia Civil anunciaram a intensificação da campanha de combate ao golpe do falso advogado (clique aqui e veja a matéria).
Ao todo, este é o terceiro grupo desarticulado pela Polícia Civil por crimes praticados contra a advocacia. Nos dois primeiros casos, quadrilha que atuação em esquema semelhante ao atual, que envolvida, inclusive, acesso ilegal ao Projudi, foi desarticulada.
A Comissão de Segurança Pública e Política Criminal (CSP) da OAB-GO, representada por seu presidente, Tadeu Bastos, lembra que, ao todo, já foram presas mais de 20 pessoas, além de dezenas de mandados de busca e apreensão cumpridos e contas bloqueadas.
Cartilha
A OAB-GO relançou a cartilha com orientação para prevenir o golpe (clique aqui e acesse a cartilha).
O presidente da subseção de Ceres, região onde a quadrilha foi desarticulada, Diego Marçal, ressaltou que “a operação reforça o compromisso no combate à criminalidade que prejudica cidadãos vulneráveis e atinge diretamente a advocacia.”
Como proceder
O cidadão pode verificar a regularidade da inscrição de profissionais antes de contratar serviços jurídicos. A consulta pode ser feita de forma simples e gratuita pelo Cadastro Nacional da Advocacia (CNA), disponível no site www.cna.oab.org.br.
Advogados e clientes que tenham sido vítimas ou identificarem tentativas de fraude devem registrar boletim de ocorrência junto à Polícia Civil e, paralelamente, acionar a OAB-GO por meio do formulário eletrônico disponível no site.
A OAB-GO recomenda ainda o cidadão a manter contato apenas com o número verdadeiro do advogado já salvo na agenda, a consulta do andamento processual exclusivamente no site oficial do Tribunal e a atenção redobrada na hora de efetuar pagamentos.
A Polícia Civil e a OAB-GO reforçam que taxas judiciais nunca são destinadas a particulares, mas sempre recolhidas pelo Estado. Buscando coibir o golpe, a Seccional ampliou a divulgação de orientações práticas e reforço das medidas de investigação em todos os seus canais e junto aos seus inscritos.