Ludymila Siqueira
Goiânia – O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), fez duras críticas ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), durante a inauguração da implantação do tratamento secundário da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Dr. Hélio Seixo de Brito, em Goiânia. Estava prevista a presença do petista na agenda realizada na capital; no entanto, ele foi representado pelo ministro das Cidades, Jader Filho (MDB).
Caiado voltou a questionar o governo Lula sobre os repasses federais ao Estado, que, segundo o chefe do Executivo goiano, tem sido “penalizado devido a questões políticas”. “Eu gostaria que o presidente da República estivesse aqui, para que eu pudesse dizer a ele o quanto Goiás tem sido penalizado. Gostaria que ele [Lula] estivesse aqui para ouvir do governador que esta obra foi assinada em um PAC no ano de 2013 e que todo o custo foi bancado pelo Governo de Goiás. Até agora, o governo federal entrou com R$ 45 milhões, enquanto a gestão estadual arcou com quase R$ 80 milhões”, afirmou Caiado.
Ainda direcionando críticas ao governo Lula, Caiado fez referência à recente decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, sobre a suspensão de duas leis que tratam da Taxa do Agro em Goiás. A decisão atende a um pedido de medida cautelar feito pelo Partido dos Trabalhadores (PT), contra a lei que cria o Fundo Estadual de Infraestrutura (Fundeinfra) e a que dispensa o chamamento público para celebrar parcerias entre o Estado e o Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (Ifag).
“Queria que ele [Lula] estivesse aqui para que eu pudesse dizer que realmente buscasse, dentro do partido dele, o PT nacional e o PT Goiás, o mínimo de equilíbrio do ponto de vista daquilo que é o desenvolvimento de Goiás. Para que não entrassem, como entraram, para impedir a construção de seis grandes rodovias no Estado, obras essas de desenvolvimento no território goiano. Pedir para que realmente entendesse que mais de 20 estados da federação praticam essa parceria com o terceiro setor. Será que vão querer fechar o Cora também?”, questionou, ao fazer referência ao Complexo Oncológico de Referência do Estado de Goiás, também em construção.
Ainda na manhã desta sexta-feira, Caiado atribuiu ao governo de Lula uma política de perseguição. “Eu nunca persegui prefeito por ser de oposição. Eles recebem todos os benefícios do Estado de Goiás. Se hoje temos a melhor condição social do País, com o menor percentual de extrema pobreza, é porque nós, do governo de Goiás, tratamos todos os municípios como devem ser tratados, independentemente de partido. Ele [Lula] precisava estar aqui hoje para ouvir isso da minha boca”, disse o governador, ao afirmar que “a população goiana não pode ser penalizada por questões partidárias”.
Política
A possível presença de Lula em Goiânia marcaria a terceira visita do petista à capital em seu atual mandato e a primeira em que estaria frente a frente com Caiado em solo goiano na atual gestão. Nas duas ocasiões anteriores em que o petista esteve na cidade, em setembro de 2024, para o lançamento do BRT Norte-Sul, e em julho deste ano, durante o Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), o governador estava em agendas fora do Estado.
Os dois devem se tornar adversários na disputa pelo Planalto em 2026. Caiado já se apresenta como pré-candidato à Presidência da República e tem afirmado repetidamente que é e será firme oposição ao governo Lula, que deverá disputar a reeleição. Apesar de adotar um tom “pacificador” em seu discurso, o governador mantém críticas constantes ao PT em diversas áreas, com destaque para a segurança pública. Ele também tem buscado se consolidar como o “candidato da direita brasileira” e angariar apoio nesse sentido.